Diversão e Arte

Festival I Love Jazz agradou o público com o improviso ao ar livre

Irlam Rocha Lima
postado em 15/08/2011 09:52

Apresentação da banda Paulistânea Jazz Band, comandada pelo clarinetista Hector Costita, em palco armado no Parque da Cidade: muitos aplausos

A pianista e cantora norte-americana Judy Carmichael, que se apresentou na tarde de sábado, no Parque da Cidade, pelo festival I Love Jazz, sente-se à vontade em Brasília. Há uma justificativa para isso: ela participou das três edições do evento, tocando em diferentes palcos; e, anteriormente, havia feito um recital no auditório da Casa Thomas Jefferson.

Um outro motivo que a faz sentir-se bem na capital e gostar dela é o fato de ter grande admiração por Oscar Niemeyer, a quem conheceu na década de 1980. ;Me aproximei do arquiteto de Brasília levada pelo amigo Fernando Sabino;, contou Judy ao Correio, referindo-se ao escritor mineiro e jazzófilo. À época, com o autor da obra clássica O encontro marcado, foi, também, a casa de Tom Jobim ; autor, em parceria com Vinicius de Moraes, da Sinfonia da Alvorada.

Embora seja mais conhecida por suas virtudes de pianista, no show do Parque da Cidade prevaleceu a cantora Judy. Com belo timbre e suavidade, usou a voz para interpretar Earl Hines (Rosetta), Georges Gershwin (Somebody loves me), Jimmy McHugh e Dorothy Fields (I can;t give you anything but love), Fats Waller (Honeysucle Rose) e Clarence Willians (I;ve found a new baby).

O lado blueseiro da cantora ficou evidenciado na canção a que nominou de Brazilian blues, retribuindo os aplausos calorosos recebidos desde que surgiu em cena, tocando You;re driving me crazy, de Walter Donaldson. Antes, mesmo dizendo que ainda não domina o português, ela saudou a plateia dizendo ;Oi, galera, tudo bem?;. E, em tom de brincadeira, explicou por que usava um vestido vermelho decotado, colado ao corpo. ;É um modelo sex.;

Quando Judy começou a cantar o público era de aproximadamente 500 pessoas ; 250 delas, ocuparam as cadeiras colocadas sob a tenda, onde o palco estava instalado. Houve, porém, quem tenha levado para o parque sua própria cadeira e cangas. Havia desde casais até famílias inteiras, todos demonstrando interesse e entusiasmo pelo que ouviam. ;O brasiliense aprecia shows e concertos ao ar livre, e prestigia sempre. É algo que poderia ocorrer com mais frequência. Estou curtindo muito esses shows do I love jazz;, afirmou o estudante de música Mateus Guimarães, que toca bateria.

Joviais setentões
A plateia já era bem mais numerosa para assistir à apresentação da Paulistanea Jazz Band, grupo formado por joviais setentões, liderado pelo clarinetista e saxofonista Hector Costita, aplaudidíssimo ao solar Rose room (Art Hickman), celebrizada por Benny Goodman; e Body and soul (Edward Heyman e Robert Sour), que ganhou versão em português de Caetano Veloso.

Com pouco mais de um ano de vida, essa autêntica big band paulistana conta com músicos originários de diferentes formações e todos com expressiva bagagem. O argentino Costita, o mais conhecido deles, já tocou em estúdio e em shows com grandes estrelas da MPB como João Gilberto, Chico Buarque, Edu Lobo e Elis Regina.

Em meio ao concerto, a Paulistanea recebeu uma convidada especial, Chon Tai Yeung, cantora brasiliense ; descendente de chineses ;, radicada em Belo Horizonte desde a infância. Os espectadores se encantaram com as versões dela para I got rhythm (George Gershwin) e Stardust (Hoagy Carmichael). Na sequência, a banda atacou de S;wonderful (George e Ira Gershwin).

Iniciados em jazz afiaram ainda mais a audição para a última atração da noite, o sexteto liderado por John Allred e criado para participar do I Love Jazz. O virtuoso trombonista é o principal solista, mas, durante a apresentação, todos os componentes tiveram espaço para mostrar o talento individual, ao passear por temas como Move (Miles Davis), Things ain;t what they uses to be (Duke Elingtonj), Straight no chaser (Dizzy Gillespe), Caravan (Duke Ekington) e Sweet Georgia Brown (Ben Bernie).

Allred e seus companheiros foram ovacionados ao término da apresentação pelas 3 mil pessoas que assistiam a eles. Na plateia, aplaudindo como espectadores comuns, estavam os músicos do Paulistanea Jazz Band. Entusiasmado, o trompetista Austin Roberts deixou clara a condição de fã: ;É impressionante a qualidade desse grupo. O Alrred, com seu virtuosismo, é o destaque; mas os outros músicos são de altíssimo nível, com técnica impressionante e muito suingue. E todos solam!”.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação