Diversão e Arte

A pianista Simone Leitão faz concerto no Teatro Eva Herz

Nahima Maciel
postado em 12/08/2011 08:57

Simone Leitão: Quando Simone Leitão nasceu, há 40 anos, a moeda brasileira não era estável e a ditadura estava muito bem instalada nos palácios brasilienses, mas a combinação nefasta não foi suficiente para abalar o nacionalismo da moça. Simone cresceu orgulhosa do Brasil e com esse sentimento trilhou o caminho de pianista que a traz hoje ao Teatro Eva Hertz. No repertório, entram os inevitáveis Bach e Rachmaninoff, mas também o argentino Alberto Ginastera e o brasileiro André Mehmari, que escreveu para a artista o Grande baião de concerto, uma encomenda realizada no ano passado com um pedido de desafio.

Simone assumiu o compromisso de divulgar a música brasileira pelo mundo e nesse pacote, como forma de ampliar horizontes, incluiu o que chama de música das américas. ;Minha formação foi feita em três continentes e em Miami, onde moro, tive a oportunidade de entrar em contato com um vasto repertório das américas e conheci muitos músicos;, explica. O repertório do recital em Brasília ; o mesmo do primeiro disco solo lançado este ano pelo selo independente MSR Classical ; é um reflexo da trajetória da instrumentista.

Mineira de Caratinga, Simone fez parte da formação na Noruega e pós-graduação nos Estados Unidos. No Rio de Janeiro, foi aluna de Linda Bustani e em Miami colocou em prática um entendimento muito generoso e contemporâneo da música. Com a série Brasil Classical, iniciada em 2009, ela divulga compositores e artistas brasileiros em concertos cuja bilheteria é investida em instrumentos para doação aos Núcleos Estaduais de Orquestras Juvenis Infantis da Bahia, projeto que reúne três orquestras de crianças e adolescentes carentes: ;Hoje, a música clássica passa muito pela inclusão social. Aquela coisa do pianista que fica trancado sozinho numa sala não existe mais. Agora, o que se pensa é como o piano pode melhorar a sociedade, o entendimento entre as classes ;, acredita Simone.

O projeto Brasil Classical realizará dois concertos em Miami este ano e, no início de 2012, tem apresentação marcada para o Carnegie Hall, em Nova York. ;É a menina dos meus olhos;, revela Simone. ;O Brasil é muito conhecido lá fora, mas a versão difundida tem um lado só e o país possui várias faces, temos 200 anos de repertório sinfônico.;

Para esse tipo de repertório exaustivamente executado mundo afora, a mineira acredita poder contribuir com certa naturalidade e um equilíbrio entre a técnica e a emoção. ;Os pianistas da América do Sul são mais naturais, menos calculados, menos racionais. No ano passado, fui à China e fiquei impressionada com a disciplina deles. Se o Brasil tivesse metade da disciplina chinesa, com a musicalidade latente que temos, não sei do que seríamos capazes.;

Recital de Simone Leitão

Hoje, às 20h, no Teatro Eva Hertz da Livraria Cultura do Shopping Iguatemi (SHIN, CA 4, Lote A). Ingressos gratuitos mediante doação de 1kg de alimento não perecível. Não recomendado para menores de 7 anos.

Ouça Gigue da Suite Inglesa n; 3, de Bach, pela pianista Simone Leitão:

Ouça a Sonata n; 3, op. 36 - Mvt I Allegro agitato, de Rachmaninoff, pela pianista Simone Leitão:

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