Diversão e Arte

Mostra destaca a resistência dos afrodescendentes latino-americanos

postado em 22/11/2011 08:57
Obras de Liliana Angulo mostram o trabalho de cabeleireiras, especializadas em penteados afrosO uso do cabelo afro como representação de uma identidade cultural é o tema da exposição Quieto Pelo. Fotos e vídeos produzidos pela colombiana Liliana Angulo mostram o trabalho de cabeleireiras, especializadas em penteados afros, de comunidades da Colômbia e de Havana, capital cubana. Ela utiliza o penteado como expressão de beleza e também como símbolo de resistência política, contra o preconceito.

A artista explica que o projeto surgiu do interesse de analisar como a tradição de arrumar os cabelos se conserva até hoje entre as populações da diáspora africana na América Latina. ;Os penteados têm códigos e significados. Negros escravizados costumavam esconder nos penteados o ouro das minas, para depois comprarem sua liberdade; era uma prática comum. Quando fugiam também, guardavam nos cabelos as sementes para cultivar em outro lugar. Então, são muitas histórias que as pessoas estão resgatando, histórias que se ligam com formas de resistência cultural;, destaca a colombiana.

A estética visual também é um atrativo da exposição. Para Liliana Angulo, esses penteados reafirmam a beleza negra, pois ;ainda existem pessoas que associam o aspecto físico a termos pejorativos: ;ai, que cabelo feio;, ;vai domar o pelo;, ; ai, cabelo ruim;. Aí algumas pessoas alisam os cabelos para não se sentirem excluídas. Isso é ruim, porque compromete a resistência cultural e social;. E foi a partir dessas expressões que, ironicamente, surgiu o nome da mostra, em alusão a ;pelo quieto; (cabelo sarará).

Apesar de trabalhar há quase uma década com a temática da afro-descendência na América, Quieto Pelo ;é um projeto um pouco distinto, porque tem a participação das pessoas, é uma construção coletiva;. A interação com o público ocorre com a presença de cabeleireiras que fazem penteados ao vivo. Essa experiência já foi feita em Cuba e na abertura da mostra, em Brasília.

Liliana Angulo diz que esse conjunto de ideias e ações tem o objetivo de registrar uma tradição e mostrar para as pessoas que a cultura da África está ;viva; e presente nos países americanos. ;As pessoas afrodescendentes precisam se afirmar;, defende ela.


Quieto Pelo
Caixa Cultural (SBS, Q. 4, Lt. 3/ 4; 3206-9448). Até 18 de dezembro.
De terça a domingo, das 9h às 21h.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação