Diversão e Arte

Na quinta edição, mostra Assim Vivemos exibe 28 filmes sobre deficiência

postado em 13/09/2011 08:52

Cena do filme Aloha: 15 minutos de energia sobre o cotidiano de surfistas brasileiros com deficiência
Provocar reflexão sobre temas e formas é um objetivo comum entre os festivais de cinema. Mas há aqueles que vão além dessa meta e instigam a ação: inspiram o espectador a tomar partido e narrar as suas próprias histórias. Esse efeito de sedução se nota em mostras brasileiras como o É Tudo Verdade (de documentários) e o Anima Mundi (de animação). E é o que também acontece com o Assim Vivemos ; Festival Internacional de Filmes sobre Deficiência, que chega à quinta edição a partir de hoje no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), com entrada franca.

Desde a estreia do evento, que é realizado a cada dois anos, aumenta o número de filmes brasileiros que retratam as experiências de pessoas com deficiências. Não por coincidência, na opinião da diretora da mostra, Lara Pozzobon. ;O festival estimula a aproximação do tema. Os cineastas passam a ter um olhar mais possível, mais próximo. Nos primeiros anos da mostra, essa tentativa se dava com mais distanciamento, como se os próprios diretores não estivessem à vontade para mostrar os personagens. Hoje, os filmes estão mais à vontade e melhores;, compara. A participação do Brasil no festival, por consequência, nunca foi tão expressiva: são oito curtas.

Um deles, Aloha (de Paula Maia dos Santos), retrata o cotidiano de um grupo de surfistas que rasgam as ondas sob pranchas adaptadas. No delicado Dois mundos (de Thereza Jessouroun), a narrativa revela o contato dos surdos com o universo sonoro, graças aos implantes cocleares. Exibido fora da competição, o documentário História do movimento político das pessoas com deficiência no Brasil, de Aluizio Salles Júnior, promete um diálogo raro na sala de cinema: personagens do filme são convidados para conversar com a plateia, ao fim da projeção. No Rio de Janeiro, onde a mostra foi exibida entre 16 e 28 de agosto, a novidade foi bem recebida pelo público, com sessões lotadas.

Protagonismo
No total, serão exibidos em Brasília 28 filmes de 12 países. O critério da curadoria da mostra é destacar títulos que garantem papel de protagonista à pessoa com deficiência. ;São filmes em que elas estão em primeiro plano mesmo. E valorizamos não apenas a qualidade técnica, mas a criativa e narrativa. Analisamos os filmes num sentido mais amplo;, afirma Lara. O próprio festival foi criado quando se observou que, no exterior, havia uma safra já madura de longas e curtas sobre deficiência. Nas sessões, eles são exibidos com audiodescrição (para pessoas com deficiência visual) e com legendas ;closed caption; (para pessoas com deficiência auditiva). Há versões em braille dos catálogos.

Na seleção internacional, as abordagens do tema são as mais abrangentes. O britânico Tempo de suas vidas, de Jocelyn Cammack, mostra o modo bem-humorado como mulheres octagenárias e nonagenárias lidam com os incômodos naturais da velhice. No moçambicano De corpo e alma, o diretor Matthieu Bron flagra o dia a dia de três jovens com deficiência. Como complemento à exibição dos filmes, serão realizados quatro debates. ;Nós temos um ônibus para escolas e instituições que queiram comparecer às sessões, sempre com lotação esgotada;, informa Lara. Prova de que o Assim Vivemos, como acontece com os melhores festivais temáticos, já encontrou um lugar no mundo.

ASSIM VIVEMOS
Festival Internacional de Filmes sobre Deficiência. De hoje até 25 de setembro, na sala de cinema do CCBB. Sessões às 14h30, 16h30 e 18h30. Entrada franca. Classificação indicativa livre.

Não perca:

Incluindo Samuel (EUA)
; Filmado em um período de quatro anos, o documentário mostra as tentativas do jornalista e fotógrafo Dan Habib (que dirige o filme) de garantir qualidade de vida ao filho Samuel, que tem paralisia cerebral. Primeira sessão: hoje, às 16h30.

Dois mundos (Brasil)
; O curta de Thereza Jessouroun mostra as experiências dos surdos que transitam entre o mundo do silêncio e o mundo sonoro. Foi um dos filmes que mais agradaram ao público nas sessões cariocas da mostra. Primeira sessão: quinta-feira, às 18h30.

Cidade Down (Polônia)
; O média-metragem de Piotr Sliwowski e Marta Dzido acompanha um ensaio fotográfico com jovens com síndrome de Down. Os ;modelos; são incentivados a interpretar ídolos do mundo pop e dos contos de fadas. Primeira sessão: hoje, às 14h30.

Aloha (Brasil)
; Em apenas 15 minutos, a diretora Paula Maia dos Santos apresenta ao público o cotidiano de surfistas brasileiros com deficiência. ;É um filme muito alegre e emocionado;, descreve a diretora da mostra, Lara Pozzobon. Primeira sessão: Amanhã,

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