Diversão e Arte

Estrela de Gato de botas, Antonio Banderas comemora os 51 anos de vida

Ricardo Daehn
postado em 04/12/2011 08:00
Prestes a despontar nas salas de cinema (neste fim de semana, está em pré-estreia), em cópia dublada ou com legendas (numa versão com as vozes dos astros Antonio Banderas e Salma Hayek), Gato de botas é daqueles filmes que não se restringem ao público infantil. ;Não se trata de fórmula. Eu não consigo segmentar os públicos e, sim, buscar, sem esforço, agradar aos pais que deixaram as salas faz um bom tempo. Às claras, é um projeto naturalmente para divertir as famílias, com as risadas. Cuidei só para não exagerar na busca do que traz graça;, adianta-se em esclarecer o diretor da animação Chris Miller (Shrek terceiro).

;O filme tem um viés educativo. O interessante é saber que o público infantil anglófilo perceberá isso. Quando cheguei a Hollywood, tinham me categorizado ; ;você será o malvado, o narcotraficante, o assaltante;. Mas isso foi sendo dissipado. É divertida a revisão de padrões antes estipulados;, comemora Antonio Banderas, que, há quase uma década, no cinema, empresta a voz ao famoso personagem criado pelo francês Charles Perrault.

Numa versão embaralhada e adulterada dos contos de fada, que segue a cartilha de Shrek, o personagem título ganha, nas palavras do astro espanhol de A pele que habito, ;revisão, sob a perspectiva de cinquentões;. Aos 51 anos, o ator não renega as antigas referências para a composição, entre as quais o personagem Zorro, recriado por ele para Hollywood. ;Há muito de outros papéis e de minha persona. São 10 anos com a trupe, período em que me tornei uma esponja: os criadores repassam meu comportamento, desde a forma pela qual olho para as mulheres. Eles jogam o que veem dessa convivência no personagem;, observa.

Rápido no gatilho, Antonio Banderas desfaz qualquer suspeita em torno de ;um Shrek 5;. ;Há homenagens diretas a cineastas como Sam Peckinpah e Sergio Leone, dados divertidos do western, como a divisão da tela;, explica. Se muitas das cópias de Gato de botas chegarão dubladas ao Brasil, isso não incomoda a dupla de atores. ;O filme traz uma nova dimensão, na frente de trabalho da DreamWorks, pelo fato de os atores não desempenharem falas apenas em inglês. Mesmo com a dublagem em cima do nosso trabalho de voz, acredito que existam atores magníficos que podem transpor nossas composições;, assinala a atriz de A balada do pistoleiro.

Heróis com sotaque
Gato de botas ; ;filme de maior orçamento com um personagem espanhol;, como sublinha Banderas ; é celebrado como conquista pela indicada ao Oscar (por Frida): ;Os heróis do filme têm sotaque!”. Descrita pelo colega de elenco como uma batalhadora, ;independente e liberária;, Salma Hayek teve a personagem talhada para ela (que ;ainda arrebata corações;, como exalta Banderas).

;Esses gatos (do filme) são genuínos, pois nos filmaram e os desenhos seguiram nossos movimentos, a nossa interação e os nossos improvisos. É uma verdadeira contribuição artística. Tivemos dois anos e meio para a criação;, conta a atriz. Atento para a necessidade de ter a fita dublada em países diversos, Banderas pretende ver os amantes da ;arte chamada animação; comparecerem às salas, por causa das ;inovações tecnológicas e pelo teor da narrativa;. ;Não é decepcionante me ver dublado ; isso é parte de um processo. Nós criamos em cima de um rascunho. Demos personalidade, alma e coração para as personagens, para além do trabalho de dublagem;, diz.

Numa matiz discreta, se comparada à carga dos tipos calientes já interpretados pelo casal de atores, a sensualidade ainda ressona em Gato de botas. Estar na lista dos mais sexies, uma constante (ainda que na maturidade), pode até ser algo limitador, mas não há escapatória. ;Não posso lutar contra: sou conhecido como amante latino. Sou o ator, na indústria de cinema, que mais fez personagens gays e, ainda assim, sou o amante latino. Quando envelhecer, aliás, vão me tomar pelo ;cara que era um amante latino; (risos). Não há nada que possa ser feito. Em Hollywood, fiz filmes de terror, musicais, filmes infantis, fiz fitas de ação, contudo, sou sempre o amante latino. Cabe a mim me divertir muito, deixar tudo isso para trás e seguir adiante;, explica Banderas.

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