Diversão e Arte

Grupo de roqueiros brasilienses lança o filme O cavaleiro do além

postado em 23/08/2011 08:46
Margu Cartabranca, Alonso Martins, Tereza Bernardinho, Loro Jones e Rogério Aguas: a equipe do filme
Quantos de nós já não ouviram falar de uma história com toques surreais que dariam uma ficção? Sem experiência em direção cinematográfica, três profissionais do rock da cidade resolveram transformar uma delas, ocorrida no Entorno do Distrito Federal, num filme. Loro Jones (ex-guitarrista do Capital Inicial), Magu Cartabranca (tecladista da banda Sepultura, de Brasília) e Rogério Aguas assinam o roteiro, a direção e inúmeras outras funções do curta-metragem de baixo orçamento O cavaleiro do além.

O protagonista da fita rodada no Entorno não é nenhum herói. ;Um homem estava atacando e violentando mulheres numa cidade do Entorno. Ele escolhia as vítimas na saída da missa. A partir de um certo momento, as pessoas começaram a duvidar da existência do criminoso e o caso virou uma espécie de lenda urbana;, explica Rogério Aguas, um dos diretores, sem poder entregar o município em que a história real se passou por conta de represálias. O ator que vive o papel título é Ednaldo Dunga de Jesus. Outros personagens são o pastor (Alonso Martins) e a beata (Tereza Bernardino). Isso sem contar os próprios diretores, que também estão na frente das câmeras.

Os três já trabalham juntos há anos. Eles produziram o CD Rock solidário, cuja venda é revertida para projetos de caridade. Porém, a estreia na direção cinematográfica envolveu muita conversa. Às vezes, até alguma boa dose de discussão. ;O trabalho foi do jeito que você está vendo. Nem sempre a gente concordava com tudo.

Mas o importante é dizer que a gente se divertiu muito;, descreve Cartabranca. Os realizadores cobriram do próprio bolso os custos, que alcançaram o valor de R$ 10 mil. Foi necessário uma semana fazendo os ajustes da gravação que seria empreendida em duas noites.

O filme transita entre gêneros do cinema como o suspense, a comédia e o faroeste. Assim, como na vida real, a discussão gira em torno da existência real ou não do agressor. Inspirada nos filmes do diretor mexicano Alejandro González Iñarritu, uma sequência eleva a mesma discussão a nível global. ;Nós chamamos o Murilo Lima (outro ex-integrante do Capital) para uma cena gravada no Hotel Nacional quando o tema é discutido;, adianta Aguas.

O infinito é o limite para esse trio. ;A ideia é transformar o cavaleiro numa série. A nossa audiência na cidade em que o filme foi rodado está exigindo que a gente já faça outro filme;, antecipou Cartabranca. ;Esse filme também será o pontapé inicial de um longa-metragem;, revelou Aguas sobre o projeto de O contrato. Para Jones, é a chance de autonomia artística. ;No Capital, eu fiz muito videoclipe. Achava horroroso esse negócio de usar um bando de pancake na cara e ficar obedecendo tudo que o diretor mandava fazer.

A gravadora tinha muito controle sobre o trabalho. Era muito chato. Eu faço o que eu quero. Faço porque me dá prazer;, resume. O som captado direto na câmera e a falta de aparatos de iluminação deixam a produção com certo ar de precariedade. A trilha sonora é original e foi composta pelos próprios diretores. Leva elementos de blues e rock and roll. A fita deverá ser exibida na Mostra Brasília do 44; Festival de Brasília do Cinema Brasileiro em setembro.

Quem são os diretores?

Loro Jones, 50 anos

; Foi guitarrista da banda Capital Inicial e um dos pioneiros do rock em Brasília nos anos 1980. Atualmente, é produtor musical

Rogério Aguas, 43 anos

; Trabalha em cinema há mais de 20 anos. É um dos organizadores do CD Rock solidário, com participações de Murilo Lima, Márcio Baldone, Loro Jones e Carmem e Giuliano Manfredini

Magu Cartabranca, 52 anos

; Tecladista e vocalista da banda Sepultura (de Brasília). É também jornalista e apresentador do programa O libertário, transmitido pelo Canal 8 da Net

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação