postado em 27/10/2011 09:11

Não que todos ali fossem exatamente fãs da cantora, como pôde ser medido pela resposta de parte do público ; inclusive, pasmem, quando Sade cantava alguns de seus hits. Chegava a ser estranho ver essas músicas serem aplaudidas burocraticamente. Independentemente desse detalhe, quem foi ao show ; que começou às 21h50 e terminou às 23h55 ; dificilmente não voltou para casa impressionado.
A voz de Sade, carro-chefe e principal motivo para vê-la ao vivo, continua límpida (potente em alguns momentos, suave na maioria deles) como em seus discos. Bastava fechar os olhos para perceber. Era como ouvi-la no rádio. Ou ainda, no melhor dos aparelhos de som. Mas um show de Sade é mais do que música. É um espetáculo para curtir com olhos, ouvidos e coração.
Multimídia
As canções são acompanhadas por projeções que criam a ilusão de cenários, dando diferentes ambiências para cada número. O sonho foi um tema recorrente. Férias no campo e imagens da cantora e banda em apresentações antigas também deram as caras. Um clima noir, quase davidlynchiano (com estradas sem fim e tempestades) foi recorrente.
As imagens eram projetadas tanto no fundo do palco, quanto em cortinas que desciam do alto da cena. Na primeira música (Soldier of love), Sade e banda surgem de debaixo do tablado. Os praticáveis foram usados algumas vezes para levar a cantora e os músicos para cima e para baixo. Os dois telões ao lado do palco, além de ajudar a ver detalhes do show, exibiam cenas que dialogavam com as projeções.
Durante a apresentação, Sade canta, dança (com uma certa sensualidade) e, eventualmente, se dirige à plateia. ;Vocês são lindos. Por fora e, o mais importante, por dentro;, disse. Ainda que o show tenha todo um aparato audiovisual, o carisma e o talento de Sade brilham mais forte.
A cantora interpretou 21 músicas. Passou pelos maiores sucessos, como Your love is king, Smooth operator, Paradise, Sweetest taboo, No ordinary love, By your side e Cherish the day (que fechou a apresentação, já no bis), por canções do disco mais recente, Soldier of love (lançado em 2010), e por diversos pontos altos da carreira, caso de Jezebel, Kiss of life e Is it a crime.
Pouco antes de deixar o palco, Sade fez questão de apresentar os oito integrantes de sua banda. Destaque para o versátil Stuart Colin Matthewman, espécie de band leader que se revezou entre saxofone e guitarra.
O Brasil teve de esperar mais de 25 anos para ver Sade cantar no país. Uma espera, provaram seus espetáculos, compensada por carisma, talento e coerência musical.