Diversão e Arte

Diva no teatro, Dina Brandão lança o primeiro livro solo de poesia

postado em 29/11/2011 08:48

Desde 1977, Dina Brandão estava prenhe de um rebento que se alimentou e cresceu em seu útero até irromper hoje ao mundo. O filho poético, batizado de Do amor e seus descabelos, corre solto, livre das entranhas, e enche o leitor de possibilidades com versos, missivas, ensaio e o que a autora chama de plano de voo. Conhecida e respeitada no DF pelo exercício de atriz (para muitos, é uma diva), ela lança o primeiro livro solo depois da parceria com Vicente Sá em Ironia dos deuses, naquele distante 1977. ;Foi uma obra feita bem no clima mimeógrafo, eu datilograva as poesias na máquina Olivetti de meu pai, depois recortávamos e colávamos tudo artesanalmente. Vendemos tudo na noite de autógrafos;, ri Dina.

Trinta e quatro anos depois, o nascimento de Do amor e seus descabelos obedece a outros procedimentos. Dina Brandão juntou as economias e pagou do bolso a edição caprichada e vistoriada pelo seu olho clínico. O livro tem belíssimas ilustrações de Tânia Botelho, prefácio do jornalista Fernando Marques e orelha de Vicente Sá: ;Quem viu não esquece jamais. Uma pequena poetisa-bailarina de cabelos esvoaçantes a passear de mãos dadas com a poesia pela grama do Elefante Branco e pelas quadras de Brasília dos anos 1970;, escreve o amigo.

O que Vicente Sá viu em certa medida está espalhado pelas páginas de Do amor e seus descabelos, que é lançado hoje, às 19h, no Café Savana (116 Norte), numa noite em que Dina Brandão promete estar como seus versos: ;Ontem desaguei um temporal./ Inundei minha casa, as ruas, as quadras./ Saí encharcando de lágrimas/ O cerrado do Planalto Central;.

O livro segue entre poemas numa viagem pelo tempo lúdico de Dina Brandão e recai em missivas sem destinatário, prosas poéticas sobre amores de todas as naturezas: ;Ganhei também umas mangas bem madurinhas que chupei com uma boca tão gostosa de atrair abelhas fora de órbita, disputando o melaço que eu deixava escorrer pelos braços, e o queixo amarelo de tanta manga!”.

Leia poemas do livro:

Jejum
Laço com o meu olhar
Tudo que me é aprazível
Ao olfato e ao paladar
Às vezes a fome me engole
Ora a gula me devora

Notícia

A imprensa com seus impropérios
Derruba impérios


Selva Concreta

Flagrei um beija-flor

Tentando extrair o néctar

Da flor pichada no muro

Com certa elétrica.

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