Agência France-Presse
postado em 02/01/2012 19:15
PARIS - Estrela, apesar da relutância, Brigitte Bardot construiu a legenda de uma independência selvagem, desistindo da carreira de atriz pela defesa dos animais: o "mistério Bardot" é descrito numa nova biografia elogiosa da ex-artista francesa.Nas páginas de "Brigitte Bardot, plein la vue" (Flammarion), ou Brigitte Bardot para encher os olhos, numa tradução livre, Marie-Dominique Leli;vre, do jornal Libération, apresenta o retrato de um ícone, assumindo sua admiração "pela trajetória, a ousadia e a coragem" da mulher.
"De todos os personagens sobre os quais escrevi, Bardot é o mais complexo, mais que (o cantor Serge) Gainsbourg ou (o estilista Yves) Saint Laurent", disse à AFP Marie-Dominique Leli;vre, uma apaixonada pelos arautos da cultura francesa pop.
"Optei por não me encontrar com Brigitte Bardot porque ela exigiria uma releitura do que eu escrevesse. Pesquisei sobre as relações profissionais e de amizade que ela misturou com frequência", acrescentou Leli;vre.
"Criatura gerada pela vontade de outros", sex symbol dos anos ;Sixties; é apresentada, principalmente, como mulher livre, "rejeitando as obrigações e porta-voz de uma geração", estima a autora, passando em revista os amores de B.B. entre eles os quatro maridos sucessivos (Roger Vadim, Jacques Charrier, Gunter Sachs e o atual, Bernard d;Ormale).
Para Marie-Dominique Leli;vre, Bardot foi presa muito cedo da celebridade, "o que a fechou no vazio vertiginoso de seu próprio reflexo".
"Bardot diz e faz o que pensa, sem satisfações a dar, encerrada nela mesma (...)", acrescenta a autora que a descreve hoje como reclusa, fora do próprio tempo e da sociedade.
"Com uma carreira devoradora, ela se saiu da melhor forma possível. O ódio ao gênero humano é um antídoto. Possui todos os defeitos e todas as virtudes dos franceses (...) Com sua forma decidida, de grande dama, ela defende os animais, desafiando o ridículo. Sob sua influência, costumes e leis evoluem", destaca a autora.
Sabe-se que Brigitte Bardot sujeita-se aos impostos sobre sua fortuna, administrando seus bens com sagacidade, o que lhe permite viver confortavelmente, embora tenha doado a maior parte das posses à sua fundação para os animais.
A autora passa de leve nas condenações da ex-estrela por incitação ao ódio racial e por sua estigmatização da comunidade muçulmana, regularmente questionada pelo sacrifício de carneiros na festa do A;d.
"Sua maneira de envelhecer, enfrentando a idade de frente, numa época que esconde a velhice, é uma marca de de coragem", destaca Marie-Dominique Leli;vre.
"Bardot é uma rainha. Pode-se abandoná-la, mas nunca destroná-la".