Diversão e Arte

Atriz Vera Zimmerman fala ao Correio sobre personalidade e personagens

postado em 16/08/2011 10:17

Vera Zimmerman estreou na tevê em 1988, na novela Vida nova, dois anos antes de viver a personagem que lhe deu maior visibilidade: a divina Magda, em Meu bem, meu mal. Desde então, tem interpretado quase sempre mulheres fortes, decididas e impetuosas. Atualmente, no remake de O astro, não tem sido diferente. Na trama de Janete Clair, adaptada por Alcides Nogueira e Geraldo Carneiro, a atriz de 47 anos comemora o fato de Nádia ser sua primeira personagem com atitudes mais vilanescas. ;Nunca vou me sentir incomodada por não fazer mocinhas boazinhas e bobinhas. Ainda tenho uma carreira longa pela frente e acho que cada ator tem uma imagem que imprime uma visão para os autores e diretores;, analisa a atriz paulistana, abraçando as pernas na cadeira do flat onde fica instalada no Rio nos dias de gravação da trama.

Na época em que a primeira versão de O astro foi exibida, você tinha 13 anos. Chegou a pegar referências da sua memória para a trama?
Fui à internet assistir a algumas cenas da primeira versão. Na época, eu não assistia, mas ouvia muito falar na novela, lembro-me do assunto. O Maurinho (Mendonça Filho, diretor) me disse que achava que a Nádia era um dos melhores personagens, uma vilã que não tinha compromisso com nada, que podia falar o que quisesse. A Nádia está absolutamente apta a dizer os maiores absurdos e agressividades e tem o dom de causar discórdia e manipular. Todo mundo gosta de viver o vilão. Ali, no caso, é uma família de vilões (risos). Minhas referências estão em todos os vilões que a gente já viu na vida, em tantas histórias.

A que atribui o fato de lhe oferecerem tantas personagens pragmáticas e fortes na tevê, desde seu primeiro sucesso, a divina Magda?
Realmente, nunca me deram uma moça sonsa, bobinha. Acho que é minha personalidade. Sou pragmática. Não vou dizer que sou dominadora, mas, de bobona e ingênua, não tenho nada. Existe muito essa leitura de ser escalada para os papéis de acordo com o que você é ou transmite. Também nunca me deram uma mulher pobre. Quero muito fazer uma um dia. Mas é porque tenho essa cara de rica. Só que tem pobre que tem a minha cara. É só fazer uma sujeira no cabelo que fico pobre (risos). Ia ser legal também fazer uma ingenuazinha para diversificar.

Como foi praticamente estrear na tevê com a Magda, e depois retomar essa personagem após 20 anos, quando ela ressurgiu em participação no remake de Ti-ti-ti?
Foi divertido. Ela marcou muito. Até hoje as pessoas falam nela, que foi um marco na minha vida. Era interesseira, queria se dar bem. Mas adoro fazer coisas completamente opostas. Acho que a Nádia tem um lado diferente das personagens que já fiz. Ela é a mais vilã. É capaz de falar coisas, como: ;Aquela vagabunda;. Ela me surpreende...

Falar palavrão, ter cenas de sexo, personagens bebendo ou fumando é algo que não se vê há tempos na tevê. Como tem sido fugir do politicamente correto num horário que permite essa liberdade?
Isso tem nos aproximado da realidade na trama. As pessoas têm tido prazer em assistir à história. É muito bom ver a Regina Duarte fumando na janela da cozinha. É tão real! Gente bebendo uísque, fazendo sexo; Graças a Deus, praticamos e muitas coisas são movidas a sexo. Esse lado é bom porque mostra o aspecto humano, mais vulgar. A gente pode contar uma história de forma mais crível. E os autores também misturam poesia a tudo isso. O texto tem profundidade, é cultural, acrescenta, é para pessoas exigentes.

Aos 17 anos de idade, você inspirou Caetano Veloso a compor a música Vera gata. De que forma esse ;apelido; influenciou sua carreira como atriz?
A canção influenciou muito toda a minha vida. Caetano tem credibilidade enorme no Brasil, como poeta, músico e compositor. É um homem de inteligência ímpar. E quem sou eu para um cara como esse fazer uma canção para mim? Já saí na frente, ganhando pontos. Mas tive problemas com isso. As pessoas achavam que a Vera Gata deveria ser o máximo. Mas sou apenas a Vera. Todos tinham muita expectativa comigo, de que eu era fantástica, mas era tímida, distraída, nem sempre era simpática porque não conhecia as pessoas. Isso era complicado para mim, eu era novinha. Comecei a ser cobrada. Mas a música foi um baita elogio, de enorme beleza. Quem não gostaria de ser musa inspiradora?

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