Diversão e Arte

Zé Pedro reedita discos emblemáticos lançados por cantoras na década de 197

DJ produz CD com a releitura da obra de Marina Lima por jovens cantoras e já soma 20 álbuns em seu selo

Estado de Minas, Mariana Peixoto/Estado de Minas
postado em 27/09/2011 10:28

DJ produz CD com a releitura da obra de Marina Lima por jovens cantoras e já soma 20 álbuns em seu seloÉ admirável o trabalho que o DJ Zé Pedro vem fazendo em seu selo Joia Moderna. Criado este ano, vai fechar 2011 com 20 produtos. Detalhe: só vozes femininas em discos raros, boa parte deles fora de catálogo. O selo também conta com projetos originais, produzidos exclusivamente para ele. É o caso do álbum Literalmente loucas, que integra a terceira fornada de discos da marca. Lançado este mês, chega ao mercado ao lado de três reedições: Feiticeira (de Marília Pêra, 1975), Vanusa 30 anos (1977) e Filme nacional (de Marília Barbosa, 1978).

;Estava magoado e apreensivo com o nosso mercado, que só absorve cinco novas cantoras por vez. Ou seja, transito por lugares escuros: quem foi sucesso outrora e não tem mais espaço, ou jovens em processo de fazer o primeiro disco;, comenta Zé Pedro. Boa parte da leva de álbuns que ele relança só tem edição em vinil, muitos encontrados a preço de ouro em sebos. Vários vieram da coleção do próprio Zé Pedro.

;Os discos são parte do meu gosto pessoal, espero que atinjam muitas pessoas. Paralelamente, peso quais deles valem ser relançados;, explica. Feiticeira, por exemplo, é guardado por Zé Pedro desde a infância. ;Era da série Super luxo (lançado originalmente pela Som Livre), mais caro e com capa dupla;. O nome do álbum de Marília Pêra era o mesmo do espetáculo que ela montou em produção de Nelson Motta, seu marido na época. Foi um fracasso de público e crítica, no Rio de Janeiro e em São Paulo. ;Injustiça;, de acordo com Zé Pedro. A atriz canta composições de Jorge Mautner (Samba dos animais), Jards Macalé (Sem essa) e Eduardo Dussek (Alô alô Brasil). Da gravação do álbum participaram outro maldito, Walter Franco (em Dança da feiticeira), e o grupo Vímana (formado por Lobão, Ritchie e Lulu Santos), que gravou com ela a canção Avô do Jabor.

Ouça Vanusa, com Brincando com a vida:

Literalmente loucas relê a obra de Marina Lima em gravações atuais. Zé Pedro e a jornalista Patrícia Palumbo escolheram o repertório e quem o gravaria. Fugiram do lugar-comum. A maior parte das canções vem do lado B de Marina. Entre as intérpretes estão Tulipa Ruiz (Memória fora de hora), Karina Buhr (Tão fácil), Karina Zeviani (Confessional), Nina Becker (O meu sim) e Iara Rennó (Alma caiada, primeira parceria de Marina com o irmão, Antônio Cícero). Como cada cantora fez a própria produção, o tom é bem diverso. Elas atualizaram ainda mais a obra de Marina, compositora que já nasceu moderna.

Ouça Marília Barbosa, com Melodia inacabada:

Zé Pedro brinca, dizendo a suas cantoras que é amante, não marido. O próprio explica melhor: ;Não quero um casting. Faço 1 mil cópias de cada disco, que pertencem a mim. Assim que a tiragem se esgota, o trabalho volta para cada uma delas, que pode vender de maneira independente ou procurar outra gravadora;. Dessa maneira, ele vem atingindo, de forma pontual, um mercado carente e fazendo seu papel: lançar luzes sobre trabalhos esquecidos.

Ouça Marília Pera, com Samba dos animais:

Entre os produtos do selo Joia Moderna, o mais procurado foi o primeiro disco, Dama indigna, de Cida Moreira. Lançadas no início do ano, as primeiras 1 mil cópias se esgotaram em 15 dias. Atualmente, está na quarta tiragem, divulgada pela própria cantora.

No forno

Já está na fábrica a próxima fornada de álbuns do Joia Moderna, que devem ser lançados no mês que vem. Três são inéditos: Janelas do Brasil, que marca a volta de Amelinha, depois de 16 anos sem gravar; Ame ou se mande, de Jussara Silveira; e o álbum de Izzy Gordon, filha do músico Dave Gordan, com Denise Duran, irmã de Dolores Duran. Serão relançados Wanderléa maravilhosa (1972) e Sweet Edy, de Edy Star (1974). Nesse último caso, Zé Pedro abriu rara exceção para relançar o álbum de um cantor, conhecido pela androginia e pelo lado glam.

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