postado em 09/01/2012 08:00
; Cyntia Dutra - Especial para o CorreioEm homenagem ao compositor e maestro Jorge Antunes, que completa 70 anos de vida e 50 anos de carreira em 2012, a Rádio MEC do Rio de Janeiro oferece um especial com obras compostas pelo músico. A série do programa Eletroacústicas vai ao ar à meia-noite, às quartas-feiras. Até o dia 25, os ouvintes de Brasília poderão acompanhar obras eletrônicas selecionadas com comentários do próprio compositor, na frequência 800 kHz AM ou por meio dos podcasts publicados no endereço http://radiomec.com.br/eletroacusticas/podcast/.
O interesse de Jorge Antunes pela música eletrônica despertou-se ainda na juventude, quando ele compôs as primeiras obras eletrônicas brasileiras, Pequena peça para mi bequadro e Harmônicas, em 1961, e Valsa sideral, em 1962. Na mesma época, o músico ingressou no curso de física da Faculdade Nacional de Filosofia e adquiriu experiência construindo geradores, filtros, moduladores e outros equipamentos eletrônicos. A partir de então, destacou-se desde cedo como precursor da música eletrônica no Brasil.
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Rodrigo Cicchelli, produtor do programa Eletroacústicas, afirma que o maestro é uma figura central da música contemporânea brasileira. ;Aproveitamos essa homenagem para difundir obras do compositor que merecem destaque;, observa. Os primeiros programas da série apresentam quatro obras recentes, produzidas a partir de pesquisa realizada por Jorge Antunes acerca da comunicabilidade musical. ;Ele chegou à conclusão de que parte do problema do afastamento da música contemporânea em relação ao público poderia ser sanado se os compositores fizessem mais uso das figuras de linguagem;, explica Cicchelli. Anaforepistrofia para Gustavo Adolfo e Quiasmia para Jimenez serão tocadas e comentadas no Eletroacústicas desta quarta. As peças homenageiam os poetas cujos nomes e poemas são citados.
Segundo Jorge Antunes, a obra Insubstituível 2;, apresentada no programa do dia 18, é dedicada a Iberê Gomes Grosso. ;Quando comecei a trabalhar com eletroacústica, fui convidado para dar aula no Instituto Villa-Lobos, da UniRio. Eu era jovem, e a maioria dos professores, homens bem mais velhos, me olhava com desconfiança. O único da velha guarda que se interessou pelo meu trabalho foi o Iberê;, relembra.
Também no dia 18, serão apresentadas Proudhonia, que utiliza texto do filósofo anarquista francês Proudhon, e Invocação em defesa da máquina, uma paródia à obra de Villa-Lobos, Invocação em defesa da pátria. ;Foi uma brincadeira que fiz com esse grande compositor, muito ligado ao civismo, ao Estado Novo e a Getúlio Vargas. Ele era da onda do nacionalismo, enquanto eu defendia o internacionalismo. A defesa da máquina se refere à mistura dos sons de instrumentos tradicionais aos eletrônicos;, esclarece.
As últimas obras serão apresentadas em 25 de janeiro. Mixolydia foi composta para teremin, primeiro instrumento musical projetado para produzir sons sem precisar de contato físico, sendo executado com o movimento das mãos no ar. ;É um instrumento bastante raro, exceto na Rússia, onde foi criado por volta de 1920;, ensina o maestro. E, para terminar a série, o programa apresenta Toccata irisée, feita sob encomenda para o Groupe de recherches musicales, da Radio France. ;O pedido era que eu produzisse algo para material sonoro brasileiro, por isso a peça foi composta para marimba e cuíca;, explica.
ELETROACÚSTICAS
Quarta-feira, meia-noite, na frequência 800 kHz AM.