Diversão e Arte

Mostra exibe fotos que retratam a vida da família real no período de exílio

postado em 30/08/2011 09:21
Princesa Isabel, conde d'Eu e os netos d. Luís Gastão, d. Pia Maria, d. João (no colo da avó), d. Pedro Henrique, príncipe do Grão-Pará; d. Maria Francisca, d. Pedro Gastão e d. Isabel, futura condessa de Paris, no castelo d'Eu, na Normandia, França
São Paulo ; Desde que resolveu abrir o acervo particular para o público, o descendente da família real dom João de Orleans e Bragança, de 56 anos, mais conhecido como dom Joãozinho, não tinha noção da importância do que havia guardado por tanto tempo. Bisneto da princesa Isabel, ele resolveu expor 150 fotos que retratam a vida privada da família real no período de exílio. São imagens marcantes da história brasileira.

A exposição, que recebeu o título de Retratos do império e do exílio, já passou pelo Rio de Janeiro, está em São Pauto até 11 de setembro e depois vai para o município de Poços de Caldas (MG), sem previsão de chegar a Brasília.

;As fotos são de família, das gerações e estavam em minha casa guardadas em caixas num clima úmido. Eu convivo com essas fotos desde que nasci, sempre dei valor, mas não dava tanto peso para esse acervo. Quando a família real foi para o exílio na França, d. Pedro 2; deixou 25 mil fotos para a Biblioteca Nacional, mas guardou consigo as fotos de família;, disse o príncipe d. João, um dos curadores da exposição.

Todas as reproduções foram feitas a partir dos negativos em vidro original. ;Tivemos muita sorte ao longo de mais de 100 anos de os originais não terem se quebrado;, ressalta o curador. As imagens mostram a família real no dia a dia, reunida e descontraída. Em algumas fotos, eles nem estão posando. Numa delas, por exemplo, a princesa Isabel está com o rosto virado.

Todo o acervo herdado por dom Orleans e Bragança foi confiado em 2009 em regime de comodato ao Instituto Moreira Salles (IMS), onde está a exposição em São Paulo, para que fosse preservado e restaurado. Esse acervo soma quase 800 imagens de cerca de 80 fotógrafos. Para os críticos, o valor está relacionado especialmente ao registro da rotina e do cotidiano sob um ângulo que pouco se conhece da família imperial.

Quase todas as imagens da exposição são do fotógrafo Pedro 2;, o primeiro de origem brasileira e um dos primeiros colecionadores de fotos do mundo a guardar em acervo fotografias e a incentivar exposições, segundo diz o escritor e especialista em fotografia Pedro Vasquez, ex-diretor do Instituto Nacional de Fotografia da Funarte (Fundação Nacional de Artes). ;D. Pedro era uma pessoa sisuda, com ar melancólico e compenetrado. No entanto, as fotos da família real são muito bem-humoradas e engraçadas;, conta o crítico.

Nas imagens capturadas pelo fotógrafo, duas chamam a atenção. Uma delas é um retrato de d. Pedro com a coroa. A outra é a princesa Isabel sorridente e carinhosa com as crianças no colo. ;Raramente d. Pedro era visto com a coroa na cabeça. Ele era avesso a esse tipo de pompa;, ressalta Vasquez. Algumas fotos que retratam o cotidiano da família real foram tiradas por Marc Ferrez e Revert Henry Klumb, que foi professor de fotografia das princesas Isabel e Leopoldina. A maior vantagem dos dois fotógrafos é que eles tinham livre trânsito nos palácios reais e desfrutavam da intimidade da realeza, o que facilitou o trabalho, principalmente na hora de capturar fotos íntimas e sem poses. As imagens privadas mostram ainda registros históricos importantes, como a família real comemorando o fim da Guerra do Paraguai e numa missa campal celebrando a abolição da escravatura.

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