Diversão e Arte

Rita Lobo reúne em livro receitas fáceis de preparar extraídas de seu site

postado em 27/10/2011 10:30

Dizem que a comida deve primeiro chamar a atenção dos olhos para só então agarrar de vez o paladar. Com Rita Lobo, esse jogo de conquista começa antes mesmo de o prato ser servido. A beleza da chef é de chamar a atenção, o que a levou a trabalhar como modelo antes de viver rodeada das caçarolas. Nesse trabalho, visitou diversos lugares ; como Estados Unidos, Japão e Marrocos ; e teve contato com sabores e culturas distintos. Já com o paladar ansioso por novos gostos e apaixonada pela culinária, ela iniciou um curso de gastronomia no Institute of Culinary Education, em Nova York, e começou aí sua carreira de cozinheira, que já soma 16 anos.

Rita trabalhou no Rules Restaurant, em Londres, e no Bar des Arts e no Restaurante Oriental, ambos em São Paulo. Logo de início, porém, o talento da paulistana pôde ser observado não só na cozinha, mas também na facilidade para escrever sobre gastronomia. A habilidade lhe rendeu, em 1995, uma coluna na Folha de S. Paulo, que ficou ativa até o lançamento do site Panelinha, em 2000, um dos primeiros do país a publicar receitas testadas e fotografadas. Desde então Rita publicou três livros: Cozinha de estar (Conex); A conversa chegou à cozinha, crônicas e receitas (Ediouro) e Culinária para bem-estar, receitas anti-TPM (Panelinha). Recentemente, a chef lançou sua última publicação, Panelinha, receitas que funcionam (Senac), em comemoração aos 10 anos do site. A obra já vendeu 20 mil exemplares e foi lançada ontem em Brasília, com a presença da chef.

No livro, uma espécie de guia moderno com cara de caderno de receitas da vovó, Rita acrescentou dicas de compras de supermercado e como evitar o desperdício na cozinha. De acordo com a autora, o projeto é uma celebração da comida de casa, do dia a dia ; há, por exemplo, um espaço no livro dedicado às receitas de bife rolê, almôndegas, panquecas e até purê de batata, do jeitinho como é feito em casa.

Há espaço também para receitas elaboradas e saudáveis, essas últimas o carro-chefe da publicação, tudo nos moldes do tão falado comfort food (alimentos que trazem recordações às pessoas). Mas não se engane achando que ;saudável; para Rita são pratos sem carne nem gordura. ;Saudável para mim é tudo que é natural, que não é processado, cheio de químicos, como comida light ou diet. Na minha cozinha, não entra nada que tenha adoçante ou margarina;, decreta.

Com jeito de guia, o livro traz também as ;listas dos 10;, com relações como as dos alimentos essenciais para se ter na despensa, os utensílios indispensáveis ou os conselhos nutricionais que valem ouro. Há ainda alternativas para os dias corridos e receitas para as crianças ou especialmente pensadas para não deixar a casa com cheiro de cozinha. De uma forma descontraída, Rita colocou profissionais que nada têm a ver com a gastronomia para esquentarem as barrigas no fogão. Exemplos são receitas sugeridas pelos apresentadores Danilo Gentili e Lilian Pacce e pelos estilistas Rita Wainer e Dudu Bertholini. ;É um livro para manter na bancada da cozinha, para facilitar o dia a dia, deixar a vida mais saborosa e saudável;, resume a autora.

Leia, a seguir, os principais trechos da entrevista com Rita Lobo:

Qual é o público alvo?
O livro é para todos, mas é muito útil para as pessoas que não têm muito jeito com a cozinha ; ainda! ; ou precisam melhorar a alimentação.

Em relação aos pratos triviais, ainda há espaço para eles por terem grande apelo?

Não é apelo, é o que as pessoas gostam de comer, mas às vezes não sabem como cozinhar. Eu vejo isso todos os dias pelo site. Há muitas publicações com receitas de chef, de comemorações, mas, para um dia a dia saudável e com um toque de glamour, nem tantas.

Qual foi a parte mais difícil na preparação do livro, levando em conta que ele é uma comemoração dos 10 anos do site?
Fazer caber tudo em apenas 400 páginas. Tive que cortar tanta coisa bacana. Mas tem tudo no site.

A senhora acha que a proposta do comfort food está para ficar e que, por isso, a cada dia as pessoas buscam pratos que trazem alguma lembrança e não apenas a sofisticação?
Acho que a cozinha é um lugar generoso, com espaço para tudo e para todos. E à medida que as fases da vida vão mudando, muda também a nossa alimentação.

Desde 2000, a senhora faz um trabalho de desmistificar receitas. Porque escolheu esse foco na gastronomia?
Eu penso que todos deveriam saber cozinhar. Isso não significa que a pessoa tenha que fazer um confit de pato, mas uma coisinha ou outra para não passar fome e, claro, para também se sentir independente. Nada como poder cuidar de si.

A senhora foi uma das primeiras a trazer esse tipo de informação para a internet no Brasil. Hoje, já é possível encontrar blogs e sites que ensinam quase tudo da cozinha. Como vê esse cenário?

Acho muito bom que a comida esteja ganhando espaço na vida das pessoas, a ponto de tanta gente querer escrever sobre o tema.

Nesses 10 anos, qual foi o prato que mais gostou de fazer?
Foram tantos, mas há dois que me vêm à cabeça: bazargan, uma salada de trigo que custou até que eu achasse a receita, e a piadina (veja receita), um pão que pensa que é pizza, que comi quando fui para Itália, ainda adolescente e 20 anos depois descobri que era moleza fazer em casa. É uma das minhas favoritas. Meus filhos amam. As duas receitas estão no livro.

Receita de Piadina:

Ingredientes
3 xícaras de chá de farinha de trigo, e mais um pouco para enfarinhar a mesa
1 1/2 colher de chá de sal
1 colher de chá de fermento em pó
2 colheres de sopa de azeite de oliva
1 1/4 de xícara de chá de leite

Modo de preparo

1 - Numa tigela grande, junte a farinha, o sal e o fermento. Misture e abra um buraco no centro. Coloque o azeite aí e vá esfregando a farinha com os dedos para misturar.

2 - Junte o leite en duas etapas e, com as mãos, misture bem, até formar uma bola. Transfira a massa para uma superfície de trabalho enfarinhada e sove por 3 minutos. No máximo!

3 - Enrole a massa para formar uma cobra e divida em seis pedaços iguais. Cubra a massa com um pano de prato úmido (e não molhado, muito menos ensopado).

4 -
Coloque uma frigideira grande, de preferência de ferro, ou uma chapa, para aquecer em fogo alto. Abra um pedaço de massa com rolo de macarrão até ficar com cerca de 20cm de diâmetro. Quando a frigideira estiver bem quente, coloque o disco e faça vários furos com um garfo; assim que o fundo começar a ficar com pintinhas escuras, uns 2 minutos, vire e deixe cozinhar por mais 2 minutos. Transfira para um prato e cubra com um pano de prato limpo, apenas para não esfriar, enquanto você fa as outras.

Variação
- Se quiser fazer uma versão integral da piadina, como a da foto, use metade da farinha branca e a outra metade, integral. Simples assim. A massa fica igualmente saborosa, porém, mais durinha.

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