Diversão e Arte

Mostra Expressões africanas faz panorama da produção de arte do continente

postado em 13/10/2011 08:56

Mulheres africanas: o quadro é um dos destaques da mostra organizada pela Fundação PalmaresPara celebrar o Ano Internacional dos Povos Afro-descendentes, a Fundação Cultural Palmares exibe, a partir de amanhã, a exposição Expressões africanas. Quadros, móveis, esculturas e artefatos revelam a cultura de 15 países, como Angola, Cabo Verde e Namíbia, e a diversidade dos povos daquele continente.

;É preciso dar visibildade à luta dos povos negros no mundo. Em tempos em que a gente obtém informações importantes sobre a origem da humanidade em solo africano, é muito relevante mostrar que ainda há uma necessidade enorme de conhecer e ter uma noção mais ampla do que é a África;, afirma Nelson Inocêncio, professor do Departamento de Artes Visuais, coordenador do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros na Universidade de Brasília, e curador da mostra.

Todos falam em globalização, mas a África continua afastada. Assim, mostrar a sua arte é empenho

De acordo com Inocêncio, a falta de informação é um dos pontos que cercam a arte africana dos estereótipos. ;Muitas pessoas ainda pensam na África como um lugar só de tragédia, miséria, guerra civil e doenças. Ela vive instabilidades políticas, existe a questão da fome, mas, ao mesmo tempo, é um local que possui civilizações que deixaram uma contribuição ímpar para o mundo. Também é preciso falar dela na atualidade. Todos falam em globalização, mas ela continua afastada. Assim, mostrar a sua arte é empenho;, pontua.

A desconstrução de preconceitos levará o público à descoberta de um acervo de múltiplos significados, que inspiraram o cubismo de Pablo Picasso, as esculturas do baiano Mario Cravo Neto e as fotografias do francês Pierre Verger. ;Muitas vezes, acredita-se que uma peça serve apenas para celebração ou para o deleite, mas não é assim. Uma máscara nunca é só uma máscara. Ela sempre tem funções, cumpre papéis. A importância dela vai além do estético. Claro que esse conteúdo é importante, mas devemos lembrar que ela pode estar ligada a um rito de passagem, a relações de poder ou a colheita;, recorda Inocêncio.

Visão panorâmica
;Escolhi objetos que fossem mais representativos. Alguns são mais simples, artesanais, outros mais artísticos. Expressões africanas revela o que está sendo produzido na África. É uma visão panorâmica da produção daquele continente;, comenta o professor da UnB sobre a seleção dos 70 objetos que compõem a exposição.

A peça moçambicana Ujaama é um dos destaques da exposição e expressa nitidamente um dos objetivos da mostra: explorar os sentidos dos objetos para cada uma das sociedades representadas. ;Ela é a árvore da vida. Apresenta todas as gerações de um clã. Quando eu olho para ela, estou vendo não só os mais antigos de uma estrutura familiar, mas também os mais novos. É uma celebração da ancestralidade;, explica o curador. ;Há a estatueta Akwaba, símbolo da fecundidade no grupo Ashanti, que as mulheres carregam junto do corpo para que seus filhos nasçam saudáveis ou que não tenha problema durante o parto;, completa.

O continente


Países com peças na exposição
; África do Sul
; Angola
; Botsuana
; Benin
; Cabo Verde
; Camarões
; Costa do Marfim
; Egito
; Gana
; Guiné-Equatorial
; Guiné-Bissau
; Mauritânia
; Moçambique
; Namíbia
; Quênia

EXPRESSÕES AFRICANAS

Até 20 de outubro. Visitação a partir de amanhã, de segunda a sexta, das 9h às 19h; sábado e domingo, das 9h30 às 17h30, no Salão Branco do Congresso Nacional (Praça dos Três Poderes). Entrada franca. Informações: 3424-0165 e 3424-0166. Classificação indicativa livre.

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