postado em 13/12/2011 11:09
Nascido Clint Eastwood Junior, em 31 de maio de 1930, em São Francisco, numa família protestante de ascendência escocesa, irlandesa e alemã, um dos cineastas e atores mais reconhecidos da atualidade não nasceu para ser o autor celebrado que será descortinado na retrospectiva Clint Eastwood ; Clássico e Implacável, de hoje a 8 de janeiro, em sessões gratuitas no Centro Cultural Banco do Brasil. Eastwood, hoje com 81 anos e em plena atividade, iniciou a carreira artística em 1955, numa época em que atores jovens e com o mesmo perfil só encontravam o sucesso no papel de galã conquistador. Fez pontas em filmes B, como Tarântula, até encarar um projeto arriscado, que soava meio estranho para os ouvidos de norte-americanos incrédulos: os faroestes à italiana.O diretor Sérgio Leone estava recrutando atores para um filme rodado na Europa, representando o período histórico de corrida do ouro no Oeste dos Estados Unidos. Eastwood conseguiu o papel de caubói e acabou estrelando três filmes do italiano: Por um punhado de dólares, Por uns dólares a mais e Três homens em conflito. Só depois de fazer sucesso em festivais de cinema do Velho Continente é que eles foram exportados para o resto do mundo.
;As escolhas que ele fez foram determinantes;, ressalta a curadora da mostra, Giselle Cardoso. ;Seus personagens são mobilizadores, chocam os espectadores por estar numa dualidade, na fronteira entre o bom e o mau. Eles são politicamente incorretos e de índole duvidosa. Eastwood tem a habilidade de juntar características contraditórias, mas sempre se entende o percurso que moveu o personagem até aquela atitude. Eles têm a própria moral.;
De volta aos Estados Unidos, Clint Eastwood firmaria uma sólida parceria com o diretor Don Siegel. Juntos, eles construíram o perfil do policial ;Dirty; Harry Callahan, disposto a interromper os disparos somente quando findava a munição de sua Magnum 44. ;A proposta da curadoria era pôr o foco no ator que absorveu diferentes personagens. Os principais da carreira dele são polêmicos. E os trabalhos dele como ator foram determinantes para o trabalho como diretor;, acredita Giselle.
Frank Morris, de Fuga de Alcatraz (1979), é outro deles. Mais uma parceria do ator com Siegel, foi também a oportunidade para Clint exercitar um pouco mais o trabalho atrás das câmeras (ele estreara como diretor em 1971, com o longa Perversa paixão). Enquanto Siegel filmava na Inglaterra, Eastwood comandava parte dos trabalhos de montagem de Fuga nos Estados Unidos.
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;A transformação que os personagens, geralmente solitários, atravessam, passando por alguma experiência no percurso, está presente do primeiro filme aos mais recentes dele. Essa abordagem dura e crua passou para a questão da própria mise-en-sc;ne. A estética de claro e escuro assume a dureza no tratamento das questões que ele coloca;, identifica a curadora.
A mesma construção é usada por Eastwood como diretor de 35 filmes. Em Invictus, longa-metragem sobre como a popularização do rúgbi ajudou a integração da África do Sul pós-apartheid, o retrato íntimo do então presidente Nelson Mandela (Morgan Freeman) é o de um homem solitário, isolado pelo poder e pelas diferenças étnicas em seu país. O perfil não é muito diferente do viúvo Walt Kowalski, de Gran Torino (2008). ;Gosto do processo, gosto de fazer filmes atrás da câmera tanto quanto gostei de ficar na frente dela todos esses anos. Eu apenas gosto;, declarou Eastwood.