Diversão e Arte

Livro de David Gilmour revela a cinematográfica forma de educar

postado em 23/12/2011 08:02
A arte de David Cronenberg influenciou o escritor David Gilmour
Será uma boa escolha deixar um filho sair da escola? É isso que o canadense David Gilmour se perguntou quando decidiu fazer uma proposta ao jovem Jesse, na época com 16 anos e notas péssimas. O acordo era simples: ele poderia dormir até a hora que quisesse, não precisava pagar aluguel nem arrumar um emprego. Só tinha que ver três filmes durante a semana em companhia do pai. E, se por um acaso se metesse com drogas, o acordo estaria desfeito. Essa seria a proposta de educação dali por diante.

O menino, muito surpreso, topou o desafio e David, crítico de cinema e jornalista, não sabia se tudo aquilo daria certo, mas tentou. O resultado foi editado e virou O clube do livro. O fantasma da insegurança lhe ronda a cabeça em várias partes da obra que esmiuça essa experiência. Quando entrava em desespero, a imagem do filho pilotando um táxi amarelo e fumando maconha não lhe saía da cabeça. Pensamento que traduz a insegurança e a dificuldade que envolviam a insólita decisão de criar o filho.

;Eu não tive escolha. Ele mede 1,92m! Faltava pouco para me mostrar o dedo e dizer: f*! Eu não vou mais para a escola! Só vi o que era óbvio e me preveni;, conta David em entrevista publicada no YouTube, pela Intrínseca, editora do livro no Brasil. Outra coisa latente na história é o poder da surpresa: ;Você acha que conhece a pessoa porque mora com ela, mas ela acaba te surpreendendo;, completa David no livro. No meio dessas surpresas, está, por exemplo, Jesse ter preferido se tornar cineasta e voltar a estudar.

Pilhas de filmes
Os longas escolhidos vão desde o ;horrível , incompetente e doentio;, nas palavras do autor, Showgirls (1995), de Paul Verhoeven; passando por Os reis do iê-iê-iê (1964), de Richard Lester (sobre os Beatles); e O podereso chefão (1972), de Francis Ford Coppola. Ou seja, não havia nenhuma linha curatorial especificamente dita, de um jeito ou de outro. David estava mostrando o cinema para o filho e não apenas os grandes clássicos. Antes dos longas, o crítico dava um panorama e, por vezes, detalhes para prestar atenção.

O CLUBE DO FILME: De David Gilmour. Editora Intrínseca. 240 páginas. Preço: R$ 24,90.O livro é engrandecido pelo autor, que tem grande conhecimento cinematográfico. David é crítico de cinema e começou a carreira na área pela Canadian Broadcasting Corporation (CBC). Antes, trabalhava em um talk-show na CBC Newsworld. Por lá, fez diversas entrevistas. Entre elas, estão uma com George Harisson; outra com o diretor David Cronenberg (Senhores do crime) e mais uma com o roteirista William Goldman (Poder absoluto, de Clint Eastwood).

Quando fala sobre Por um punhado de dólares (1964), filme de Sergio Leone, protagonizado por Clint Eastwood, depois de enumerar as características que adora no ator e diretor (entre elas, o fato de ele não dizer ;ação!” e sim, em voz baixar, falar ;quando estiverem prontos.;), David conta algumas curiosidades: ;A proposta do filme estava circulando havia algum tempo. Charles Bronson recusara, dizendo que era o pior roteiro que já tinha lido. James Coburn não quis fazê-lo e Clint aceitou o papel por R$ 15 mil. Mas insistiu para enxugar o roteiro, pois achava que o filme ficaria mais interessante se seu personagem não falasse;, enfatiza.

Entre essas e outras passagens, o livro deixa de lado a insegurança de como criar um filho e vira também um guia interessante de filmes. Nas últimas páginas, há uma lista com a filmografia comentada no decorrer da história.

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