postado em 09/10/2011 10:43
Ícone do jazz, Tony Bennett mostra que, aos 85 anos, está longe de virar um cantor acomodado. Com uma aposta ousada, o octagenário artista resolveu lançar um disco de duetos e chamou para o projeto estrelas do mundo pop. Lady Gaga, Amy Winehouse, Mariah Carey, Queen Latifah e Michael Bublé estão na lista de parceiros. O resultado dessa mistura é um sucesso de qualidade e público que fez o cantor ; já comparado a Frank Sinatra ; declarar que nunca foi tão famoso em toda a carreira.A empolgação de Bennett não é à toa. Em 60 anos de trajetória, é a primeira vez que o cantor consegue ocupar o topo da lista dos álbuns mais vendidos da revista Billboard norte-americana. Além disso, ele está com a agenda lotada de apresentações na Europa e nos Estados Unidos para os próximos meses. Quem acha que o cantor se vulgarizou ou perdeu o estilo fica surpreso ao ouvir as gravações de Duets II (a primeira versão do disco foi lançada há 5 anos).
Prova disso é a faixa Body and soul, com ele e Amy Winehouse ; última gravação da cantora antes da morte. Em um dueto à moda antiga, Bennett e Amy soltam a voz e produzem um som de qualidade impressionante, apoiado no soul do americano e no R agudo da artista inglesa. O single, gravado na Inglaterra, foi lançado durante o VMA 2011 e, no evento, arrancou lágrimas e aplausos incessantes da plateia.
Quem também não perdeu a chance de participar dessa nova aposta de Bennett foi Lady Gaga. A popstar gravou uma versão de The lady is a tramp ao lado do cantor e, como de costume, colocou um pouco de seu estilo na famosa canção já interpretada por Sinatra e Ella Fitzgerald. Em uma gravação descontraída e carregada de risadinhas e brincadeiras, a estrela do pop mostra que tem voz para acompanhar Bennet e, juntos, eles promovem uma daquelas músicas que dão vontade imediata de dançar.
O canadense Michael Bublé, conhecido pelo estilo pop e marcado por influências clássicas do jazz dos anos dourados americanos, também está na lista de convidados. Ele e Bennett cantam juntos Don;t get around much anymore, em uma versão carregada de instrumentos de sopro e percussão. Apesar dOS estilos parecidos, o dueto encanta por misturar vozes tão diferentes: a rouquidão pesada do veterano dita o tom a ser seguido pela voz suave e doce do novato.
Em espanhol
Para cantar a balada romântica Yesterday I heard the rain, Bennet convidou Alejandro Sanz ; parceiro de Ivete Sangalo e Shakira em outras músicas ;, e, ao lado de Sanz, cantou em espanhol. Com letra que fala incessantemente de amor, os dois entoam versos como ;ontem, eu ouvi a chuva sussurrando seu nome/ Perguntando aonde você foi;.
Tony Bennett foi até a Itália para gravar a canção Stranger in paradise com o tenor Andrea Boccelli. Bennett ; que já ganhou 15 Grammy na carreira ; afirmou que a viagem foi um dos melhores momentos da gravação. ;Gostei de ir aonde os cantores vivem. Fomos conhecer seus países e gravar em suas próprias casas. Cheguei a ir a Pisa com o Bocelli;, disse. O resultado dessa empreitada é uma faixa cantada ritmada e interpretada por dois cantores que merecem o adjetivo ;maravilhoso;.
Uma das parcerias mais inusitadas de Duets II é com
Mariah Carey. Os dois entoam os versos da música When do the bells ring for me? e, por mais incrível que pareça, as duas vozes encaixam e produzem um som suave e agradável. Já na canção Who can I turn to (when nobody needs me), a atriz e cantora Queen Latifah dá um tempero de black music ao CD.
Quem é?
O nova- iorquino de 85 anos é dos grandes da música norte-americana. Veterano da Segunda Guerra Mundial, ficou famoso com o hit Because of you, nos anos 1950. Ele é um dos poucos cantores vivos de uma geração que tinha Frank Sinatra e Dick Haymes.
Polêmico e corajoso
Bennett não é um cantor que costuma esconder suas opiniões. Ele afirmou em entrevista a uma rádio americana que os Estados Unidos tinham sua parcela de culpa nos ataques de 11 de setembro de 2001. Além disso, ele condenou as recentes invasões ianques ao Iraque e ao Afeganistão. No entanto, o cantor afirmou que o terrorismo não tem justificativa. ;Simplesmente não há nenhuma desculpa para o assassinato de quase três mil vidas inocentes;, declarou.