Diversão e Arte

Pela primeira vez em Brasília, a companhia Tholl está em cartaz no CCBB

postado em 21/10/2011 09:02

O espetáculo Imagem e sonho alia a precisão da ginástica olímpica com a sensibilidade da arte: amanhã e domingo, às 19h, com entrada franca

Eles se aproximam de completar uma década na estrada, já foram vistos por mais de um milhão e meio de espectadores de Norte a Sul do país, mas são estreantes diante do público brasiliense. Os integrantes do grupo Tholl, um dos expoentes do Novo Circo no Brasil, fazem temporada, gratuita, no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), até o dia 30. Na bagagem, eles trazem os espetáculos Imagem e sonho e Exotique.

Amanhã e domingo, eles levam ao picadeiro uma tenda com capacidade para 500 pessoas, o espetáculo que deu origem à trupe. Imagem e sonho é um inventário em linguagem acrobática das emoções do ser humano. ;É um espetáculo extremamente poético, o tema é trabalhado de forma a ser facilmente compreendido. Não há um fio condutor, uma historinha a ser contada. É um trabalho com as emoções;, destaca o diretor da companhia, João Bachilli, que buscou inspiração nas estéticas elisabetana (renascimento inglês) e veneziana (de Veneza/Itália) para compor o visual da montagem.

Na semana que vem, entra em cartaz Exotique, que acompanha a epopeia de um viajante, com sua mala cheia de surpresas. ;Essa produção é mais sensorial, trabalha cores, tato, olfato. É mais voltado para adultos. Não há nenhum exagero. Apenas uma cena em que a descoberta da sensualidade é abordada, de forma sutil;, avisa. As referências visuais são vastas: passam pelo Japão medieval e a França da década de 1930.

Apesar das temáticas e influências diversas, os dois espetáculos do Tholl também guardam semelhanças, que são parte da filosofia do novo circo: ;Temos o mesmo cuidado com figurinos e maquiagem elaborados, frutos de uma pesquisa aprofundada. É importante usar todos os aportes cênicos que favoreçam;, ensina Bachilli. Os movimentos dos atores-ginastas são entremeados por atuação de clowns e a participação da plateia. Os artistas recorrem a um cardápio completo de acrobacias. Ao teatro e à dança, misturam-se números de arco, trapézio, tecido, perna de pau, monociclo, bolas, aros, contorcionismo, pirofagia (ato de engolir fogo), entre outros. Em Exotique, por sinal, uma das contorcionistas é uma menina de 7 anos de idade.

Arte e esporte
O grupo nasceu do desejo de um grupo de ginastas (que também frequentava aulas de teatro em uma escola de Pelotas, no Rio Grande do Sul) de misturar arte e esporte. Eles também queriam prolongar a carreira. ;Era frustrante treinar o ano inteiro, competir aqui, ali e pronto. Queríamos aumentar o ciclo, fazer por mais tempo aquilo que nos deu tanto trabalho para aprender, nos desafiou, nos machucou. Hoje, um ginasta pode fazer acrobacia até os 40 anos;, destaca o diretor do Tholl, ele mesmo um ex-ginasta.

A empreitada deu certo. Hoje, há apresentações agendadas até 2014 e os convites se multiplicam. Além de já ter passado por mais de 100 cidades brasileiras, o Tholl faz uma temporada anual em São Paulo, com casa cheia. Atualmente, a companhia é garota-propaganda de uma loja de joias de Porto Alegre e, recentemente, recebeu sondagens por parte de uma grande rede de joalherias. O sucesso é motor para impulsionar a difusão das técnicas acrobáticas.

Na esteira dos espetáculos, a trupe decidiu criar, em sua cidade-natal, a oficina permanente de técnicas circenses para iniciar jovens candidatos nas artes do circo. Segundo Bachilli, é o maior espaço do gênero no Brasil. ;Também notamos que temos estimulado a criação de companhias talentosas no interior do Rio Grande do Sul. Circulamos pelo estado, passando 10, 20 vezes por algumas cidades, e grupos acabam se formando nesses lugares;, conta ele.


América do Sul
O grupo Tholl negocia um giro por países da América do Sul. Até o momento, foram confirmadas apresentações no Uruguai, Argentina, Chile e Colômbia, mas a lista deve se estender. A turnê está prevista para o segundo semestre do ano que vem.


IMAGEM E SONHO
Amanhã e domingo, às 19h, em tenda montada no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB SCES Trecho 2, lote 22; 3108-7600). Dias 29 e 30, Exotique. Entrada franca. Classificação indicativa livre.


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