Diversão e Arte

Livros de fotos e textos passeiam pelos Palácios da Alvorada e do Planalto

postado em 24/12/2011 07:00
A escritora e pesquisadora Graça Ramos passou longo tempo sentada na Praça dos Três Poderes, olhando para o Palácio do Planalto. Teve um dia em que reparou as janelas do prédio onde a presidente despacha. Observou que elas pareciam um mural, refletindo o céu como se fossem pinturas. ;Pedi para a fotógrafa Graça Seligman fazer uma foto apresentando isso porque senão as pessoas achariam que eu sou louca;, contou sobre o trabalho feito em parceria com a xará para o livro Palácio do Planalto ; Entre o cristal e o concreto, lançado como mais um exemplar da coleção Memória, organizada pelo Instituto Terceiro Setor (ITS).

Graça Ramos, que foi por muitos anos repórter de grandes jornais e revistas, precisou cobrir pautas no Palácio do Planalto eventualmente. Desta vez, experimentou olhar para o edifício, tentando decifrá-lo e conhecer sua história. O resultou foi uma investigação reveladora principalmente no que pode significar simbolicamente um prédio complemente revestido de vidro ou da ;poética da transparência;, nas palavras da autora. ;Tentei transformar esse objeto lindo, escultórico e prismático em um personagem. O desenho dele, relacionado com a poética da transparência, diz muito do que se espera de um governo democrático, republicano e suas as ações públicas deixadas às claras;, definiu Graça.

O  Palácio da Alvorada e o Palácio do Planalto foram desfiados pelos olhares de Severino Francisco e Graça Ramos, num trabalho de preservação de memória

Outro livro da mesma série, Palácio da Alvorada ; Majestosamente simples, escrito pelo jornalista do Correio Severino Francisco, e ilustrado com fotografias também de Graça Seligman, está disponível nas estantes. ;O Palácio do Planalto e o Palácio da Alvorada são matrizes de projetos que Niemeyer usaria no resto da cidade. Eles são frutos da experimentação da arquitetura que ele vinha fazendo desde os projetos do Conjunto Arquitetônico da Pampulha, em Belo Horizonte. Brasília é realização do projeto modernista brasileiro iniciado em 1922;, resume Severino Francisco.

Em cada autor, seja das imagens seja dos textos, uma visão diferente dos edifícios é descortinada. ;Niemeyer é um grande escultor. Todas as composições dele têm muita leveza. Os projetos em Brasília valorizam o horizonte aberto e o céu. É um casamento fantástico, a integração da arquitetura com a natureza;, comenta a fotógrafa Graça Seligman sobre o caráter plástico dos prédios funcionais da cidade retratados nos cinco livros.

;O conhecimento da história da arquitetura modernista confere sentido e grandeza a Brasília. Os prédios não fazem uma cidade sozinhos, mas a arquitetura de Brasília tem essa dimensão. Ela nos coloca esse desafio e, na verdade, poucos se confrontam e estão à altura dele. Brasília não foi criada para ser uma cidade provinciana nem cosmopolita de terceira mão, como ocorre com os novos ricos;, constata Severino Francisco.

Aproveitando a carona dessas duas novas edições, foram relançados exemplares de Severino Francisco, publicados anteriormente na mesma série: Memorial dos Povos Indígenas ; Maloca moderna e Catetinho ; Palácio de Tábuas. Teatro Nacional Claudio Santoro, texto de Celso Araújo, e fotos de Rui Faquini, André Abrahão e Claudio Moraes, também faz parte dos volumes da coleção. Todas as edições são publicadas em inglês e português. O próximo edifício que deverá ser retratado na coleção Memória deve ser o Palácio do Itamaraty.


; A COLEÇÂO


PALÁCIO DA ALVORADA ; MAJESTOSAMENTE SIMPLES
Pesquisa e textos: Severino Francisco. Fotografia: Graça Seligman.

PALÁCIO DO PLANALTO ; ENTRE O CRISTAL E O CONCRETO
Pesquisa e texto: Graça Ramos. Fotografia: Graça Seligman.

CATETINHO ; PALÁCIO DE TÁBUAS
Pesquisa, textos e edição: Severino Francisco. Fotografia: André Abrahão.

MEMORIAL DOS POVOS INDÍGENAS ; MALOCA MODERNA
Pesquisa, textos e edição: Severino Francisco. Fotografias: André Abrahão.

TEATRO NACIONAL CLAUDIO SANTORO
Texto, pesquisa, entrevistas e edição: Celso Araújo. Fotos: Rui Faquini, André Abrahão, Claudio Moraes e Arquivo Público DF.


; DOIS TEMPLOS

;A caixa de vidro que parece suspensa na paisagem devido ao conjunto de colunas que apoiam e também ajudam a erguê-la resulta de desenho que alia ;simplicidade e nobreza;, nas palavras de Niemeyer. Revestidas de mármore branco texturizado, as colunas não possuem ornamentos. São em si elementos visuais ao evocar redes, velas de barco, que se movimentam no ar.;
Graça Ramos em Palácio do Planalto ; Entre o cristal e o concreto

;Oscar Niemeyer não gosta da palavra decoração aplicada à presença da arte em seus projetos. De fato, ele sempre buscou uma integração orgânica e indivisível entre a arte e a arquitetura, de modo que seja impossível separar uma da outra, sem desfigurar os seus prédios esculturais.;
Severino Francisco em Palácio da Alvorada ; Majestosamente simples

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