A turnê de Ringo Starr, 71 anos, pela América do Sul, não decepcionou. Principalmente, em sua passagem pelo Brasil, que alcançou grande sucesso. Nas quase duas semanas em que esteve no país, o ex-beatle pôde perceber o quanto ainda é querido pelos fãs. As sete apresentações no circuito de capitais tiveram sempre casa cheia, além de toda a histeria produzida somente por um integrante do quarteto de Liverpool.
O músico e sua All Starr band abriram a temporada tupiniquim em Porto Alegre (18/11), onde tocou em um Gigantinho lotado. Em seguida, fizeram dois shows em São Paulo(12 e 13/11), um no Rio de Janeiro (15/11), um em Belo Horizonte (16/11) e um em Brasília (18/11). A despedida do país ocorreu em Recife (20/11), numa apresentação idêntica às anteriores, que contagiou os pernambucanos. Ringo deve voltar para Los Angeles com uma excelente impressão dos brasileiros, pois o baterista foi aclamado por onde passou. Durante entrevista coletiva na cidade do México, no fim de outubro, ele disse que estava curioso para conhecer o Brasil. ;Não estou criando expectativas. Vou ver o que tem para ser visto;, afirmou.
Como ocorreu em outras cidades, a passagem de Ringo por Brasília colocou os beatlemaníacos em êxtase. O pessoal aproveitou a chance de ver pela primeira vez um ex-beatle de perto para mostrar todo o frisson que a banda ainda é capaz de provocar. Camilha Padilha, 15 anos, é um caso clássico. A estudante é fã de carteirinha da banda que nunca viu. Durante o show na cidade, a jovem distribuiu 150 balões amarelos utilizados para decorar a música Yellow submarine (submarino amarelo, em inglês).
Ela manteve o primeiro contato com os garotos de Liverpool ao ouvir Hello goodbye em uma propaganda na televisão. Mas a paixão só começou por conta de um romance frustrado. Quando tinha 14 anos, Camila começou a se interessar por um jovem apaixonado pelos Beatles. Na tentativa de conseguir uma chance, a estudante passou a escutar o grupo diariamente. ;Eu não tive nada com ele, mas o amor pelos Beatles continuou;, conta.
O publicitário Eduardo Bonfim, 49 anos, acompanha a banda há 40 anos. O fanatismo é tão grande que ele escreveu e ilustrou um livro (Os barbudões) de quadrinhos sobre os Beatles. ;Eu conto a história do quarteto mais importante da música em 128 páginas de forma diferente;, explica.
Esquisito
Ringo é um popstar com algumas manias pouco simpáticas. Uma delas, por exemplo, é a de não cumprimentar as pessoas com apertos de mão por conta do medo de se infectar com germes e vírus. Ao chegar a Brasília, ele fez uma série de exigências. Logo na chegada, o músico desceu do jato direto para o carro e abandonou o aeroporto. Ainda em sigilo, aproveitou para conhecer alguns monumentos e pontos turísticos da cidade. Segundo os produtores que acompanharam o passeio, ele achou a cidade muito bonita e ficou encantado com a arquitetura e com o céu aberto de Brasília.
No hotel Meliá Brasil 21, o ex-beatle e sua equipe alugaram 35 suítes. Ele ficou com a Mata Atlântica, de 150m; e equipada com uma Jacuzzi. O astro exigiu temperatura de 22;C no quarto, decoração com lírios e uma máquina de gelo. O último item causa estranheza, pois o músico não bebe álcool ; anos antes, ele esteve envolvido em graves problemas com bebidas e drogas.
No frigobar, Ringo pediu frutas variadas e gengibre. Também encomendou uma lista com os melhores restaurantes da cidade, na qual, certamente, não constavam churrascarias. O astro é vegetariano radical. O nome das obras de Oscar Niemeyer também foi pedido pelo músico, que já declarou ter muito interesse por arquitetura. No hotel, o ex-beatle aproveitou para cuidar da boa forma na academia, com a exigência de que os fãs e os professores não o incomodassem.
Paz e amor
Depois de ter se afundado em álcool e drogas no anos 1980, Ringo Starr segue uma linha mais tranquila. A marca do músico, atualmente, é o lema hippie ;paz e amor;, repetido, exaustivamente, durante todas as apresentações da turnê. Em Brasília, o astro tocou vestindo uma camisa com o símbolo pacifista. Outra manifestação é a canção Give peace a chance, interpretada no encerramento de todos os shows. Nas fotos, o ex-beatle é flagrado constantemente exibindo um V com as mãos, que simboliza o lema hippie.