postado em 06/10/2011 08:00
Aos 38 anos de idade e com quase duas décadas de carreira, Max Viana está cada vez mais longe de ser lembrado apenas como ;filho de Djavan;. Essa distância aumenta um pouco mais com o lançamento do terceiro disco do cantor e compositor. Um quadro de nós dois é uma declaração de independência criativa, como foram os discos anteriores do músico, que antes de se lançar à carreira solo acompanhou outros artistas ; incluindo o pai ;, tocando violão, guitarra e baixo, e depois enveredou pela produção. Max produziu e arranjou as 11 faixas do novo álbum e assina, só ou em parceria, 10 delas ; a exceção é O melhor vai começar, antigo sucesso de Guilherme Arantes. Também chama atenção no disco a habilidade do artista para compor com músicos de estilos tão distintos quanto Arlindo Cruz, Jay Vaquer, Lula Queiroga, Jorge Vercillo e Dudu Falcão.;Isso é a nossa música, é muito versátil. Ela é reconhecida como uma das mais fantásticas do mundo justamente pela miscigenação. É uma representação do povo brasileiro. São pessoas diferentes transitando pelos mesmos lugares em diferentes situações;, diz Max. No entanto, a diversidade encontrada em Um quadro de nós dois não foi algo pensado. ;Todas essas pessoas são de minha relação, amigos. Uns mais próximos, outros menos, mas o suficiente para estarem no meu círculo. Nos encontramos, nos esbarramos, convivemos e daí surgem as coisas;, explica.
O resultado disso é um disco que, segundo o autor, ;vem numa sequência evolutiva em relação aos anteriores, nas composições, nos arranjos, no canto;;. Os anteriores são No calçadão (2003) e Com mais cor (2007). No de estreia, saiu o primeiro hit de Max, Canções de rei, parceria com Dudu Falcão. ;A primeira vez em que vi Dudu eu nem o conhecia. Tinha vendido um equipamento para ele, e ele veio buscar no estúdio;, conta. Desse contato, nasceram Canções de rei e a amizade. ;A gente se encontra para compor mesmo sem um projeto em vista. Às vezes, cria alguma coisa rapidinho, às vezes não compõe. Transcende a obrigatoriedade do trabalho, é uma maneira de estar junto, conversar besteira.;
Quadro de nós dois, O que é que você quer de mim e O samba que eu guardei, as três incluídas em Um quadro de nós dois, foram compostas durante esses encontros e guardam em comum com as demais faixas o romantismo, que dá clima a todo o disco. Nisso, Max lembra Djavan. ;Influências (do pai) eu tenho, como tenho de muitas outras pessoas. Ser comparado a ele não está ao meu alcance. O que posso tentar é fazer um trabalho que tenha uma coisa pessoal, uma maneira de pensar, uma sonoridade. Se há comparação, não foi gerada por mim. Não é uma forçação soar diferente.; Max acredita que o fato de ser produtor ajuda nessa hora. ;Se achar que está parecido, tenho o controle, posso mudar, fazer como achar melhor.;
Ajudam também as colaborações, que trazem novas tonalidades à música do artista. Como a do uruguaio Rodrigo Vicente, com quem ele compôs Vidas paralelas. ;A gente se conheceu no Uruguai em 2005, depois disso, ele gravou uma música minha, eu cantei no disco e no DVD dele, e agora estamos fazendo outra música;. Ou como a da cantora Alcione, que faz dueto com Max em É hora de fazer verão (coautoria de Arlindo Cruz). ;Quando mandei a música, ela adorou e ligou dizendo que faria. Depois de umas tentativas frustradas por causa de agenda, conseguimos nos encontrar para gravar e foi incrível. Alcione chegou sabendo a música toda.;
A hora do intérprete
;Meu trabalho tem uma coisa autoral, e é um desafio pegar uma música de que gosto muito e trazê-la para o meu universo;, diz Max. ;A de Guilherme está inserida nesse contexto, quem não conhece poderia achar que ela é minha. Ao mesmo tempo, tem a relação com o instrumento, o violão. As músicas que escolho têm sempre a ver com esse momento, de pegar o violão e cantar músicas que adoro.;