Diversão e Arte

Viúva de Nicholas Ray visita Brasília e participa de debate no CCBB

postado em 12/11/2011 08:05

Susan Ray vem à cidade para divulgar o penúltimo filme de Nicholas Ray (de Juventude transviada), o nunca concluído We can;t go home again (1973). Ele morreu em 1979, depois de complicações com um câncer de pulmão, mas batalhou até os últimos dias para terminar o título, feito em colaboração com alunos da Universidade de Binghamton, em Nova York. Em 1973, foi exibido no Festival de Cannes, e a versão daquela década, que será projetada em sessão única amanhã, foi refeita e reeditada várias vezes até a morte do cineasta. Além de uma versão restaurada e finalizada, Susan apresenta no país Don;t expect too much, um documentário que descortina os bastidores da realização do filme. A mostra O Cinema é Nicholas Ray acaba amanhã e depois segue para São Paulo (16/11 a 4/12) e Rio de Janeiro (15/11 a 4/12).

Como foi a premi;re da cópia finalizada e restaurada de We can;t go home again este ano, no Festival de Veneza?
Acho que foi muito bem. Melhor do que eu estava esperando, no que diz respeito a encontrar públicos preparados para este filme. É tão à frente do seu tempo.

E sobre Don;t expect too much, o documentário que você dirigiu sobre os bastidores de We can;t go home again. O que achou do resultado?
Não diria que é tão experimental assim. Na verdade, gostaria que fosse mais experimental. Não tive tempo de rodar da maneira que eu queria inicialmente. De qualquer maneira, eu acredito, o filme serve para o seu propósito: explorar questões que eu tinha sobre a realização de We can;t, sobre Nicholas e a relação entre professores e estudantes.

Nicholas tinha carinho especial por algum ator ou atriz?
Ah, isso é muito geral. Peço desculpas. Mas ele amava muitos deles. Ele adorava trabalhar com a maioria deles.

Quando você começou o trabalho de restauração da obra de Nick?
Estou tentando preservar o trabalho que ele deixou durante os anos em que estive com ele. O resto da obra estava longe das minhas mãos quando o conheci. Vinha tentando recuperar We can;t ou colocá-lo em tela grande desde que Nick morreu, há 30 anos. Não tive ajuda até muito recentemente. Para essa versão, porém, recebi muita ajuda do EYE Film Institute, da Holanda, Academy Film Archive, Gucci and The Film Foundation, Cinémath;que Française, Calouste Gulbenkian Foundation, de Portugal, e do Museo Nazionale del Cinema, de Torino, Itália.

Quais títulos talvez menos conhecidos ou obscuros você recomendaria nessa celebração dos 100 anos de nascimento do diretor?
Bem, acho que Paixão de bravo (1952), Amargo triunfo (1957) e Fora das grades (1955) são filmes maravilhosos e não são os primeiros que as pessoas pensam quando ouvem algo sobre Nicholas Ray. Sangue sobre a neve (1960) e Jornada tétrica (1958) também são fantásticos, dos quais as pessoas também não têm muito conhecimento.

Nick gostava de ser tratado como um rebelde ou marginal de Hollywood?
As coisas mudaram com o tempo. A fixação desta imagem só aconteceu nos anos posteriores à morte dele. Não acho que ele queria criar uma imagem particular, única. Qualquer tipo de imagem é limitadora. Ele não estava procurando por isso. Ele queria explorar a si mesmo, de todas as maneiras, em todos os papéis. E explorar o seu próprio mundo. Ter uma imagem de si nos olhos do público é limitador. Não permite crescimento.

O CINEMA É NICHOLAS RAY
Retrospectiva do cineasta norte-americano. No Centro Cultural Banco do Brasil (SCES, Tc. 2, Lt. 22). Últimos dias. Hoje: às 15h30, Don;t expect too much (2011; 70min), às 17h, We can;t go home again (2011; 93 min), e às 19h, seminário com Susan Ray, viúva do diretor. Amanhã: às 17h, Fora das grades (1955, 93min), às 19h e às 21h, We can;t go home again (1973; 90min). A classificação indicativa varia de acordo com os títulos. Informações: 3108-7600.

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