A ausência de som permeia situações de convívio, assim como uma conversa banal em uma padaria ou fila de banco. Foi ao pensar ;em quantos silêncios existem ao redor da gente;, que o escritor gaúcho Eugênio Giovenardi decidiu usar situações vivenciadas para escrever o livro Silêncio. Este é o quinto romance e o 12; livro publicado, entre estudos sobre a natureza, crônicas e poesia.
A ideia surgiu enquanto ele assistia a uma cena do filme Amor sem escalas, estrelado por George Clooney, na qual há uma pausa no momento em que um dos personagens é demitido. O tema é lançado como um desafio, pois o estado de consciência humana só poderia ser alcançado a partir de uma reflexão silenciosa. Para isso, deve haver um afastamento da balbúrdia diária encontrada nas relações pessoais e no caos urbano.
Essa busca pela quietude não é algo perseguido só pelo protagonista do livro, Pedro Montenor. Ela tem origem na própria vida de Giovenardi, que prefere se refugiar em um sítio afastado da cidade, onde pode ouvir o barulho do vento e das árvores.
Caminhadas
Morador de Brasília há quase 40 anos, ele escolheu as quadras da Asa Sul, onde costuma caminhar, como ambiente e se inspirou em amigos próximos para criar as personagens, pois acredita que o escritor só pode falar daquilo que viveu.
No entanto, o livro não chega a ser autobiográfico, é uma transferência de experiências de vida, que ocorre com naturalidade, destaca ele.
As reflexões de Montenor nos mostram a ode do livro: elucidar a presença do silêncio na vida de todos. Cada personalidade usa o ;silenciar; de maneiras diferentes, com aversão como o personagem Leônidas ou com deslumbre e encantamento, caso de Montenor.
Para Eugênio Giovenardi, vale a pena se entregar ao silêncio, pois assim se alcança a autocompreensão e o ;esvaziamento; de medos, de fetiches e de tabus. Ao longo do romance é possível perceber a busca pela vivência harmônica com este estado de espírito.