postado em 17/10/2011 10:01
A chuva insistente que caiu sobre Brasília, na noite de sábado, não intimidou o público da 5; edição do Festival República Blues, que ocupou a Praça do Museu da República no fim de semana. Acomodados debaixo de uma tenda com capacidade para 3 mil pessoas, os fãs do ritmo americano se esbaldaram diante de atrações de Brasília, do Brasil e da pátria-mãe do gênero, cada um imprimindo seu sotaque às apresentações. ;Viemos de São Paulo e lá não existe nada parecido com isso aqui;, elogiou Igor Prado, vocalista da banda que leva seu nome, a sexta e penúltima atração a se apresentar. A noitada só terminou, sob protestos dos presentes, quando a organização alegou a exaustão dos músicos, já perto do nascer do sol.
O ápice da empolgação chegou com o grand finale, quando a blueseira americana Tia Carroll, na ativa desde o fim dos anos 1970, incendiou a madrugada com seu vozeirão potente, desfiando clássicos de Aretha Franklin, Etta James e até uma versão quente de Midnight hour, de Wilson Pickett. Foi a única a voltar para o bis, com Stand by me, de Ben E. King. ;Estou achando ótimo esse festival, porque a cultura do blues não é muito explorada em Brasília. Ela chega pouco às novas gerações;, acredita a publicitária Heloísa Checheliski, 25 anos.
Outra característica da noite foi a de ser uma ;ação entre amigos;: Pablo Fagundes convidou Celso Salim para uma canja e marcou presença na apresentação de Manassés, com uma belíssima interpretação de Santa morena, choro de Jacob do Bandolim. Manassés, por sinal, deu uma cara mais interiorana ao blues, com seu timbre de viola regional, mesmo interpretando um tango de Astor Piazzola. ;É um grande prazer tocar em Brasília, que agora é a minha cidade;, comemorou o novo morador.
O investimento na estrutura (que contou com praça de alimentação, segurança farta, banheiros químicos e lixeiras feitas de garrafa PET reciclada), no entanto, não afastou os imprevistos. Na noite de sexta-feira, um forte raio atingiu a região central da cidade, queimando geradores e danificando equipamentos. O show da Brazilian Blues Band foi interrompido e transferido para a noite seguinte. No sábado, a banda se animou e chegou a tocar uma música feita pouco antes, no camarim, incitando o poder de indignação dos cidadãos. ;Nessa edição, fazemos referência aos 40 anos sem Janis Joplin e Jimmy Hendrix, e aos 10 anos da morte de Cássia Eller; afirmou Luiz Kaffa, vocalista da banda e coordenador do festival.