Painel da produção cinematográfica brasileira contemporânea, a Mostra de Tiradentes (MG) chega à 15; edição em 2012. A programação (de 20 a 28 de janeiro) gira em torno do tema O ator em expansão, e homenageia os 30 anos de carreira de Selton Mello, com retrospectiva de alguns filmes do intérprete, como Lavoura arcaica, de Luiz Fernando Carvalho, e o recente O palhaço, do qual é também diretor. Na seleção de curtas-metragens, que distribui 84 produtos de 12 estados em seis segmentos de exibição, três produções brasilienses (duas delas premiadas no último Festival de Brasília do Cinema Brasileiro) e uma coprodução com Minas Gerais representam a capital federal. Outros títulos que passaram por Brasília também marcam presença: Ovos de dinossauro na sala de estar, de Rafael Urban (PR); Três vezes por semana, de Cris Reque (RS); L, de Thais Fujinaga (SP) ; favorito da crítica e grande vencedor da categoria, com Candangos de melhor filme e direção, e a animação Sambatown, de Cadu Macedo (SP). A lista dos longas-metragens em competição só será anunciada em 11 de janeiro.
Os rebentos de Brasília estão espalhados em quatro dos seis circuitos de projeção. Natural de Patos de Minas, Cássio Pereira dos Santos, formado na UnB, apresenta A mulher no alto do morro, inscrito na mostra Foco (competitiva). Na Mostrinha, a estreante Bruna Carolli exibe Sonhando passarinhos, que esteve na seleção da Mostra Brasília deste ano. Para a cineasta de 23 anos, a viagem representa uma rara oportunidade de diálogo com diretores de outras partes do país. ;Meu filme ficou marcado como infantil. E fico curiosa para saber como os outros realizadores pensam e fazem esse tipo de cinema. A gente que trabalha com isso tem cada um seu próprio mundo. Lá, você tem a chance de também conhecer o mundo do outro;, revela Carolli.
Com a bênção do Candango
André Miranda, escalado na mostra Curta na Praça, leva seu quarto filme, Deus, primeiro colocado no Troféu Câmara Legislativa, prêmio exclusivo do Festival de Brasília para produções do DF. Segundo ele, a vocação de Tiradentes é fornecer um espaço para a experimentação de linguagem e para o compartilhamento de modos de fazer cinema. Ele pretende voltar para Brasília com a agenda lotada de novos contatos e a bagagem cheia de DVDs de colegas cineastas. ;Tem essa aura de ser o festival que acolhe o novo cinema brasileiro. O glamour é substituído pela experiência do coletivo, na qual os diretores trocam cópias entre si. Há um intercâmbio que aqui, no Festival de Brasília, é falho. Já tivemos mais isso. Pelo menos a minha experiência é de um contato mínimo, apenas no hotel;, compara Miranda, 28 anos.
A novata Rafaela Camelo, 26 anos, sempre se surpreende quando começa a falar sobre a caminhada vitoriosa de seu primeiro filme, A arte de andar pelas ruas de Brasília. ;A repercussão que teve e está tendo é uma grande surpresa. Só me motiva a ter próximos projetos. Tudo aconteceu muito rápido com ele;, ela diz. O curta ficou em segundo lugar no Troféu Câmara e, no mês passado, saiu do Festival Mix Brasil da Diversidade Sexual com menção de melhor direção de arte, de Tiago Vaz. Selecionada na mostra Jovem de Tiradentes, Rafaela está curiosa para conhecer o ambiente democrático e amistoso do festival. ;A seleção é enorme, abrange títulos de várias regiões, em vários formatos. A forma como é organizada também é interessante, em várias mostras paralelas. Sou muito nova nessa história de festivais. Estou descobrindo um mundo maravilhoso. Vai ser muito bacana estar lá, conhecer outros realizadores, levar para casa cópias dos filmes;, ela explica.