Diversão e Arte

Rico Lins inaugura exposição que mistura design com instalações

Nahima Maciel
postado em 03/11/2011 08:52
Rico Lins: O design brasileiro mudou muito nas últimas décadas. É cada vez mais frequente o intercâmbio entre linguagens e diferentes áreas das artes. Não se pode mais pensar em nichos isolados. Hoje, a comunicação ultrapassa linhas antigamente bastante definidas. O artista Rico Lins observa esse movimento há anos e partiu de um olhar contemporâneo para conceber, em parceria com o curador Agnaldo Farias, a exposição Rico Lins: uma gráfica sem fronteira, em cartaz na Caixa Cultural. ;A proposta surgiu do desafio de pensar uma exposição que fosse também uma instalação;, avisa o designer. ;Uma mostra não linear no sentido de apresentar a obra, mas um pouco diferente, focando o processo de trabalho e pensando no que seria a diferença entre artes gráficas e artes plásticas.;

Lins vem da mais pura tradição da arte gráfica. Formado pela Escola Superior de Desenho Industrial do Rio de Janeiro em 1979, o artista ficou fora do Brasil por 30 anos até decidir voltar. Estava em Nova York quando recebeu o convite de Washington Olivetto para trabalhar na W Brasil. A passagem por grandes empresas, como CBS Records, The New York Times , Le Monde e a revista Time, encorparam o portifólio de Lins e a experiência o fez enxergar as mudanças que estavam por vir. O artista retornou ao Brasil para fundar, em 1995, um estúdio de design especializado em trabalhar com profissionais de diversas áreas artísticas e criou o projeto Fronteira, um escritório no qual a interdisciplinaridade é a liga dos projetos. ;Quando cheguei ao Brasil ninguém era autônomo por opção e sim por falta de opção. Hoje é diferente. No estúdio, juntamos profissionais autônomos de diferentes áreas;, explica. ;O design brasileiro está passando por um momento de modificação e a gente tem que lidar com arte contemporânea, dança, música. Deixamos de ser um estúdio de design exclusivamente, por isso Fronteira.;

A exposição em Brasília pretende dar a medida desse percurso ao contar a trajetória do próprio Rico Lins. Na galeria da Caixa Cultural, estão amostras das últimas três décadas de trabalho. Capas das revistas Times e Kultur Revolution, publicação acadêmica alemã para a qual o artista trabalha há mais de três décadas, formam a parte gráfica ao lado de séries de cartazes, inclusive os exemplares concebidos para um filme de Pedro Almodóvar e para a celebração do bicentenário da Revolução Francesa. Livros e catálogos também fazem parte da exposição, além de alguns trabalhos originais. ;Para o pessoal mais novo ver como eram produzidos;, brinca.

Rico observa mudanças na cena do design no Brasil e a mais interessante é a projeção internacional que o país conquistou. Há muita curiosidade e criatividade, embora ainda haja muito caminho a ser percorrido. ;Houve um crescimento muito grande do design no Brasil, a área ficou mais conhecida com as grandes escolas e tem até personagem de novela que é designer;, repara. ;Mas ainda é muito incipiente. Com as mídias eletrônicas houve uma proliferação de possibilidades de se trabalhar com design. Só que isso depende também de que a cultura se fortaleça. E a ideia da mostra é trazer essa discussão.;


RICO LINS: UMA GRÁFICA SEM FRONTEIRA
Exposição de Rico Lins. Visitação até 11 de dezembro, de terça a domingo, das 9h às 21h, na Caixa Cultural (SBS, Q. 4, Lt. 3/4).

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