Diversão e Arte

Brasília entra definitivamente na rota das turnês mundiais

A cidade entrou de vez no cenário internacional, com shows de estrelas como Ringo Starr, Ozzy Osbourne, Avril Lavigne e Rihanna

postado em 31/12/2011 08:00
Na noite de 4 de agosto, uma quinta-feira, o brasiliense se viu obrigado a fazer uma escolha difícil: teve que se decidir por um entre três shows internacionais, realizados praticamente no mesmo horário. Não para a surpresa dos produtores locais, que investem progressivamente em turnês estrangeiras, as apresentações da diva Dionne Warwick, da roqueira Avril Lavigne e da banda oitentista Erasure comprovaram que existe uma plateia numerosa e diversificada em Brasília ; e que essa multidão, com alto poder aquisitivo, justifica o congestionamento de astros. No ano do Rock in Rio 4 e da segunda edição do SWU, a cidade entrou no itinerário de 50 ídolos estrangeiros.

Apesar do preço dos ingressos (que chegaram a R$ 1.180, valor da cadeira premium de Sade) e da falta de espaços adequados para shows, não foi preciso comprar passagens aéreas para assistir aos hits de Shakira, Rihanna, Jack Johnson e Backstreet Boys. Os fãs de metal tiveram a chance de encontrar alguns dos principais ídolos do gênero, de Iron Maiden a Ozzy Osbourne; enquanto que os adolescentes conferiram Paramore e Avril Lavigne. No clímax de uma temporada de astros, um beatle fez escala no Planalto Central: em novembro, Ringo Starr cantou clássicos como Yellow submarine e With a little help from my friends no Centro de Convenções Ulysses Guimarães.

R$ 10.675
Valor gasto para comprar ingressos mais baratos de todos os shows internacionais realizados em Brasília em 2011


A cidade entrou de vez no cenário internacional, com shows de estrelas como Ringo Starr, Ozzy Osbourne, Avril Lavigne e Rihanna
PARAMORE, 19 de fevereiro

; No Twitter, a vocalista Hayley Williams fez a provocação: ;Os brasilienses estão prontos para perder a cabeça esta noite?; No ginásio Nilson Nelson, 5 mil adolescentes não a decepcionaram. Com apelo teen, e turbinado pelo corre-corre incessante da cantora de cabelos vermelhos, a banda americana deixou boa impressão até para quem não estava familiarizado com os hits do grupo. Não era a maior parte da plateia. Músicas como Decode, Pressure e Playing God foram acompanhadas aos berros. Na última música, Hayley convidou um fã para subir ao palco e cantar com ela.

A cidade entrou de vez no cenário internacional, com shows de estrelas como Ringo Starr, Ozzy Osbourne, Avril Lavigne e Rihanna
SHAKIRA, 25 de março

; Uma tempestade que caiu em Brasília na noite de 17 de março adiou a apresentação da cantora colombiana. Shakira voltou à cidade uma semana depois, no estacionamento do Mané Garrincha. Para 15 mil fãs, valeu esperar: de pés descalços e figurino quase discreto, a musa latina preferiu dispensar os efeitos especiais e, em apresentação valorizada por um telão eficiente, investir quase tudo nas coreografias e no tête-a-tête com a plateia ; quase sempre em português. No repertório, os hits antigos foram substituídos por sucessos menos empoeirados, como Hips don;t lie, She wolf, Loca e Waka waka. Em setembro, Shakira foi uma das atrações principais do Rock in Rio 4.







A cidade entrou de vez no cenário internacional, com shows de estrelas como Ringo Starr, Ozzy Osbourne, Avril Lavigne e Rihanna
IRON MAIDEN, 30 de março

; Dois anos depois de uma turnê que reuniu os maiores sucessos da carreira, a banda britânica de heavy metal voltou à cidade com um show menos saudosista ; e ainda potente ;, que alternou faixas do disco mais recente, The final frontier (2010), e clássicos do rock pesado, como 2 minutes to midnight e The number of the beast. Espetáculo visual à parte, o momento de comoção ficou a cargo do vocalista Bruce Dickinson, que se emocionou ao falar da tragédia nuclear de Fukushima, no Japão, e dos tsunamis que castigaram a Ásia no início de março. ;Somos todos irmãos de sangue;, bradou o piloto da Donzela de Ferro, diante de 12 mil súditos, no estacionamento do Mané Garrincha.

OZZY OSBOURNE, 5 de abril

; Em 2011, os palcos de Brasília foram generosos com a comunidade metaleira: além de Iron Maiden e Mot;rhead, Whitesnake e Judas Priest também vieram tocar na capital. Entre os astros do gênero, nenhum foi acolhido com tanto entusiasmo quanto o vocalista do Black Sabbath, que, aos 62 anos, mostrou que ainda é capaz de conduzir um espetáculo com a energia (e o bom humor) que justificam o título de Príncipe das Trevas. Os 11 mil fãs, que o receberam com gritos de ;olê, olê, olê; Ozzê, Ozzê;, foram presenteados com cinco músicas do disco Paranoid (1970), um dos principais do Sabbath. ;Vocês são mágicos;, derreteu-se o cantor.

MOT;RHEAD, 22 de abril

; O musculoso e ensurdecedor heavy metal dos britânicos chegou em clima de retrospectiva: uma coletânea de clássicos, como Ace of spades, Going to Brazil, Iron fist e Killed by death, atravessou o show, protagonizado pelo bigodudo Lemmy Kilmister, fundador e frontman desde a criação do grupo, há 35 anos. A barulheira da guitarra de Phil Campbell, dono de solos demorados, também respondeu pelos melhores minutos da etapa brasiliense da turnê The w;rld is yours. Títulos menos conhecidos, como o single Get back in line, levaram à plateia um pouco do vigésimo disco de estúdio dos roqueiros, que dá nome à jornada de apresentações. Os caubóis ainda estão em boa forma.

A cidade entrou de vez no cenário internacional, com shows de estrelas como Ringo Starr, Ozzy Osbourne, Avril Lavigne e Rihanna
JACK JOHNSON, 25 de maio

;Empunhando guitarra e violão e se movimentando timidamente no palco, o havaiano, que veio para o Brasil de cabelo curto, fez uma performance de uma nota só. O setlist de sucessos e novidades, tiradas do novo disco, To the sea, ganhou força em alguns momentos ; hits como Sitting, waiting, wishing e Times like these encorajaram o público de 12 mil pessoas a cantar com ele ;, mas as canções menos conhecidas serviram apenas como uma romântica trilha sonora para os fãs. A noite foi também de defesa de causas ambientais: na turnê de Johnson, a produção economizou na utilização de plástico.

A cidade entrou de vez no cenário internacional, com shows de estrelas como Ringo Starr, Ozzy Osbourne, Avril Lavigne e Rihanna
AVRIL LAVIGNE, 4 de agosto

; No show de encerramento da etapa brasileira da The black star tour, a estrela teen canadense encontrou em Brasília uma plateia apenas respeitosa, com 8 mil pessoas que só se manifestaram em hits como Sk8er boy e Complicated. A desenvoltura da cantora, no entanto, não decepcionou: sem efeitos cênicos, vestindo uma camisa da turnê, ela se garantiu ao piano e ao microfone, no ginásio Nilson Nelson. Além de interpretar a música do filme Alice no País das Maravilhas, convenceu com uma versão para Fix you, do Coldplay.

A cidade entrou de vez no cenário internacional, com shows de estrelas como Ringo Starr, Ozzy Osbourne, Avril Lavigne e Rihanna
RIHANNA, 21 de setembro

; A musa entrou no palco sem demora ; ao contrário do que faria três dias depois, no Rock in Rio, já madrugada adentro ; e comandou uma performance de 90 minutos, cheia de energia, sensualidade e hits (California king bed, Umbrella e tantos outros). As 9 mil pessoas dividiram o microfone com Rihanna durante todo o espetáculo, iluminado por projeções de imagens da caribenha e enevoado por canhões de fumaça. A sonoridade de pista de dança ; a presença de um time de dançarinos foi marcante ; não mascarou a bonita voz, sobretudo nos singles. Quem foi certamente não saiu do chão.

SADE, 25 de outubro

; Na primeira viagem ao país, a nigeriana radicada na Inglaterra trouxe para a capital seu repertório de jazz, soul e r, iniciado há 27 anos, com o disco Diamond life. Com faixas conhecidas do debute, como Your love is king e Smooth operator, a cantora inspirou aplausos após cada música, mas, talvez pela popularidade um pouco distante dos dias atuais, conquistada lá nos 1980, a diva soltou a voz praticamente sozinha, sem o coro de boa parte dos 5 mil fãs. A ambientação onírica, composta de projeções que sugeriram cenários diferentes para cada número, formou um par perfeito com Sade e banda.

RINGO STARR, 18 de novembro

; "Esse deve ser o único lugar do mundo que se chama Brasília, Brasil", disse o britânico, no início de um show nostálgico e vigoroso. Diante de 2,8 mil pessoas, o ex-Beatles, acompanhado da All Star Band, animou o público com as canções atemporais do fabuloso quarteto ; como Photograph e I wanna be your man; e também executou um repertório autoral ; It don;t come easy, da carreira solo, abriu os trabalhos. As quase duas horas de apresentação motivaram até cartazes com os dizeres "Ringo, we love you" e "Ringo, please sing Photograph". Apesar da tentativa de invasão de uma fã, perto do fim, a visita do baterista mais conhecido da música pop foi de paz e amor.

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