postado em 04/11/2011 15:37
Rio de Janeiro - Quase 30 documentos inéditos que integram a obra do escritor José de Alencar, considerado o fundador do romance brasileiro, começam a ser recuperados. O projeto Digitalização dos Manuscritos de José de Alencar será lançado hoje (4), às 15h, em Fortaleza, no Ceará.A iniciativa foi selecionada entre as propostas culturais patrocinadas pelo programa Petrobras Cultural 2011. Serão investidos quase R$ 100 mil na construção do acervo digital que deve ser concluído em seis meses.
;[Os técnicos e professores da Universidade Federal do Ceará (UFC)] estão trabalhando com uma firma de digitalização especializada. São diversos manuscritos, muitos que não estão no Ceará, mas, na Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro. É uma série de anotações, cadernos, romances iniciados e não terminados. Este material será digitalizado e disponibilizado na Casa de José de Alencar, que pertence a UFC e vai servir para estudo e pesquisa;, explicou Luís Carlos do Nascimento, gestor de patrocínio cultural da Petrobras.
O projeto de digitalização será feito com um scanner de baixa luminosidade, adequado para captar imagens de documentos frágeis e de difícil manipulação, como os textos encadernados do escritor. Nascimento lembrou que o projeto reforça a proposta de descentralização dos patrocínios culturais no país, abrindo espaço para iniciativas originadas, principalmente, no Nordeste brasileiro. ;O programa tem esse olhar especial para projetos fora do eixo Rio-São Paulo;, acrescentou.
Entre os documentos inéditos que serão preservados com a digitalização estão cadernos com fragmentos de textos de José de Alencar que já foram publicados, como o livro autobiográfico do escritor intitulado Como e Por Que Sou Romancista. Outro documento que vai integrar o acervo digital é o ensaio antropológico Antiguidade da América, divulgado há pouco mais de um ano pelos especialistas em literatura da UFC.
;É um autor que merece ser redescoberto e há muito material inédito que precisa ser divulgado. Ano passado publicamos dois manuscritos inéditos dele [o ensaio Antiguidade da América e Raça Primogênita] e agora queremos dilatar isso divulgando um número maior de material que, ainda que inacabados, contribuem decisivamente para redescobrir o autor do ponto de vista crítico;, avaliou Marcelo Peloggio, professor de literatura brasileira da Universidade Federal do Ceará que integra o grupo responsável pela digitalização da obra de José de Alencar.
Segundo Peloggio, outro manuscrito que merece destaque é o romance que não foi concluído, Os Contrabandistas. ;Há cópias, infelizmente em estado ruim, deste primeiro romance que ele havia escrito, quando ele tinha 18 anos. Infelizmente não será possível a reprodução total porque o material está muito deteriorado, mas, ainda assim, é um material interessante que mostra que nossa memória cultural precisa ser retrabalhada. Tem também anotações e rascunhos do Alencar. É curioso observar, por exemplo, que ele fazia revisão de material que já havia sido publicado, além de croquis de peças teatrais;, acrescentou o especialista em literatura.