Diversão e Arte

Grandes exposições são uma ótima opção para se despedir de 2011

postado em 27/12/2011 09:17

Na contagem regressiva para o ano de 2012, ainda dá tempo de incluir, na lista de realizações, a visitação a exposições de primeira grandeza que ocupam galerias e museus da cidade. Algumas estão com os dias contados. Vale a pena conferir a arte política e feminina de Maria Bonomi no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), chocar-se com a beleza fotográfica de Hereros, no Museu Nacional Honestino Guimarães da República e refletir acerca das intervenções de arte contemporânea na Funarte. Há ainda um passeio histórico pela arte brasileira do início do século 20 na Caixa Cultural. O convite é para sair de casa e se despedir de 2011 com a emoção estética de se estar diante de uma obra de arte.

Mostra Hereros apresenta imagens da etnia homônima, que vive ao sul de Angola

Povo iluminado
No Museu Nacional Honestino Guimarães; há exposições fotográficas e de arte brasiliense, que ficam em cartaz até 2 janeiro. O fotógrafo Sérgio Guerra apresenta Hereros, mostra sobre a etnia homônima que vive ao sul de Angola, na região desértica do Namibe e Cunene. Trata-se do projeto fotográfico mais ambicioso do publicitário recifense. Para realizá-lo, o criador passou longos meses nos desertos até conquistar a confiança do povo capturado por suas lentes. As imagens impressionam o público. ;Amei o trabalho do Sérgio. A iluminação está perfeita. A gente se sente lá, na África. Fiquei curiosa para saber mais sobre o povo Herero e o fotógrafo;, diz Lidia Soraia Liberato, doutora em antropologia, que visitou a exposição antes do Natal. Em 2009, a mostra passou por Lisboa e Luanda com ampla repercussão. São cerca de 100 fotografias, além de vestimentas, adereços, utensílios e vídeos. Ao centro da exposição, uma mulher da etnia Muhakaona, em formato holográfico, recepciona e apresenta a mostra ao público. Aproveite o passeio para encher os olhos com a mostra Parque Nacional de Brasília ; 50 anos.

Desta terça a sexta (não funcionará no sábado e domingo), das 9h às 18h30, no Museu Nacional Honestino Guimarães (Complexo Cultural da República; Esplanada dos Ministérios). Até 31 de janeiro. Parque Nacional de Brasília ; 50 anos (até 2 de janeiro).

Arte do útero
Em cartaz até 8 de janeiro, a exposição Da gravura à arte pública, de Maria Bonomi, apresenta uma retrospectiva histórica das obras da artista, que congrega um extenso talento. Ela é gravadora, escultora, pintora, muralista, curadora, figurinista, cenógrafa e professora. A novidade da mostra são as pinturas feitas na infância, além de 20 esculturas inéditas. Ao todo, são cerca de 300 obras de Bonomi, considerada um dos expoentes da arte brasileira. Com curadoria de Jorge Coli, doutor em estética pela Universidade de São Paulo (USP), a exposição perpassa a arte política e pública, bem como o universo feminino. A artista, que foi amiga de Clarice Lispector e Cecília Meireles, aborda, na sala Útero, a banalização da feminilidade, o consumismo e a idiotização da mulher. Entre os temas políticos, Bonomi mostra-se preocupada com problemas atuais, como a ecologia e o meio ambiente. A mais importante gravurista do país também viveu tempos difíceis no passado. Italiana de Meina, testemunhou a Segunda Grande Guerra e foi presa, no Brasil, durante da ditadura militar. Na sala Calabouço, gravuras falam de torturas e crises.

Desta terça a sexta, das 9h às 21h, sábado, das 9h às 12h, domingo não funcionará, no Centro Cultural Banco do Brasil (SCES, Tc. 2; Lt. 22). Entrada franca

Tempo de ouro
Quem chega à Caixa Cultural é convidado a atravessar o portal do tempo e ir ao ambiente da mostra de arte que o Rio de Janeiro recebeu no início do século 20. O passeio pela mostra 1908 ; Um Brasil em exposição. ;O evento foi realizado para comemorar a abertura dos portos do Brasil para o livre comércio, porque, até 1808, ano da independência, nosso país só comercializava por meio de Portugal;, explica a curadora Margareth da Silva. Na época, a Exposição nacional atraiu mais de 1 milhão de pessoas, oferecendo ao público estandes e pavilhões temáticos para cada Estado da Federação. ;A preparação da cidade do Rio de Janeiro foi semelhante ao que estamos fazendo hoje às vésperas dos grandes eventos esportivos, como a Copa e as Olimpíadas;, compara a curadora. Ela ressalta que a exposição também leva o público a refletir sobre a noção que o brasileiro tem do próprio país. ;Em 1908, a Exposição nacional foi um retrato do país, o primeiro grande balanço do Brasil para os brasileiros;, pontua. Aproveite a visita e veja a retrospectiva do inclassificável Bernardo Cid e as tipocriaturas de Oded Ezer.

Desta terça a sexta (não funcionará no sábado e domingo), das 9h às 21h), na Caixa Cultural (SCS). Até 26 de fevereiro. Tipocriaturas ; Oded Ezer (até 8 de janeiro).

Sons da rua
Mestre em Poéticas Contemporâneas pela Universidade de Brasília (UnB), o chileno Rodrigo Paglieri ocupa a marquise do Complexo Cultural Funarte com a mostra Passagem de som. Contemplada pelo Prêmio Funarte de Arte Contemporânea 2011, a obra convida à reflexão acerca das relações entre arquitetura, urbanismo e as formas de ocupação do homem no espaço da cidade modernista. A exposição consiste numa gravação do som ambiente do centro do Rio de Janeiro reproduzida por caixas de áudio 5.1 dispostas ao longo da marquise. ;É uma sobreposição de realidades. A intenção era colocar gente num espaço urbano vazio. O local é aberto e, por ali, passam poucos pedestres, mas a instalação sobrepõe outra realidade com um emaranhado de sons que só existe em bares, no caso de Brasília, ou nas ruas dos grandes centros urbanos;, descreve Paglieri.As obras de Paglieri são sempre voltadas para a intervenção urbana e a arte pública. Ele admite sofrer influências do situacionismo, movimento cultural de crítica política e social, iniciado em 1957, que via a arte como parte da construção da vida cotidiana, e não uma atividade especializada.

Desta terça a domingo, das 9h às 21h), na marquise do Complexo Cultural Funarte (SCS). Até 8 de janeiro.

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