Diversão e Arte

Joyce Cândido e Aline Calixto interpretam samba com personalidade

postado em 13/09/2011 08:43

Joyce Cândido não se preocupa com o rótulo:
Quem vê Joyce Cândido em um vídeo no YouTube, tocando piano e cantando serenamente The man I love (George e Ira Gershwin), não reconhece ali a cantora que se mostra à vontade interpretando sambas no álbum O bom e velho samba novo. Mas essa versatilidade não se dá por acaso. Joyce estudou piano clássico, cantou repertório variado em eventos e em bares ; no interior de São Paulo (onde nasceu) e na paranaense Maringá (onde fez faculdade de música) ; e se mudou para os Estados Unidos para frequentar cursos de canto e dança na Broadway. Paralelo às aulas, começou a se apresentar em espaços dedicados à música brasileira, nas regiões de Nova York e Miami.

Por ironia, em terras estrangeiras a cantora acabou se aproximando ainda mais do ritmo que é a cara do Brasil. ;O repertório de samba se destacou muito, porque os músicos brasileiros que vivem lá fazem mais bossa, jazz;, conta. Um amigo brasileiro em solo americano a indicou ao músico e produtor carioca Alceu Maia e dessa aproximação surgiu o segundo disco de Joyce Cândido, lançado agora pela Biscoito Fino ; o primeiro, Panapaná, foi feito quando ela ainda morava em Maringá, por meio de leis locais de incentivo à cultura.

Panapaná tinha mais músicas próprias. Neste, o lado autoral foi deixado de lado. ;Alceu estava produzindo um disco do Diogo Nogueira e recebia muitas músicas dos compositores. Começou a me mandar algumas. Era tanta música boa! Fiquei encantada, queria gravar todas, e eram compositores que eu nem conhecia. Achei que seria vaidade incluir composição minha só por incluir, nem tinha nenhuma que eu quisesse pôr.; Resultado: O bom e velho samba novo é, ao lado de Flor morena, de Aline Calixto (ver box), um dos melhores lançamentos recentes de samba em voz feminina.

O disco traz músicas inéditas de compositores de diferentes gerações, como o próprio Alceu Maia, Ana Costa, Cláudio Jorge, Nelson Rufino e Hermínio Belo de Carvalho. Tem também regravações de dois clássicos, Deixa a menina, de Chico Buarque, e Feitio de oração, de Noel Rosa e Vadico. Foi Chico quem indicou Joyce à Biscoito Fino, depois de ouvi-la interpretar sua música. Reconheceu ali uma nova e boa sambista. ;Gosto do rótulo. Canto outras coisas, cresci ouvindo de tudo. Amo Milton Nascimento, por exemplo; gosto de música mais dramática, de musical; Mas essa identidade com o samba é muito forte em mim e o mercado precisa de novas sambistas;, acredita.

Uma das histórias curiosas passadas nos bastidores de O bom e velho samba novo é a que resultou na participação de Letícia Sabatella: ;Letícia foi uma surpresa boa. Ela é prima de um grande amigo de Londrina. Quando vim ao Rio para gravar, entrei em contato, ela me ligou, foi ao estúdio e nesse dia eu estava gravando Feitio de coração. Ela, por acaso, começou a fazer uma segunda voz e aí Alceu sugeriu que gravássemos juntas;. Xande de Pilares é outro convidado. ;Como tenho isso do samba clássico, a gente queria um samba mais pra frente, animação, com pegada de roda de samba. Alceu chamou o Xande, de quem é amigo, e ele adorou. Até fez o samba para o disco;, conta Joyce.

O equilíbrio entre tradição e modernidade, explícito já no título do álbum, norteou a produção do disco e ainda é uma preocupação da artista. ;Gosto do trabalho do Diogo Nogueira, que tem um estilo tradicional, gravando sambas novos. Tem outros que fazem um samba não tão tradicional, como Roberta Sá, Maria Rita; São trabalhos lindos, mas já um pouquinho misturados. Eu quis gravar o samba clássico, mas apostando numa renovação, de qualquer maneira. Porque a instrumentação e o estilo são os mesmos, mas você dá a sua cara.;

Ouça a música Deixe a menina, de Joyce Cândido:

Ouça a música Gemada carioca, de Aline Calixto:

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação