Diversão e Arte

Léa Penteado narra detalhes da apresentação de Roberto Carlos em Jerusalém

postado em 25/11/2011 08:47

São Paulo ; O faro de repórter de uma jornalista tarimbada diante de um espetáculo único resultou em 173 páginas de emoções. Léa Penteado lançou, na última quarta-feira, em São Paulo, o livro Um show em Jerusalém, o Rei na Terra Santa, reunindo um registro tocante da apresentação histórica que o cantor Roberto Carlos fez em Jerusalém, em 13 de setembro. A obra já está nas livrarias e promete rivalizar com o CD e DVD que o Rei costuma lançar no fim do ano, quando se trata das tradicionais trocas de presentes em festas de fim de ano. ;Um grupo de brasileiros teve a ideia de produzir esse show e o Roberto Carlos quando soube ficou mudo. Em seguida, mandou tocar a produção;, conta Léa.

O livro é uma grande reportagem sobre o trabalho da produção brasileira em Jerusalém, dando enfoque aos problemas da realização do espetáculo, principalmente pela dificuldade de compreensão da língua, discrepância cultural e tensão por se tratar de uma zona de guerra iminente. Cláudia Shembri, que também fotografa o projeto Emoções em Alto-Mar desde 2006, em que o Rei se apresenta em iates de luxo, fez todo o registro das imagens do show na Terra Santa e seus preparativos. Pelo menos 120 dessas imagens ilustram o livro de Léa.

Uma das fotos mais marcantes é a que mostra o cantor emocionado ao ajoelhar-se para tocar a Pedra da Unção, onde Jesus teria sido colocado assim que foi retirado da cruz para ser limpo e enrolado em panos. A pedra, muito visitada por turistas religiosos, está localizada na entrada do Santo Sepulcro. Exercendo a profissão de repórter, Léa passou por veículos importantes e atuou na área de comunicação de eventos importantes, como as três primeira edições do Rock In Rio, e foi diretora de conteúdo da primeira edição do Rock In Rio Lisboa. É autora do livro Um instante, maestro, sobre a vida do apresentador Flávio Cavalcanti.

Essa bagagem cultural e a sua experiência de repórter foram fundamentais para escrever o livro. ;O repórter vê uma boa história em tudo. Quando começamos a produzir o show, eu vi que ali tinha uma boa história para contar;, diz a escritora. O livro está recheado de curiosidades sobre a apresentação do Rei na cidade sagrada.

Uma das produtoras do show, Rose Batista, relata que as maiores dificuldades do processo de produção foi a comunicação com os técnicos locais, que não entendiam nada de português nem inglês e não estavam acostumados com o ritmo dos brasileiros. ;Tivemos que nos adaptar. Toda sexta-feira, assim que o sol se põe, eles param de trabalhar para celebrar o shabat até a tarde do sábado. Nesse tempo, não usam nem o elevador para não apertar o botão. Na crença deles, apertar o botão do elevador demanda energia física num dia que tem que ser reservado ao descanso semanal para serviços religiosos;, conta.

Espetáculo
Léa teve a ideia de escrever o livro em março, quando o projeto começou a ser desenhado. Segundo ela, assim que ficou decidido que o show seria transformado em espetáculo para a televisão, percebeu que aquele acontecimento também merecia um registro impresso. ;Há muitas histórias curiosas, como uma que envolve o cenário, que foi todo criado pela May Martins, brasileira. Esse cenário foi todo erguido por uma equipe de Israel;, conta Léa. De acordo com ela, o livro vai servir de documento porque o show vai ficar na memória, mas os detalhes de como tudo foi feito acabariam no esquecimento.

Um dos maiores acertos do livro foi não entrevistar Roberto Carlos. Nos 14 capítulos da obra, não há uma única aspa do Rei colhida pela autora. E é justamente o olhar de observadora de Léa que enriquece o livro do ponto de vista jornalístico. ;O meu texto é de observação de tudo a distância. Apesar de conhecer o Roberto há mais de 40 anos, preferi ficar de longe para relatar com minhas palavras as sensações, o olhar dele atento aos lugares. Tenho muito mais para escrever sobre isso do que se tivesse uma frase dele;, justifica.

O lançamento em São Paulo reuniu centenas de fãs do Rei e pessoas que foram ao espetáculo em Jerusalém. A empresária Bia Aydar, 55 anos, conta que já assistiu a mais de 50 apresentações de Roberto Carlos, mas nenhuma delas se compara ao show em Jerusalém. ;Aquele espetáculo foi mágico. Não dá para descrever em palavras. Havia ali uma energia contagiante que ninguém imaginava existir;, conta. Bia já embarcou em dois cruzeiros para ver Roberto cantar e comprou ingressos para os dois shows que ele fará em São Paulo, inclusive para a apresentação extra. ;Não me canso de vê-lo cantar;, admite, elegendo Emoções como a melhor canção do artista.

SAIA JUSTA
O prefeito de Jerusalém, Nir Barkat, pediu para subir ao palco em que Roberto Carlos se apresentaria fazer um discurso. Como o espaço onde foi montado o espetáculo havia sido alugado, a produção ficou mais à vontade em negar tal pedido. Mas a saia justa teve que ser resolvida com diplomacia. Com receio de retaliação, a produção participou da gravação de um vídeo em que o prefeito dava boas-vindas ao Rei. Barkat ficou tão agradecido que concedeu o título de embaixador de Jerusalém no Brasil a Roberto.

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