Diversão e Arte

Livro conta histórias das cinco décadas de existência dos Rolling Stones

postado em 18/12/2011 12:35
Charlie Watts, Keith Richards, Mick Jagger e Ron Wood: livro narra os mágicos encontros do grupo

;Este não é o primeiro livro sobre os Rolling Stones. Na verdade, você pode apostar que também está longe de ser o último.; A declaração sincera, escrita na introdução de Rolling Stones: 50 anos de rock (Escrituras), é de Howard Kramer, ex-empresário, agente, gerente de turnês musicais e, desde 1996, curador do Hall da Fama do Rock and Roll. Numa edição que se equilibra entre belas fotos e textos ágeis, mas precisos, Kramer compõe um painel da interminável banda londrina. No ano que vem, o grupo completa um ciclo de cinco décadas de centenas de apresentações, discos clássicos, uma coleção de petardos pop e, claro, um histórico de drogas, bebidas, términos e retornos, mulheres, boletins de ocorrência policial, manchetes sensacionalistas. Pura rebeldia.

Até hoje, mesmo com rugas à mostra e alguma distância da rotina de gravar em estúdio ; o último trabalho é A bigger bang (2005) ;, esses blueseiros vertidos em roqueiros servem de modelo para qualquer conjunto de iniciantes. E, como outros gigantes que estouraram nos anos 1960, como The Beatles ou The Who, o início é marcado por uma sucessão de mágicos encontros.

O grupo com Brian Jones (C) no início da carreira, nos anos 1960;Se Mick Jagger e Keith Richards não estivessem esperando o mesmo trem na estação ferroviária de Dartford, se Alexis Korner não tivesse assinado um contrato com o Ealing Jazz Club para tocar r, se Brian Jones não tivesse colocado um anúncio nas revistas de música que resultou na resposta de Ian Stewart, se Bill Wyman não tivesse um amplificador decente ou se Charlie Watts tivesse tido mais cuidado com a segurança no emprego de artista gráfico, a história da banda não teria acontecido. Mas aconteceu;, lista Kramer.

Classe e desordem
Do início de banda cover de blues ; as bases de Chuck Berry e outros compositores e músicos falavam alto ; ao status de formação fundamental do rock mundial, no fim da década 1960, os Stones assumiam o lugar que era, pouco a pouco, deixado pelos Beatles. Já com o autodestrutivo Brian Jones saindo de cena ; foi encontrado sem vida em sua piscina, em 1969, aos 27 anos ;, os bad boys Richards e Jagger assumiram a linha de frente do mainstream, com um misto de classe e desordem. ;Tinham o visual, as músicas e um tino comercial nada desprezível para o mundo do show business. Por outro lado, os Stones possuíam algo picante que tornou sua música mais acessível. Não é exagero dizer que boa parte do rock norte-americano de garagem remonta a eles;, analisa Kramer.

A identidade sonora é tão indomável quanto as gigantescas turnês ; na de 2005-2007, a renda foi de US$ 300 milhões, só nos Estados Unidos: uma metamorfose que começa no blues, faz parada na psicodelia, pisca para o soul, o country e até o funk. As pedras preciosas do rock and roll estão gastas, mas continuam rolando morro abaixo ; numa queda que custa a terminar.

ROLLING STONES: 50 ANOS DE ROCK
De Howard Kramer. Editado por Valeria Manferto De Fabianis. Escrituras, 274 páginas. R$ 86.

Trechos

Banda de multidões
;Também chamada de turnê norte-americana, a viagem de 1981 só teve apresentações nos Estados Unidos. Talvez o clima canadense ainda estivesse um pouco hostil, e não fizesse sentido criar mais problemas se fosse possível evitá-los. As apresentações dessa turnê foram feitas principalmente em estádios, mas também em alguns anfiteatros e teatros. Os Stones foram os pioneiros de um novo aspecto do ramo dos concertos. A turnê de 1981 passou a ser a primeira a ter peso e um patrocinador. Dizem que a fábrica de perfumes Jovan pagou US$ 1 milhão para ter seu nome na turnê. Os próprios membros da banda não deram nenhum aval pessoal ao produto.;

Antes da morte de Jones
;Nos primeiros dias de junho de 1969, Jagger, Richards e Watts viajaram para a recém-comprada casa de (Brian) Jones, em Cotchford Farm, onde A.A. Milne havia composto Winnie the Pooh. Lá disseram a Jones que ele estava fora da banda. A atmosfera de velório da reunião foi difícil para todos, mas o tom foi civilizado e eles foram embora numa boa, com a ideia de anunciar a mudança à mídia. A edição de 14 de junho de Melody Maker falou da partida de Jones, do novo emprego de Taylor e do concerto de retorno planejado para o Coliseum de Roma para daí a menos de duas semanas, e que não aconteceu. Também anunciou um novo show gratuito no Hyde Park, a ser realizado em 5 de julho. Os Stones começavam a ensaiar com o novo guitarrista e a se preparar para entrar em estúdio outra vez. Em 3 de julho, Brian Jones morreu aos 27 anos de idade. Foi encontrado na piscina de sua casa.;

Exile on main street (1972), o melhor álbum?
;A densidade sonora do disco está em oposição com o despojamento da maioria das obras feitas para tocar no rádio pelos melhores grupos de rock. O único disco duplo dos Beatles (um homônimo de 1968, apelidado de The whilte album) foi recebido com o mesmo tipo de reação. A grande diferença é que os Beatles foram na horizontal em busca de sons, ao passo que os Stones mergulharam de cabeça na fonte.;

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