Os brasileiros já podem se orgulhar de mais uma conquista. O brasiliense Lucas Febraro, 20 anos, representará o Brasil no Red Bull Music Academy. Anualmente, 60 alunos são selecionados para uma temporada de estudos e palestras em capitais cosmopolitas, como Nova York, Londres, Berlim e São Paulo. Este ano, o encontro será de 17 a 25 de novembro, em Madri, e Febraro é o único brasileiro selecionado. O estudante do quinto semestre de relações internacionais da Universidade de Brasília (UnB) deverá aumentar a estada por mais alguns dias por conta própria.
A seleção é concorridíssima. No início do ano, foi preciso responder um questionário de 50 perguntas e enviar material gravado para a Alemanha. ;Para responder algumas perguntas do questionário era preciso desenhar. Outras eram elaboradas em cima das perguntas que tinham sido feitas;, revela o estudante sobre o processo seletivo. Quatro mil músicos enviaram o material para Colônia e, após seis meses, saiu a lista com os selecionados. A matemática é de 66,6 candidatos por vaga.
O DJ prepara uma performance completa, mesclando músicas de sua autoria com covers executados ao vivo na companhia de instrumentos e discotecagem nas picapes. A apresentação será no dia 17, no Tempo Clube. Febraro nunca estudou música formalmente, começou a tocar guitarra e violão aos 14 anos. Aos 18, já estava compondo com a ajuda do software Ableton Live, no computador da família. ;Quando eu soube que ia para Madri, tive de arranjar um estágio só para pagar um MacBook (computador portátil da Apple) em prestações;, conta.
Apesar do envolvimento com a música eletrônica, Lucas não é o dos mais ligados no cenário mainstream. ;Eu costumo acompanhar o processo de gente que eu gosto muito. Tenho acompanhado as cenas mais progressistas de Londres, Los Angeles, Glasgow;, entrega o favoritismo. Diferentemente de muito DJ por aí que torce o nariz para a música eletrônica popular feita no Brasil, o estudante opta pelo respeito, apesar de não usar as músicas nas composições, quase sempre calcadas em ambientes etéreos. ;O tecnobrega e o funk são gêneros da música eletrônica originais do Brasil. O preconceito não deveria existir;, defende.
Uma das interferências mais legais de Febraro é o cover da música Sétimo andar dos Los Hermanos postado no Sound Cloud, no endereço http://soundcloud.com/pazes/setimoandar. Ainda mais do que no original da banda carioca, a interpretação de Lucas deu um tom propositalmente melancólico. ;A maioria das minhas músicas tem sim um background mais dramático. Até as minhas composições mais agitadas têm um pouco esse lado. É para ser dançante sem ser alegre, pop e leve demais;, resume Febraro.
As influências
Flying Lotus
; Alcunha do californiano Steve Ellis. DJ e produtor musical multigêneros é o típico músico de lap top, compondo canções no computador pessoal. Já colaborou com a cantora Erykah Badu e com a banda Radiohead.
Radiohead
; Os ingleses liderados por Tom Yorke (vocais, guitarra, piano) são uma das principais bandas de rock alternativo hoje. Os outros integrantes são Jonhny Greenwood (guitarra), Ed O;Brien (guitarra), Colin Greenwood (baixo, sintetizador) e Phil Selway (bateria e percussão). Este ano, lançaram o álbum The king of limbs, que dividiu a opinião da crítica, mas virou objeto de adoração dos fãs.
Toro Y Moi
; O norte-americano Chazwick Bundick é hoje um dos principais nomes da cena . O eletrônico lento e relaxante produzido por Bundick recebeu o nome de chillwave e já está se consagrando como uma tendência.