Diversão e Arte

Arthur Flowers lança livro sobre Martin Luther King com imagens indianas

postado em 17/11/2011 08:55

Martin Luther King foi desenhado por Manu Chitrakar, um artista patua indianoArthur Flowers estava no Festival de Literário de Jaipur, na Índia, quando perguntaram se ele queria fazer um trabalho sobre Martin Luther King com Manu Chitrakar, um artista patua indiano. ;Explicaram que patua são contadores de histórias tradicionais que usam um rolo para pintar histórias enquanto as contavam. E, para manter vivo o formato tradicional da arte indiana, lançavam livros de arte contemporânea;, lembra Flowers, professor do departamento de inglês da Universidade de Syracuse, em Nova York.

E o que parecia ser distante, estava mais próximo que Flowers imaginava. Apesar das dificuldades (Manu nunca tinha saído da sua vila, não falava hindu e não sabia nada sobre Luther King), a história dos dois se encontrava em um ponto fundamental: a rejeição aos intocáveis na Índia era motivada pelo mesmo fator da segregação dos negros nos Estados Unidos da década de 1950: o preconceito. E entre encontros e desencontros nasceu Vejo a terra prometida ; obra que narra a vida do ativista negro desde a infância religiosa, com a família batista, até o assassinato num hotel de Memphis, passando por um flashback que viaja ao século 15, com a escravidão na África.

Mesmo com tradutores e guias narrativos (story lines), a graphic novel ainda precisou de algumas adaptações para melhor compreensão do indiano e internacional. ;Por exemplo, em vez de retratar o Deus cristão de Luther King, preferi colocá-lo como um instrumento dos deuses, porque sabia que o público indiano ficaria mais confortável com esse conceito. Isso também me possibilitaria colocá-lo no contexto dos deuses pan-africanos, com uma teologia afro-espiritual;, revela.

Já outras mudanças surgiram pelas diferenças culturais, como a embarcação com escravos que mais parecia navios vikings, com proas em forma de dragão. ;Não está historicamente correto, mas ele capturou a essência De qualquer maneira, é uma evocação única e poderosa de uma grande verdade. Em outras situações, Manu desenhava cenas de lugares que nunca tinha visto. Ele é um gênio não reconhecido. Foi muito interessante ver personagens afro-americanos retratados sob olhar, arte e retórica indianas. Amei o produto final: uma mescla de duas tradições em algo único;.

A luta de King
Criado em uma família religiosa, Martin Luther King formou-se em teologia e, em 1954, tornou-se pastor de uma igreja batista no Alabama. Mas foi no ano seguinte que sua vida ganhou o caminho da política. Ao saber da recusa da costureira negra Rosa Parks em ceder o assento no ônibus a um passageiro branco, liderou um boicote pela desegregação dos transportes públicos nos Estados Unidos. A manifestação ; que durou mais de 300 dias ; foi só o começo de uma luta incansável pelos diretos humanos, que lhe rendeu, em 1964, o Prêmio Nobel da Paz.

;Quis reforçar o compromisso de Luther King em sua luta, que enobreceu as pessoas em vez de degradá-las. Ele sentiu que a luta melhorava as pessoas e fez o máximo para não degradar a cultura afroamericana e igualá-la à luta pela dignidade humana. Quis refletir isso no trabalho porque penso será importante para as gerações futuras;, comenta Arthur Flowers, que fez questão de refletir uma imagem mais complexa (e completa) do líder negro.

Colaborou Felipe Moraes

Vejo a terra prometida
De Arthur Flowers, com ilustrações de Manu Chitrakar e design de Guglielmo Rossi. WMF Martins Fontes. Preço médio: R$ 44

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