O Rappa voltou. Acabou com a pausa musical de um ano e oito meses. Agora, é trabalho e estrada, com data marcada para passar em Brasília, em 3 de dezembro, no Ginásio Nilson Nelson. Xandão, guitarrista da banda, que tem como nome completo Alexandre Menezes, falou ao Correio sobre a parada nas atividades, a ansiedade pelo retorno, a missão do grupo e, é claro, o show que vem por aí. O músico também aproveitou para refletir sobre o atual cenário da música pop nacional e os talentos que surgem a cada dia. A tradição de O Rappa sempre foi apontar o dedo para as feridas sociais que assolam o Brasil. Sobre esse assunto, Xandão entende que, apesar das melhoras na economia nos últimos anos, ainda é necessário fazer muita coisa. ;Ainda falta um investimento sério em educação;, atesta. Para ele, o grande mérito da banda é não ignorar os problemas do país. ;Se não falássemos disso, seríamos uma farsa.;
Pausa
Em 17 anos de carreira, a gente nunca tinha tirado férias. Estávamos cansados e a gente precisava de uma pausa. Foram quase dois anos, mas acabou que a gente não parou completamente, cada um foi tocando seus projetos paralelos. Esse tempo foi importante para vermos o nosso tamanho, a falta que a gente faz.
Volta
Fazer show é a história do Rappa. Para essa nova turnê, eu posso dizer que a saudade do palco é a nossa energia. É óbvio que muita coisa mudou nesse 1 ano e 8 meses, mas estamos preparados para o que vamos enfrentar.
Repertório
Estamos trabalhando com nossas músicas clássicas. Elas são como tatuagens que vão sempre caminhar com a gente, independentemente de onde a gente estiver. São essas canções que fizeram a gente criar um público para a banda. Também trazemos novidades e inspirações musicais e sociais.
Pop atual
O cenário não mudou muito desde quando nós decidimos parar. Há bandas novas muito boas que surgem direto. Essa molecada que está começando agora é bastante sagaz. A internet facilitou muito a divulgação. Nós temos que ficar de olho nisso, prestar atenção nessas mudanças.
Contestação social
As letras de O Rappa falam de uma realidade social e o pessoal se identifica com o que a gente canta. A gente conhece bem essa situação que a maioria do povo enfrenta. Por ser do Rio, a gente convive com todo mundo na praia, por isso há essa riqueza de discursos. O lance é que nossa verdade serve para todo mundo. Afinal, no nosso país, a miséria não se esconde. As classes mais baixas têm tido cada vez mais acesso às informações. Assim, o discurso social está ficando mais forte, mais engajado.
Legado
O bom de estar há tanto tempo na estrada é que a gente pode perceber que aquela galera que cresceu ouvindo a gente, hoje está fazendo algo, envolvida em algum projeto (cultural ou social) para as comunidades. É legal sentir que mudamos alguma coisa.
Situação social
É claro que a gente percebe uma evolução hoje em dia, principalmente se olharmos 20 anos para trás, quando começamos. O problema é que ainda falta um investimento sério em educação. Enquanto não der educação para os jovens, a solução não vai chegar nunca. E, apesar de melhoras, eu sinto que isso não começou para valer no Brasil.
Renovação de público
Nós falamos sobre diversos assuntos e isso acaba atraindo as novas gerações, por isso elas se identificam com a gente. Os jovens gostam de abordar e falar de tudo, e nosso som é um pouco assim também.
Na cidade
Vamos passar aí em 3 de dezembro, vai ser o último show da turnê em 2011. A gente gosta muito do pessoal aí de Brasília, sempre fomos bem recebidos. Naquele show (em 2005), em que atrasamos muito por problemas com o caminhão de equipamentos, o pessoal entendeu e, depois de vaiar um pouco, curtiu o show.