Antes mesmo de terminar o ano, o Centro Cultural Banco do Brasil já divulgou a programação do ano que vem. O centenário de Nelson Rodrigues, a Amazônia, a arte indiana, Pixinguinha, Luchino Visconti e Shakespeare são algumas das opções do cardápio artístico que recheará as agendas culturais dos brasilienses.
A proposta da curadoria é oferecer, além de ineditismo, circunstâncias que aproximem o espectador de seu objeto artístico. ;Sempre que possível, queremos oferecer uma experiência diferente, transformando o espectador em protagonista. Queremos que ele chegue aqui de um jeito e vá embora se sentindo diferente;, explica a gerente-geral do CCBB Brasília, Paula Sayão. Nessa linha de atuação, um exemplo é a série Quatro semanas de amor, que reunirá em quatro noites diferentes ícones da música brega/romântica do Brasil. Antes das apresentações principais, a própria plateia poderá testar seus dotes vocais.
Outro exemplo é a instalação O espelho, da professora da Universidade de Brasília Simone Reis, em parceria com o australiano Iaim Mott. Inspirada em um conto homônimo de Machado de Assis, a obra ofertará a experiência de estar dentro de um espelho. As galerias ainda serão ocupadas por uma mostra de Antony Gormley, artista londrino que usa o próprio corpo como molde para suas criações. A temporada será aberta por Game on, uma retrospectiva que visita todos os videogames da história. Até Pixinguinha ganhará uma exposição interativa, com vídeos, músicas e terminais para pesquisa.
Paródia
Os palcos serão ocupados por artistas com propostas diversificadas. A primeira montagem teatral do ano será Filha, mãe, avó e puta, com Alexia Dechamps. A peça conta a história da prostituta Gabriela Leite, defensora dos direitos da classe e criadora das ONGS Davida e da grife Daspu (uma paródia com a loja Daslu). Jukebox ; uma ficção científica musical, montagem dirigida por Emílio de Mello e Flávio Graff, também aposta na participação do público. Ao entrar no teatro, alguns espectadores poderão escolher músicas no aparelho, e essas escolhas determinarão os rumos de performance.
As efemérides (datas comemorativas) também terão suas vez. Luiz Gonzaga ganhará homenagem por seu centenário. Os setenta anos de Clara Nunes serão celebrados em Contos de areia. ;Também fizemos questão de incluir alternativas para crianças, além da programação local;, afirma a gerente do espaço. Um exemplo disso é a mostra Shakespeare animado, composta por 12 textos do dramaturgo adaptados para diferentes técnicas de animação. Dentre as propostas de artistas da cidade, está o Udigrudi e a orquestra em conserto, espetáculo em que a trupe circense desenvolveu instrumentos musicais com objetos inusitados. Hugo Rodas, diretor veterano da cidade, levará ao palco seu espetáculo Tá boa santa ; uma homenagem ao Dzi Croquettes, grupo brasileiro que se tornou símbolo da contracultura nos anos 1970. O poeta Nicolas Behr fará um recital ambulante de seus poemas, acompanhado por carrinhos de pipoca, em Pipocando poesia.