Nahima Maciel
postado em 02/01/2012 08:00
Na literatura brasileira, 2011 não trouxe revelações, mas confirmou expectativas plantadas em anos anteriores. As boas novas vieram de autores há muito calados. Rubens Figueiredo não publicava romance há oito anos e Ferreira Gullar, há 12. Acabaram premiados. A safra trouxe boas confirmações: Adriana Lunardi publicou o segundo livro e confirmou a veia fatalista tão bem costurada na primeira experiência em 2007 e Michel Laub fez um dos livros mais duros e precisos de sua trajetória.
Não houve polêmica no Prêmio Jabuti de 2011: a Câmara Brasileira do Livro mudou as regras e eliminou o segundos e o terceiro colocados. A medida evitou que os premiados em segundo lugar fossem escolhidos como ;livro do ano;.
Já a literatura estrangeira no Brasil teve em 2012 um ano importante. A presença de autores de outras línguas tomou conta da Festa Literária Internacional de Paraty (Flip), que, anos após ano, firma-se como plataforma de lançamentos comerciais. Lá estiveram o norte-americano James Ellroy, a argentina Pola Oloixarac, o sentimental português Valter Hugo Mãe e o francês Claude Lanzmann, que, após atrito com o moderador da sua palestra, foi até chamado de nazista pelo curador da Flip, Manuel da Costa Pinto.
Distante das polêmicas, as prateleiras receberam novidades de várias nações. De terras lusitanas e falantes do português, chegaram novos títulos de Gonçalo M. Tavares (coleção O bairro), Mia Couto (E se Obama fosse africano?), além de novidades de António Lobo Antunes (As coisas da vida) e um livro perdido de José Saramago (Claraboia), escrito pelo único Nobel da literatura portuguesa nos anos 1950. Outros vencedores da prestigiada honra literária divulgaram inéditos no Brasil, como o turco Orhan Pamuk (O museu da inocência) e o peruano Mario Vargas Llosa (A festa do
bode, O sonho do celta). O argentino Ricardo Piglia (Alvo noturno) foi um dos principais nomes da escrita latina no ano. Cultuados autores de língua inglesa, como Don DeLillo (Ponto ômega), Martin Amis (A viúva grávida) e Hilary Mantel (Wolf hall) e os best-sellers George R. R. Martin (saga As crônicas de gelo e fogo) e David Nicholls (Um dia) foram destaque.
No início de dezembro, uma notícia confirmou a importância das publicações de outros países para o mercado nacional, quando a tradicional editora britânica Penguin tornou-se dona de 45% da Companhia das Letras. Ao que parece, leitor e editor brasileiros compram e vendem letras escritas em qualquer língua.