As duas iniciativas nasceram de experiências pessoais. Para a escritora Alessandra Roscoe, a necessidade veio do encanto pela literatura. Desde a primeira infância ela estimula o contato dos filhos com livros e leitura. Já Kátia Xavier precisava que a filha mais velha aprendesse logo a ler: a mãe estudava para concurso e o tempo era curto para as infindáveis repetições exigidas por crianças muito pequenas. Com o aprendizado doméstico, Kátia e Alessandra montaram clubes de leitura destinados a bebês de zero a três anos, mas escolheram para isso caminhos bastante distintos e até opostos. Se Kátia quer ensinar os bebês a reconhecer os códigos da leitura desde os primeiros meses de vida, Alessandra segue proposta mais suave e prefere a ideia de familiarizar a criança com o objeto livro e com a prática da leitura.
Sacolinha
Alessandra aprendeu com os filhos Beatriz, Felipe e Luíza que é possível cativar a atenção de crianças muito pequenas para a leitura antes mesmo que elas aprendam o alfabeto. As leituras começaram com as crianças ainda na barriga e foi durante a gravidez da caçula que Alessandra maturou a ideia de, mais tarde, formar um clube de leitura para bebês. ;A primeira leitura que o bebê faz do mundo é a voz;, explica. A escritora levou um susto quando descobriu a gravidez da temporã e, para se acalmar, passou a ler em voz alta enquanto Luíza crescia dentro da barriga. Hoje, aos dois anos, a pequena tem reunião às terças-feiras com os coleguinhas da creche para trocar livros e interagir com base nas historinhas.
Alessandra montou o clube no início do ano. O Uni Duni Ler tem um total de 30 membros com idade entre zero e três anos, uma média de 30 títulos e uma sacolinha bordada com o nome do grupo para que as crianças aprendam a transportar os livros com precaução. Alguns irmãozinhos agregados também participam, mas os bebês têm prioridade. Fernanda Barreto ajuda a filha Ana Laura, dois anos, a escolher os livros e até tenta opinar com um sugestivo ;A mamãe queria tanto ler esse!”, mas a menina é persistente nas próprias escolhas e folheia as histórias antes de decidir. ;A gente vai muito a livraria e o clubinho me ajudou a selecionar boa leitura para as crianças, a direcionar para livros que realmente são bacanas;, avalia Fernanda. A engenheira Tatiana Miari, mãe de Mariana, dois anos, e outras duas meninas, confessa não ser uma leitora assídua, mas investe no clubinho. ;Gosto de estimular isso nas meninas. Traz o hábito de ler, estimula a criatividade. O livro só proporciona benefícios.;
Por enquanto, Alessandra mantém a iniciativa restrita às crianças da creche de Luíza. ;Mas já soube de pessoas que criaram clubinhos, por exemplo, no condomínio ou no prédio;, conta. A iniciativa é simples: basta que cada pai compre um ou dois livros e um deles centralize as trocas. No Uni Duni Ler as crianças têm as retiradas anotadas numa ficha. É a maneira de disciplinar um compromisso coletivo. ;O grande barato dessa história é o vínculo que se cria por meio do livro;, acredita Alessandra. ;O menino descobre que aquela palavra lida tem uma coisa diferente da conversa do dia a dia e acaba associando o livro a uma coisa que gosta.;
Cordel para crianças
O grupo Depois das Cinco montou um espetáculo especialmente concebido para as crianças com o objetivo de apresentar a literatura de cordel. Formado por cinco mulheres, o grupo monta um varal de histórias e encena os versos dos maiores autores brasileiros. Também destinado a pais de bebês, o Cine Materna promove sessões de
cinema para adultos e crianças.