postado em 06/09/2011 09:10
Nos últimos dias, a pergunta ;vai rolar alguma coisa no museu?; tem sido postada recorrentemente no perfil de Guilherme Reis do Facebook. Para o organizador do Cena Contemporânea, essa foi a edição de maior visibilidade do festival, impulsionada pelo rebuliço das redes sociais. ;A cada ano, sinto que a cidade acolhe o Cena de forma crescente. Menos gente me pergunta o que é o festival. Meu termômetro: quando não é mais nosso, é de todo mundo;, avalia.Além de oferecer 75 apresentações de 33 espetáculos ao longo de 13 dias, o Cena Contemporânea ganhou a faceta mais internacional. Foi intenso o intercâmbio entre gestores de teatro e organizadores de festival de vários lugares do mundo. Pela primeira vez, houve um espaço para que os artistas locais pudessem divulgar o trabalho para realizadores estrangeiros. Segundo Reis, alguns já acertam a participação em mostras internacionais. ;Recebemos pela primeira vez uma residência estrangeira. Um fotógrafo inglês faz uma viagem pela América do Sul, fotografando bailarinos, e a parada brasileira foi no Cena. Reunimos nomes importantes da dança para esse trabalho;, conta Mariana Soares, coordenadora de relações internacionais do festival.
A empolgação com o Cena não é exclusividade da equipe que o organiza. Há quem acompanhe o calendário à espera do intensivão de teatro que todo ano toma conta de Brasília. ;O Cena tinha que durar o ano todo ou, pelo menos, todo o período de seca. Esse festival desperta a participação popular e dissemina a cultura;, destaca a consultora Denise Mafra, 53 anos, que viu dois espetáculos da programação. A atriz Alana Ferrigno, 27 anos, foi a sete peças, conferiu as noitadas de música no museu e participou de diversos debates e oficinas. ;As pessoas poderiam aproveitar mais essas oportunidades. Houve debates legais, porém vazios;, lamenta.
Faltaram ingressos
Durante os 13 dias de teatro na veia, muita gente teve dificuldade para comprar ingressos. As longas filas e as sessões lotadas irritaram quem queria usufruir da programação. ;Essa é uma área difícil de gerir. Não basta a nossa organização, é preciso se relacionar com cada bilheteria;, afirma o organizador. A alternativa é se precaver e comprar com antecedência para evitar disputas de última hora. Guilherme Reis garante que a cota destinada aos patrocinadores não interfere nessa oferta. ;O maior patrocinador recebeu menos de 4% do total de ingressos;, esclarece.
Antes mesmo de repor as energias após uma festança cênica de dimensões tão grandiosas, Reis pensa na programação do ano que vem, totalmente dedicada ao cenário teatral na América Latina e na África. Em outubro, ele fará uma viagem para o México, a Argentina e o Uruguai em busca de novidades.
As negociações com embaixadas e redes de realizadores culturais estão a todo vapor. ;Quero trazer, por exemplo, a África francesa, além de grupos jovens da América Latina, que fazem uma mistura de salsa, cúmbia e hip-hop;, cita.
A fase é de pesquisa, mas as atrações só serão confirmadas entre janeiro e fevereiro do ano que vem. A ideia é antecipar um pouco a próxima edição, que deverá se realizar entre 17 e 29 de julho.