Diversão e Arte

Pesquisador João Gabriel revela em novo livro a força cultural de Brasília

postado em 10/11/2011 08:55

Quando o baiano João Gabriel Lima Cruz Teixeira iniciou a pesquisa que resultaria em seu terceiro livro solo, Brasília 50 anos: arte e cultura (Editora UnB), ele pensava em responder a uma interrogação antiga sobre a capital do país. ;Dizia-se muito, naquela época, que, apesar de jovem, a cidade já havia se tornado celeiro de talentos, nas artes e nos esportes. Daí tive a ideia de montar um projeto para mostrar se isso era verdade mesmo. Mas verifiquei que não teria indicadores sociais suficientes para comprovar isso;, diz o pesquisador. Ele, com dois pós-doutorados em sociologia da arte, firmou o trabalho em cima de conversas com personalidades culturais nascidas ou formadas na cidade e reflexões sobre o relacionamento entre sociedade e suas representações artísticas. O estudo será lançado hoje, às 17h30, na livraria do Centro de Vivência da Universidade de Brasília.

;Comecei a entrevistar pessoas de destaque da cultura daqui. E comecei a chamá-las de ;excelências;, em contraste com as excelências da Esplanada dos Ministérios. Eles, os artistas, se distinguem pela contribuição que dão à cidade no sentido de renová-la, de atribuir a ela uma autoestima;, continua João Gabriel, residente em Brasília desde 1980. No ano seguinte, a convite da UnB, associou-se ao Departamento de Sociologia da instituição.

Variedade
Para o autor, o lugar que ajudou a compor a trajetória de nomes como Cássia Eller, Ney Matogrosso e Zélia Duncan nunca teve problemas de identidade. Pelo contrário: a variedade geográfica sempre jogou a favor da cultura local. ;Diziam que Brasília era uma cidade sem gente, sem calor humano. São coisas que chamo de maledicências, ditas por gente que não gosta de Brasília ou que tem preconceito. Independentemente do que digam, se a capital deu ou não certo, ela tem vida própria;, analisa.

Escrevendo também sobre a sua própria experiência no Planalto Central, João Gabriel fala sobre outros assuntos: a solidão, os espaços vazios produzidos por um plano urbanístico de curvas e retas generosas, o ar místico que sempre envolveu o cotidiano das pessoas e a condição de síntese de um estado que representa um país inteiro. ;Esse livro é um pleito de gratidão, mostrando que, a despeito de tudo que se fala dessa cidade, ela continua aberta. É patrimônio cultural do país;, constata.

Trechos do livro
;Associada à mitologia fundadora de Brasília, conta-se que a professora e diretora de teatro Dulcina de Moraes, quando ainda residindo no Rio de Janeiro, depois de haver tentado infrutiferamente a transferência de sua escola de teatro para Brasília, teria recebido ;passes; da senhora Aida Ferreira, genitora da atriz Bibi Ferreira, que era médium. (;);

;Entre outras narrativas acerca das artes cênicas envolvendo Dulcina de Moraes, conta-se, por exemplo, que, no teto do referido prédio, mais precisamente no seu quinto andar, há uma mandala com a figura de um triângulo, versos inscritos e cristais. (;);

BRASÍLIA 50 ANOS: ARTE E CULTURA
De João Gabriel Lima Cruz Teixeira. Editora UnB, 160 páginas. R$ 30. Lançamento hoje, às 17h30, na livraria do Centro de Vivência da UnB. Apresentação musical do Duo Assanhado, composto por João Peçanha (violão e cavaco) e André Gomes (clarineta e cavaco).

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