Nahima Maciel
postado em 04/10/2011 08:00
Durante a primeira Bienal do Livro no Rio de Janeiro da qual participou, em 2001, Thalita Rebouças precisou subir na cadeira e gritar para o público: ;Sou autora, escrevi esse livro e, se vocês comprarem, vão levar meu autógrafo. Vai que eu fico famosa? Vai que eu viro uma Paula Coelha? Vocês não vão precisar fazer fila em ziguezague pra pegar autógrafo. Vocês vão me descobrir!”. Fez isso porque, enquanto esperava os interessados pelos quatro mil exemplares que vendera naquele ano, ninguém apareceu. Na última bienal, em setembro, ela precisou de seguranças. Mais de 12 mil fãs faziam fila para conseguir um autógrafo, alguns aos gritos. O sucesso é tanto que já aconteceu de Thalita precisar suspender sessão de autógrafos por causa de uma tendinite no braço.A escritora não chegou a virar a Paula Coelha, mas já vendeu 1 milhão de livros e é hoje a autora brasileira mais lida pelo público adolescente, um fenômeno que nem ela mesma consegue explicar. A literatura de Thalita trata de temas adolescentes e as idades dos personagens variam entre 13, 14 e 21 anos. Ela já chegou até a idade adulta com Fala sério, pai, narrado do ponto de vista do pai da personagem Malu, protagonista da série Fala sério, um bordão adolescente incorporado na linguagem real da própria Thalita. A escrita é rápida, com linguagem que varia entre o despojamento e a infantilidade, pontuada por muitos diálogos, o que facilita e apressa a leitura. Durante a histeria da bienal, ela ouviu comentários como ;Ah, se tem fila e adolescente é porque é ruim;. Mas Thalita não se importa. Ela acredita que esse tipo de literatura pode servir de porta para a leitura dos clássicos e grandes nomes da literatura. Além disso, ela está bastante satisfeita com um elogio de Ziraldo. O autor de O menino Maluquinho teria sido enfático ao dizer que Thalita escreve bem.
Carisma e humor
Aos 37 anos, a escritora carioca já publicou 12 livros, muitos divididos em séries, caso do Fala sério e Tudo por. Começou a escrever aos 10 anos e, além de sonhar ser dona de shopping e astronauta, queria viver de escrever. Formada em jornalismo, levou um tempo para conseguir e chegou a passar fins de semana em livrarias abordando pessoas para que comprassem os livros. O sucesso da escritora não está exatamente ligado à qualidade literária de seus best-sellers, mas a um conjunto de fatores que reúnem a temática abordada, a linguagem adolescente e a própria figura de Thalita, cujo gestual, carisma e humor podem fazer os jovens leitores esquecerem a diferença de idade entre eles e a dona da pena. Também ajudou um pouco a participação de Thalita no Video show com as entrevistas do quadro Fala sério, e no Esporte espetacular, como comentarista no EE de bolsa.
Thalita lança em média um livro por ano. Em 2010, pela primeira vez e a pedidos, deu voz a um narrador menino. Em Ela disse, ele disse, a história de Rosa e Léo é narrada alternadamente pelos dois personagens. O que a menina conta em cinco páginas, o garoto resume em um parágrafo, artifício da autora para destacar as diferenças de gênero. Este ano foi a vez de Era uma vez minha primeira vez, outra estreia para a autora, que até então nunca havia incluído sexo na vida das personagens. Vendeu 30 mil exemplares em 30 dias.
Até novembro, ela lança ainda Fala sério, filha ; A vingança dos pais. De Madri, onde passava férias depois das exaustivas sessões de autógrafos na Bienal do Rio, Thalita conversou com o Correio sobre o sucesso e a leitura.