Diversão e Arte

Artista plástico André Cerino inaugura exposição sobre a flora do Cerrado

Nahima Maciel
postado em 12/09/2011 08:46
André Cerino usa os dedos para pintar: cartela de cores vem da natureza
André Cerino dispensa pincéis. Prefere as mãos, as pontas dos dedos e, eventualmente, uma lâmina de estilete. Funcionam melhor para a proposta quando o tema é o Cerrado. Como se trata de pintar a natureza, o artista acredita que as mãos sejam instrumentos mais legítimos, capazes da mesma espontaneidade presente no mundo vegetal. Assim, Cerino confeccionou todas as 50 telas de Cores do Cerrado, exposição em cartaz no Templo da Boa Vontade.

Além das telas já finalizadas, o artista vai pintar 10 trabalhos ao vivo para que o público possa acompanhar o processo criativo. Cerino leva, em média, 10 minutos para confeccionar um quadro. Durante o período em que a exposição estiver em cartaz, vai fazer isso uma vez por dia. ;As pessoas têm muita curiosidade. Em 2012, quero fazer uma exposição só de telas em branco para pintar ao longo da mostra. É o DNA da arte;, explica.

Cores do Cerrado é uma homenagem. ;Meu projeto é replantar, reconstruir o Cerrado por meio da arte. E, por isso, em vez de usar pincéis, trabalho com as mãos;, avisa. ;Também recorro à lâmina. As telas são uma maneira de devolver à natureza o que tiramos dela.; O artista acredita que as pinturas podem ajudar a divulgar e ensinar as peculiaridades de um dos maiores biomas do Brasil.

Cerino recorre às metáforas para associar arte e natureza. As duas seriam cúmplices, segundo o artista, e teriam em comum a liberdade na maneira como existem. As pinturas não chegam a ser realistas nem carregam a intenção de representar fielmente a paisagem. O gestual da mão enquanto pinta é largo, amplo e nada direcionado. Até chegar à metade do quadro, Cerino não sabe exatamente qual será o resultado. Por isso, ele filma o processo e disponibiliza os vídeos no YouTube. É também uma tentativa de desmitificar a criação.

O Cerrado de Cerino é bastante colorido e especialmente verde, cor predominante nas pinturas. A cartela de cores vem da própria natureza. O artista costuma realizar longos passeios a pé ou de bicicleta em busca de sementes. Coleta o que encontra para depois estudar as tonalidades e tentar reproduzi-las nas pinturas. Vermelho e ocre é combinação constante, assim como o azul, geralmente usado para induzir a ideia de horizonte e céu.



Cores do Cerrado
Exposição de André Cerino. Visitação até 30 de setembro, diariamente, das 8h às 20h, no Templo da Boa Vontade (SGAS 915, Lotes 75/76).

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