Diversão e Arte

Clara Nunes ganha homenagem com uma série de shows, vídeos e mesa-redonda

Irlam Rocha Lima
postado em 12/01/2012 08:23
Clara Nunes foi a primeira cantora brasileira a atingir a marca de 300 mil discos vendidos. Ao morrer, em 2 de abril de 1983, ostentando a condição de uma das maiores estrelas da MPB, deixou um legado de 16 LPs ; relançados, no formato de CD, 14 anos depois ;, 230 músicas gravadas e incontáveis sucessos. Pesquisadora e profunda conhecedora do folclore, das danças e das tradições afro-brasileiras e convertida à umbanda, ela volta a ser homenageada pela Portela neste ano, com o samba-enredo Sonho de carnaval.

Antes, porém, ela ganha tributo no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), com o projeto Contos de areia ; 70 anos de Clara Nunes. Na abertura hoje (com direito a bis, amanhã), às 21h, vão se apresentar artistas de diferentes gerações: o veterano cantor e compositor carioca Monarco e a novata cantora paulistana Verônica Ferriani. A série de seis espetáculos prosseguirá até o dia 29, sempre de quinta-feira a domingo.

Contos de areia oferece um extenso e variado painel do repertório de Clara, que reúne músicas de diferentes gêneros e fases, compostas por mestres como Vinicius de Moraes, Cartola, Nelson Cavaquinho, Candeia, Sivuca, João Nogueira, Chico Buarque, João Bosco e Paulo César Pinheiro. A canção da qual se originou o título da série, porém, tem a assinatura dos poucos conhecidos Romildo e Toninho Nascimento.

No sábado e no domingo, sobem ao palco do CCBB as cantoras e compositoras Joyce e Teresa Cristina. Até o fim de janeiro, virão Délcio Carvalho e Maíra Freitas (19 e 20); Nei Lopes e Nilze Carvalho (21 e 22); Mariene de Castro e Pedro Miranda (26 e 27); Elton Medeiros e Fabiana Cozza (28 e 29). Eles serão acompanhados pela banda formada por Luís Filipe de Lima (violão sete cordas, arranjos e direção musical), Pedro Amorim (bandolim e cavaquinho), Zé Luiz Mia (baixolão), Alexandre Maionese (flauta), Cláudio Brito, Paulino Dias e Thiago da Serrinha (percussão).

Coisas da antiga

Em meio aos shows, serão exibidos pequenos vídeos que revelam um mosaico de histórias e impressões sobre Clara. São pontos de vista de pessoas próximas, como Sérgio Cabral, Adelson Alves, Guinga, Alcione e Agnaldo Timóteo; dos cantores participantes do projeto e de pessoas ouvidas na rua. Quem quiser saber mais sobre a homenageada poderá assistir à mesa-redonda, na próxima semana, com a participação do pesquisador e produtor Hermínio Bello de Carvalho, do cantor e compositor Nei Lopes e do jornalista Vagner Fernandes (biógrafo da cantora).

Luís Filipe de Lima, que divide a curadoria de Contos de areia com Mônica Ramalho, diz que a ideia desta maratona musical foi trazê-la para o tempo presente. ;Clara permanece viva na memória de quem acompanhou sua trajetória. Há muitos jovens que conhecem parte do seu repertório por meio de pesquisa na internet. Nos seis shows da série ; cada um com 16 canções ;, eles terão uma noção mais abrangente do que foi deixado por essa grande intérprete;, acredita o músico, que fez novos arranjos para todas elas.

Do repertório da abertura do projeto, farão parte Jardim da solidão, Rancho da primavera e Vai, amor, compostas por Monarco ; a última em parceria com Walter Rosa. Integrante da Velha Guarda da Portela, ele conheceu Clara no começo da carreira da cantora. ;Fomos apresentados pelo radialista Adelson Alves, nos corredores da Odeon (atual EMI Music), e nos tornamos amigos. Uma amizade que se acentuou na Portela. Nos desfiles da escola, ela saía sempre no chão, esbanjando alegria. Subiu no carro apenas quando ajudou a puxar os sambas-enredos de Ilu Ayê Odara, de 1972, e Macunaíma, de 1975;, recorda-se Monarco.

Verônica Ferriani revela que o conhecimento sobre o legado de Clara Nunes vem de pesquisas feitas, ouvindo discos, assistindo a vídeos. ;Canto sempre alguns sambas gravados por ela nas rodas de samba que participo em São Paulo e no Rio de Janeiro. Clara é uma importante referência para minha geração.;

Quando vim de Minas (Xangô da Mangueira), Você passa e eu acho graça (Ataulfo Alves e Carlos Imperial), Guerreira (João Nogueira e Paulo César Pinheiro) e Tristeza pé no chão (Armando Fernandes) estão entre as músicas que Verônica vai cantar no show. Com Monarco, ela interpretará, no encerramento do show, Conto de areia (Romildo e Toninho Nascimento) e Portela na avenida (Mauro Duarte e Paulo César Pinheiro).

Contos de areia ; 70 Anos de Clara Nunes

Show de abertura com Monarco e Verônica Ferriani hoje e amanhã, às 21h, no Centro Cultural Banco do Brasil (Setor de Clubes Sul). Ingressos: R$ 6 e R$ 3 (meia-entrada para estudantes, professores, maiores de 60 anos e clientes do Banco do Brasil). Não recomendado para menores de 14 anos. Informações: 3108-7600.

Vem aí:

Sábado e domingo
; Joyce e Teresa Cristina

19 e 20
; Délcio Carvalho e Maíra Freitas

21 e 22
; Nei Lopes e Nilze Carvalho

26 e 27
; Mariene de Castro e Pedro Miranda

28 e 29
; Elton Medeiros e Fabiana Cozza

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