postado em 14/09/2011 08:00
Antônio Carlos Bigonha é daquelas pessoas que gostam de melhorar a vida dos outros. Ele tem duas ocupações nobres. A primeira é a de procurador da República combatendo os crimes do colarinho branco na capital. A segunda é a de músico, iniciada aos sete anos, que gerou o CD Urubupeba, com uma mistura intrumental entre MPB, jazz e bossa nova. Para celebrar o lançamento do segundo disco da carreira, ele se apresenta em uma turnê de três shows no Clube do Choro, hoje, amanhã e sexta-feira.Urubupeba é uma produção independente e constituída por 13 músicas instrumentais com arranjos compostos pelo maestro Dori Caymmi. A participação do músico foi essencial para que o disco ficasse no ponto desejado por Bigonha. ;O Dori foi muito importante para dar o tom certo ao trabalho, ele chegou exatamente aonde eu gostaria;, comenta o instrumentista e procurador. Outros 20 músicos participaram do processo de gravação.
Sobre o estilo do novo disco, Bigonha enfatiza que o projeto gira em torno de um dos grandes compositores da música popular brasileira. ;O CD partiu de uma vontade de homenagear todo o universo sonoro do Tom Jobim. Esse trabalho é, na verdade, um reconhecimento ao maestro.; O nome Urubupeba foi escolhido propositalmente, afinal o parceiro de Vinicius de Moraes adorava chamar o urubu dessa forma.
Apesar de ser uma homenagem ao maestro, o disco também tem uma cara própria. Segundo Bigonha, os arranjos, que, por vezes, puxam para o jazz, foram trabalhados de maneiras diferentes. ;Chegamos a um tom que é, ao mesmo tempo, moderno, instrumental e jombiniano;, explica o procurador da República.
Carreiras
Bigonha lançou o primeiro disco em 2004. O álbum Azulejando contava com a participação de músicos como Toninho Horta, Juarez Moreira, Marina Machado e Flávio Henrique. Desde então, o trabalho do artista brasiliense começou a ganhar destaque no cenário nacional. Em seu último CD (Sem poupar coração), Nana Caymmi gravou a canção Confissão, de autoria do procurador. Ele também participou da produção de Flor de pão, de Simone Guimarãres ; trabalho indicado ao Grammy Latino.
O compositor e poeta Paulo César Francisco Pinheiro entende que é na música que o procurador tem mais destaque. Ele declara isso abertamente no texto de apresentação de Urubupeba. ;Bigonha, como procurador da República, talvez tenha achado seu meio de vida, mas como procurador de música é que acho que encontrou, de sua vida, a verdadeira essência.;
O procurador reconhece que a carreira de músico é mais difícil que a função exercida no Ministério Público. ;Tenho uma carreira totalmente independente, o que acaba gerando um custo muito alto e uma quantidade grande de trabalho. Mas não me arrependo nem um pouco do meu esforço. É tudo muito prazeroso;, enfatiza.
Quatro perguntas - Antônio Carlos Bigonha
Por que homenagear Tom Jobim?
Acho que o Tom foi quem conseguiu modernizar a música popular instrumental brasileira. Digo isso porque ele pegou toda a influência de Villa-Lobos, Ary Barrosos e transformou aqueles arranjos e algo mais moderno.
Como é conciliar suas duas carreiras?
O MP te obriga a ter uma disciplina que se mostra muito importante na música. Ao mesmo tempo, acho que a música humanizou o meu trabalho de procurador, dá uma alteridade. Afinal, o artista sempre trabalha olhando para o outro, pensando no público.
Além do Tom quais são suas influências?
Escutei muitas coisas de diversos músicos, como por exemplo, o compositor Ernesto Nazaré. Também gosto mundo das coisas que conheci durante os estudos de música, da formação clássica, dos prelúdios de Chopin e Debussy.
Como é ser um músico independente?
É sempre mais difícil, mas ao mesmo tempo é mais livre. Levei três anos para produzir o Urubupeba, mas consegui chegar ao resultado que eu queria. É mais difícil, mas está do jeito que eu desejava.
URUBUPEBA
Segundo disco da carreira de Antônio Carlos Bigonha, composto por 13 faixas, lançamento independente. O CD será vendido no Clube do Choro ao preço de R$ 25.
Urubupeba
Show de apresentação do CD Urubupeba de Antonio Carlos Bigonha, hoje, amanhã e sexta-feira, no Clube do Choro (Eixo Monumental), a partir das 21h. Classificação indicativa: 14 anos. Ingressos a R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia).