Jornal Correio Braziliense

Diversão e Arte

Capitão América é a história de um super-herói aos gosto dos ianques


Ainda que mantenha o pé firme na conjuntura da década de 1940, que viu o herói em questão nascer, o filme Capitão América: O primeiro vingador chega às telas num cenário repleto de atualidade: quem esquece o recente atentado neonazista perpetrado na Noruega ou a carência de poderio revelada aos norte-americanos pela crise atual? A "arrogância" dos ianques chega a ser citada pelo arqui-inimigo (Johann Schmidt, no papel de Hugo Weaving) do protagonista, mas outra característica dos americanos bate forte dentro (na trama) e fora (nas bilheterias) das telas: o patriotismo impresso no filme dirigido por Joe Johnston recuperou, em quatro dias (nos Estados Unidos), mais da metade dos US$ 140 milhões aplicados no orçamento.

O supersoldado ; criado por Joe Simon e Jack Kirby, às vésperas da entrada dos EUA na Segunda Guerra ; rende aos estúdios da Marvel uma aventura plana, em que não há nuances para as definições de tipos bons e maus. No primeiro time está o franzino candidato a recruta Steve Rogers (Chris Evans, visto em Quarteto Fantástico), obcecado pela ideia de, na Segunda Guerra Mundial, ser incorporado à luta dos países aliados. Futuro rival dele e até mesmo do conterrâneo Adolf Hitler, a quem, num primeiro momento deve reverência, o Caveira Vermelha ; uma deformação da porção humana de Johann Schmidt ; representa a plena encarnação do mal.

Com a intenção de seguir "os passos dos deuses", o vilão não se desvencilha do destino previsível reservado à propagação de conceitos edificantes, num filme que reafirma as origens de super-herói emblemático para a propaganda pró-americana. Os cartazes da convocatória do Tio Sam se encarregam das diretrizes ideológicas. Sob a redação dos mesmos roteiristas da série As crônicas de Nárnia, Capitão América é exemplar no didatismo com o qual apresenta a fantasiosa criação do herói. Um dublê nada parrudo deu corpo ao personagem de Chris Evans, na etapa em que o filho de um ex-combatente e de uma enfermeira busca equiparação aos "homens que arriscam a vida" na batalha mundial.

Sob cores amareladas, a longa homenagem do diretor Joe Johnston ao universo que chuta cachorro morto (há para vilão nazista?) é revitalizada a partir do nascimento do novo Steve Rogers, que passa por um experimento em reator, sob a influência de alterações celulares e dos estudos do doutor Erskine (Stanley Tucci). A ciência, aliás, se prova arma de forte calibre tanto para os "bonzinhos" agrupados na Reserva Científica Estratégica quanto para o alvo dela: a malévola entidade batizada como Hidra.

De posse do escudo do resistente material vibrânio, Capitão América (aos 70 anos de criação) tem a energia recauchutada que resulta em movimentadas cenas como a da entrada no trem e a do tiroteio incessante pelas ruas. Ainda que aquém de ficções fílmicas sobre a guerra (como o recente Bastardos inglórios), é entretenimento garantido para os aficcionados, pelo corre-corre e pela aparição de Nick Fury (Samuel L. Jackson) e de Howard Stark, o pai do Homem de Ferro. No elenco, Tommy Lee Jones também é divertido, na pele do Coronel Chester Phillips.

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[SAIBAMAIS]