Diversão e Arte

30ª Feira do Livro aposta em atrações infantis e diversidade de palestras

Ricardo Daehn
postado em 17/11/2011 09:00

Tino Freitas conta histórias para atenta plateia infantil

;O livro, na minha época, ficava na prateleira. Aqui, não. Vi mães sentadas no chão, interagindo com os filhos e com os livros;, disse, em tom de comemoração, a pedagoga Roseane Bezerra. Recém-chegada de Fortaleza, ela foi estimulada pelos comentários ouvidos de colegas para comparecer à 30; Feira do Livro de Brasília, que tem programação até domingo, no Pavilhão de Exposições do Parque da Cidade. ;A impressão geral é muito boa: parece que querem abranger todos os leitores;, comentou ela, que levou os filhos Igor Alves, 13 anos, e Ítalo, 7 anos, para acompanhar o desempenho do contador de histórias Tino Freitas, numa arena lúdica. ;É legal a maneira dele falar com as crianças. Ele contou de viagens, algumas nos livros;, comentou Igor, aluno do Colégio Militar. Ao contrário dos dias anteriores, o feriado teve um movimento maior de pessoas.

Às vésperas de lançar o livro Os três porquinhos de porcelana (amanhã, na feira), Tino Freitas ; que é mediador do projeto infantil Roedores de Livros, na Ceilândia ; deposita esperanças de que os livros vendam, mas não toma o comércio como fim. Inseparável das obras, durante a apresentação, e ocasionalmente munido de recursos musicais, Tino provou o magnetismo junto a 70 crianças. ;Venho para entreter. Como retorno do público tenho a motivação para contar, futuramente, uma história ainda melhor. O contato com as crianças é muito verdadeiro;, observa o autor, há cinco anos cercado pelo universo dos pimpolhos.

Bastante assediada, nos corredores da feira, a patrona do evento Dad Squarisi ressalta a diversificação como ponto estratégico da feira, pelos espaços como o terceira idade, o da Arena Cultural e o reservado às palestras, no Café Literário. ;Estamos numa nova era de alfabetização: a internet exige que as pessoas leiam cada vez mais;, comenta a editora de Opinião do Correio. No sábado, o neto João Marcelo Squarisi lançará Horta em figurinhas, formatado por princípios ecológicos.

Monstro escuro
Sem distinções entre leitores jovens ou adultos (;eles têm o mesmo peso;), a palestrante Marina Colasanti, na última quarta, dividiu com o público o bom momento de ter vencido o prêmio Jabuti, numa carreira que alcança 33 publicações. ;O ego expandido é uma falta de elegância. Claro que há o orgulho e prazer pela ressonância de um trabalho. O ego dilatado invalida você;, comentou, para o público de 50 interessados. Recentemente premiado, Antes de virar gigante e outras histórias, na opinião dela, ganha unidade, em muito, com as ilustrações dela, sempre animada com a técnica do óleo sobre tela. Diferentes escalas de leitores é motivo de ânimo. ;O envolvimento, na escrita, é o mesmo. O monstro escuro debaixo da cama, que num texto pode assustar crianças, é aquele monstro que mora no nosso coração: está no medo da vida, da morte e do abandono;, exemplificou.

Leitora desde os 4 anos de idade, a estudante Gabriela Garavelli, 17 anos, estranhou a falta do público da idade dela, pelos corredores da feira. Depois de adquiri o livro Mentes inquietas e um exemplar de mangá, ela arriscou atrelar o relativo desinteresse dos jovens com as facilidades de leitura dadas pela internet. ;Vim à feira para me informar do novo e para trazer minha filha;, comentou, a mãe de Gabriela, ;sempre crucificada, por causa dos pais professores;, Isa. Também consumidora, ela percebeu certo interesse dos vendedores de popularizar o livro. ;O pessoal deve estar comprando mais;, avaliou a professora de português aposentada.

Numa rotina de conferências, traduções e publicações de artigos ; ;além do cuidado de quatro filhos e de um gato; ;, o tradutor israelense Yoram Meltcer dividiu parte da sistemática de trabalho com o público atento às experiências dele com espanhol, francês, catalão, português e italiano. ;É muito bonito ver nos diferentes países, o mesmo público, que tem brilho nos olhos;, comentou. Há 20 anos na lida, ele responde por versões para obras como as de Julio Cortázar e de António Lobo Antunes (Os cus de Judas e Auto dos danados), ele pontuou desafios ;pessoais e textuais;. ;A língua é intraduzível, o objeto do tradutor é o texto;, disse Meltcer. Na plateia, o escritor Nelson Carvalho (A noite em que dormi com Che) comemorava a oportunidade do encontro propiciado pela feira. ;Imagina! Levar para o hebraico os nossos livros. Que experiência fascinante!”, concluiu.

Uma história sertaneja
O escritor e comunicador Clayton Aguiar lança hoje o livro Chico Rey e Paraná ; Eu vivi essa história, que narra as dificuldades de uma vida no campo e os grandes obstáculos para alcançar o sucesso em uma área tão competitiva, como o mundo da canção sertaneja.

A dupla Chico Rey e Paraná, completou 30 anos de carreira neste ano e teve como primeiro empresário o próprio Aguiar. O livro, com 5 mil exemplares na primeira edição, foi impresso na Editora Qualidade e será lançado na Feira do Livro de Brasília, no Pavilhão do Parque da Cidade, às 18h, com a presença da dupla. Durante a sessão de autógrafo acontecerão pocket-shows com vários artistas. Preço: R$40.

Programe-se
Hoje

; Das 15h às 16h, Cantando histórias (oficina promovida pelo Instituto Cervantes, com Patrícia Mello e André Brito)
; Das 16h às 17h30, Oficina de ilustração (enfoque infantil, com participações de Phillipe Devaine e Jô Oliveira)
; Das 16h30 às 17h30, Heidi Huber (recital poético com a autora alemã)
; Das 18h às 20h, no Café Literário, mesa-redonda em torno de políticas públicas (participações do secretário de Cultura do DF, Hamilton Pereira,
e do autor Bartolomeu de Queirós, além do representante do MinC, Fabiano Piúba, diretor do Livro e da Leitura)
; A partir das 20h, Café Camões (palestra com o autor português Álamo Oliveira)

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