Jornal Correio Braziliense

Diversão e Arte

Primeira edição da Bienal Lado B leva poesia para a comercial da 312 Norte

Em Brasília, lugar de poesia agora é na rua. Com a extinção da Bienal Internacional de Poesia, os artistas da cidade, liderados pelo Movimento Viva Arte, montaram, às pressas, a Bienal do B, evento gratuito agendado para hoje, amanhã e sexta, sempre a partir das 18h, na quadra comercial da 312 Norte, endereço do Açougue Cultural T-Bone. Luiz Amorim, proprietário da casa, reforça a vocação do festival poético, que deve ter uma segunda edição já em junho do ano que vem ; ;desobedecendo; assim à periodicidade de dois anos. ;Estamos calculando, nas três noites, que podemos ter cerca de 10 mil visitantes. Talvez aqui seja a primeira bienal de rua. A cidade vai ganhar muito com ela;, conta o empresário.

O poeta amazonense Thiago de Mello será o patrono da programação e participará de bate-papo com o músico Jorge Mautner na abertura da bienal. Mais de 50 poetas ; entre eles, os estrangeiros Luis Serguilha (Portugal) e Milagros Terán (poetisa da Nicarágua), escritores e músicos locais e de outros estados, como Kiko Zambianchi e Fernando Porto, além de artistas plásticos e livreiros, confirmaram presença na festa.

Segundo Amorim, nem a chuva vai atrapalhar a celebração cultural. ;Teremos muitos toldos. A chuva não vai incomodar. O local será bem fechado;, avisa. As três noites estão reservadas para homenagens a três figuras importantes da cultura literária da cidade: hoje, Ivan Silva, da Livraria Presença, no Conic, recebe as honras dos convidados. Amanhã é a vez de Maria da Conceição Moreira Sales, coordenadora da Biblioteca Demonstrativa de Brasília. Por último, o poeta carioca Ézio Pires, que completa 84 anos de idade dia 29, logo após o término da bienal, será lembrado pela organização. E ele promete aproveitar a oportunidade para desabafar sobre a situação cultural da cidade.

;O encontro tem que ser libertário, marginal. Nós estamos na marginalidade. Antes, era só a poesia. Agora são todas as linguagens. Vou agradecer às homenagens com posicionamento crítico;, comenta o escritor, que publica livros desde 1958 e está em Brasília desde 1962. ;A relação do Estado com a cultura está cada vez mais dificultada. Eles dizem que gastam em cultura, mas o verbo correto é investir;, antecipa.

Ele se prepara para lançar o livro Tempo surdo, uma volumosa seleção de poemas que, segundo o autor, tem muito a dizer sobre os desentendimentos entre comunidade artística e representantes de governo. ;A gente fala, grita, mas o burocrata está surdo. O Estado é que criou esse tempo surdo;, observa.

PROGRAMAÇÃO:

Quarta, 26/10


Lançamento de livros de Climério Ferreira, Luiz Martins e Menezes y Morais

Apresentação dos poetas Nicolas Behr, Chico Alvim, Antônio Miranda, Vicente Sá e outros

Shows de Rênio Quintas, de Jorge Mautner e do Coral da Associação Médica de Brasília



Quinta, 27/10


Lançamentos de Lourenço Dutra, Carlos Augusto Cacá, Marcos Freitas, José Garcia Caianno, Sandra Fayad e Ésio Macedo Ribeiro
Poetas Luís Turiba, Anand Rao, Milagros Terán (Nicarágua) e outros

Shows do grupo Sopro & Cordas e de Kiko Zambianchi



Sexta, 28/10


Lançamentos de Rildo Almeida, Fabrízio Morelo e Israel Ângelo Pereira


Poetas Gustavo Dourado, Luis Serguilha (Portugal), Noélia Ribeiro e outros


Shows de Fernando Porto e Márcio Cipriano