Diversão e Arte

Prêmio de Arte Contemporânea Iate Clube reúne pinturas e desenhos

Nahima Maciel
postado em 06/10/2011 08:00
Pintura e desenho encontraram acolhimento no 10; Prêmio de Arte Contemporânea Iate Clube de Brasília. As linguagens aparecem nos trabalhos dos três primeiros lugares e estão dispersas entre os 23 selecionados para a exposição que o Museu Nacional recebe a partir de hoje. ;A pintura ressurgiu com força impactante, mas a fotografia também está presente, além de trabalhos conceituais. Só não teve performance;, repara Wagner Barja, membro do júri e um dos organizadores do prêmio.

Escolhida para o primeiro lugar, a artista Naura Timm recebeu o prêmio de R$ 15 mil pela série Cabeças que os canibais deixaram, um conjunto de 32 pinturas de 60cm x 70cm nas quais expõe supostas cabeças deixadas como restos ou desqualificadas por predadores. ;É uma coisa bem atual, fala dessa devoração insensata diante dos valores, da devoração de costumes. É o que se vê e se vive hoje;, explica a artista gaúcha radicada em Brasília desde 1979. Naura não imaginou que ganharia o primeiro lugar. Queria mesmo era participar do ;movimento; e ficou surpresa com o prêmio. ;Foi bom porque passei o ano gastando em tintas.;

A pintura forte da gaúcha atraiu o júri. ;A escolha não é novidade, mas é meritória;, justifica Barja. ;Ela fez um trabalho muito original. É pintura, mas tem o formato de uma instalação e o uso de materiais não nobres, que é um vínculo com as poéticas contemporâneas;, completa Angélica Madeira, membro do júri e crítica de arte. Para ela, o resultado da premiação ficou bem homogêneo. O critério do diálogo com as poéticas contemporâneas nos trabalhos apresentados foi o ponto de partida do júri e, nesse universo, encaixaram-se os mais diversos formatos, com destaque para a pintura. ;São linguagens que vêm de uma tradição, mas mostram que têm algo renovador;, garante Angélica.

Os cubos de Puxadinho, de Rodrigo Rosa, que levou o prêmio

Fernando Aquino e seus desenhos de tabuletas que questionam a construção da visualidade contemporânea ganharam o segundo lugar do prêmio. Aos 26 anos, o artista quer compreender e refletir sobre a banalidade das imagens e a realidade à qual parecem corresponder. ;Antigamente, as pessoas viam uma foto em preto e branco e achavam que aquilo era a realidade. Hoje tem o HD, que as pessoas acham que é mais próximo da realidade, mas é outra coisa;, avalia Aquino. No desenho premiado, ele relaciona a transformação do trigo em pão e o processo de construção de uma imagem. ;Assim como o pão transforma o trigo em alimento cotidiano, a visualidade hoje é um alimento cotidiano;, compara.

As pinturas de Fábio Barolli ficaram em terceiro lugar e ganharam de Angélica a classificação de antipintura. Como revelação, o júri escolheu Rodrigo Rosa, que saiu de Brasília há seis anos para dar aulas na Universidade do Espírito Santo (e há muito deixou de ser ;revelação;).

Os três objetos de Puxadinho 1, 2 e 3 fazem referência à arquitetura precária típica das cidades brasileiras e apontam novos rumos na pesquisa do artista. Feitos em mármore, aço e carbono, os objetos consistem em cubos dos quais emergem formas para serem projetadas. ;Revelação é, normalmente, para artistas jovens, mas como esse é um trabalho novo, com materiais novos, fiquei feliz;, conta Rosa.

A exposição traz não apenas os premiados, e sim os 23 selecionados pelo júri. Nesse conjunto, a pintura ganha destaque, assim como a videoarte. ;Acho que esse trânsito de uma linguagem para outra caracteriza também a poética contemporânea;, diz Angélica Madeira, ao lembrar a arte compartilhada de Cirilo Quartim e Miguel Ferreira, a pintura narrativa de Camila Soato e os trabalhos de videoarte que beiram a pintura. Depois de expostas, as obras premiadas passam a integrar o acervo do Museu Nacional da República.

10; Prêmio de Arte Contemporânea Iate Clube de Brasília

Visitação até 30 de outubro, de terça a domingo, das 9h às 18h30, no mezanino do Museu Nacional Honestino Guimarães (Conjunto Cultural da República; 3335-5220).

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