Diversão e Arte

Com 82 títulos publicados, James Patterson lança cinco obras no Brasil

postado em 05/12/2011 08:10

James Patterson ensina a fórmula para o sucesso editorial: escrever pensando somente nos leitoresO nova-iorquino James Patterson não é o melhor escritor do mundo. Mas, certamente, sabe se promover como poucos. Sua página oficial (jamespatterson.com) é um delírio para os leitores de romances policiais: dezenas de capítulos de graça, compra antecipada do seu título mais recente, Kill Alex Cross, aplicativos para iPad e iPhone e até uma coluna de filmes recomendados, com breves resenhas ; ;De novo, não! De novo, sim! De novo, nunca mais!”, ele postou sobre o novo Os três mosqueteiros.

Para se ter uma ideia da popularidade do autor, basta checar os números: quase 2,5 milhões de fãs no Facebook e cerca de 220 milhões de volumes vendidos no planeta. Agora, ele quer também fisgar os leitores brasileiros e lança no país 4 de julho, O dia da caça e O diário de Suzana para Nicolas (Arqueiro). Até o fim do mês, chegam mais duas novidades, Eu, Alex Cross e 5; Cavaleiro.

A fórmula para o sucesso editorial, justifica Patterson, é simples: escrever pensando somente nos leitores e, de vez em quando, acatar as dicas do filho, Jack, quando precisa de informações sobre os gostos dos adolescentes. ;O fator mais importante é verdadeiramente escutar os leitores e dar o que eles querem. Percebi cedo que ter aclamação da crítica é bom, mas ter um público de leitores apaixonados e devotados é ainda melhor. Sempre fico pensando no que os deixarão animados e o que fazer para que eles voltem e queiram mais;, diz ele, em entrevista por e-mail.

Detetive psicólogo
Se na seara da ficção científica ou da fantasia, é comum estender as fábulas em vários volumes, Patterson faz a mesma coisa nos thrillers que escreve desde 1976. O psicólogo e detetive Alex Cross, por exemplo, é o seu personagem favorito: acumula 18 livros ; O dia da caça é o 14;. Além de outras séries policiais populares, como a do Clube das Mulheres Contra o Crime, o norte-americano também experimenta em obras destinadas ao público jovem. Os sete livros da franquia Maximum Ride representam o seu voo a bordo da ficção científica.

;Posso voltar aos mesmos personagens várias vezes, como Alex Cross e Lindsay Boxer, mas sempre estou usando novas situações, aumentando os riscos, avançando na vida pessoal de cada um. São algumas das razões que fazem a elaboração de uma série algo tão divertido ; você cresce e se desenvolve junto aos personagens. Agora, com romances para o público infantil e jovem, estou aprendendo a lidar com outros leitores. E, cara, eles são difíceis;, brinca.


Com uma produção quase industrial de romances ; 82 livros, vários em colaboração com outros autores ;, ele não teme o avanço da leitura digital. ;O mercado está mudando, e, para mim, ler ficou melhor. Gosto de um bom título de capa dura quanto estou lendo em casa, numa manhã de domingo ; mas ebooks fazem sentido quando tenho uma semana de viagem pela frente e não posso levar seis volumes de Nova York para Los Angeles ou Flórida. Não vejo a hora de ver o quanto os hábitos das pessoas vão mudar;, analisa.

Abaixo, trechos do livro Eu, Alex Cross (editora Arqueiro), de James Patterson.

"Ninguém nunca tinha estado tão morto, ou sido tão burro, quanto ele agora. Johnny Tucci teve certeza disso enquanto saía do meio das árvores e começava a descer, delizando, uma ribanceira que havia ao lado da rodovia.

Ele talvez pudesse se esconder daqueles tiras, mas não da Família. Nem na cadeia nem em qualquer outro lugar. Isso era um fato. Não se perdia um "pacote" como aquele sem que você mesmo se tornasse um pacote.

Vozes surgiram de cima do barranco, seguidas por fachos de luz dançantes. Johnny atirou-se no chão e se escondeu debaixo de um aglomerado de arbustos. Ele tremia dos pés à cabeça, seu coração tão acelerado que chegava a doer, seus pulmões ofegantes por conta do excesso de cigarros. Era quase impossível ficar parado, em silêncio.

Ai, merda, estou morto.

- Está vendo alguma coisa? Está vendo aquele desgraçado? Aquele doente?
- Ainda não. Mas nós vamos pegá-lo. Ele está aqui embaixo em algum lugar. Não pode ter ido longe.

Os policiais se dividiram, indo cada um para um lado, descendo a ribanceira. Muito calculistas e eficientes.

EU, ALEX CROSS
De James Patterson. Tradução: Fabiano Morais. Arqueiro, 224 páginas. R$ 24.

O DIA DA CAÇA
De James Patterson. Tradução: Fabiano Morais. Arqueiro, 224 páginas. R$ 24,90.

O DIÁRIO DE SUZANA PARA NICOLAS
De James Patterson. Tradução: Cássia Zanon. Arqueiro, 224 páginas. R$ 24,90.

4 DE JULHO
De James Patterson e Maxine Paetro. Tradução: Marcelo Mendes. Arqueiro, 224 páginas. R$ 24,90.

5; CAVALEIRO
De James Patterson e Maxine Paetro. Tradução: Marcelo Mendes. Arqueiro, 224 páginas. R$ 24.

Quatro perguntas - James Patterson

O que 4 de julho, do Clube das Mulheres, e O dia da caça, mais um de Alex Cross, acrescentam ao seu repertório?
Em O dia da caça, envio Alex para a África, num lugar em que ele está completamente sozinho, e onde um distintivo não significa nada. É uma situação em que ele nunca esteve antes. Da mesma maneira, em 4 de julho, Lindsay Boxer enfrenta tarefas policiais brutais, num julgamento que aterroriza a nação ; Lindsay é durona, mas nunca foi forçada a defender sua honra dessa maneira. Então, em cada um desses livros, estou tirando os personagens da zona de conforto. Os leitores saberão como eles reagem sob extrema pressão e aprenderão mais sobre suas motivações e personalidades.

Mudar de locação é sempre positivo quando você está escrevendo romances policiais?
Não necessariamente. Só é positivo quando ajuda a desenvolver a história de uma maneira não forçada, natural. Sou cuidadoso para ter certeza de que todos os elementos dos meus livros servem ao propósito maior de entreter os leitores e mantê-los envolvidos. Mandar Alex para a África foi importante para a trama, mas, de outro modo, eu não teria feito isso.

Mistério e suspense são gêneros populares entre os leitores, nem tanto entre os críticos. Como você lida com a opinião especializada positiva ou negativa?
Bem, é muito fácil lidar com a positiva! Quanto à negativa ; eu não escrevo para os críticos ;, devo dizer que escrevo para os meus fãs. Sei que nem todo mundo vai amar o que faço, mas, no fim, milhares de pessoas estão esperando pelo meu próximo lançamento. É assim que escrevo, e é nisso que eu foco. Nos últimos anos, comecei a dedicar tempo e energia para estimular as crianças na leitura. Criei um site chamado readkiddoread.com, onde pais, professores e outros adultos podem obter ótimas recomendações de livros para crianças de todas idades e doar dinheiro para ajudar os estudantes a comprarem livros, por meio do meu programa College Book Bucks. Quero que o meu legado seja esse, o de um estimulador do hábito na leitura nos Estados Unidos. Isso é bem mais importante pra mim que a aprovação dos críticos.

Saíram notícias sobre o novo filme baseado em Alex Cross, que já foi interpretado por Morgan Freeman em Beijos que matam (1997) e Na teia da aranha (2001). Você gosta de ver suas criações no cinema?
É uma emoção enorme ver minhas palavras ganharem vida na tela. Sou um grande fã de filmes ; vejo quase todos os lançamentos ;, então, é ótimo fazer parte desse processo do começo ao fim. Tyler Perry está atuando como Alex nesse novo filme e, pelo que vi, ele está fazendo um belo trabalho. Ele tem uma presença física imponente na tela e absorve bem a inteligência e a força de Alex. Mal posso esperar para ver o filme.

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